A vaga chegou 12 dias depois. Era tarde. Valdelino Osni da Rosa, 22 anos, morador do Bairro Vila Nova, em Palhoça, na Grande Florianópolis, já tinha sido assassinado. Não deu tempo de ser internado. O crack o matou antes de a família conseguir uma vaga para internação.
– Meu guri já estava jurado de morte há tempo. Eu ia interná-lo, mas não tinha vaga. Hoje ele poderia estar lá, se recuperando – resigna-se a mãe, a dona de casa Valdelina Dalila da Rosa, 48 anos.
Valdelino gostava de tocar violão, domar cavalos no rodeio, namorar. Era alegre. Meio infantil até. Segundo a mãe, ele tinha pequena deficiência mental, quem sabe agravada pelo consumo da pedra. Amoroso com a família, o rapaz não sabia dizer não aos amigos. Fazia tudo o que pediam. Até que conheceu o crack e sua vida mudou. Encontrou a morte ao experimentá-lo. Não conseguiu parar. Envolveu-se com um grupo de amigos que furtava e roubava. Morreu nas mãos dos próprios companheiros do crime por causa do sumiço de um carrinho-de-mão furtado.
Os jovens que conhecia o agrediram até a morte. O corpo foi encontrado no dia 1º de maio jogado em uma vala. A 30 metros de distância foi deixado o corpo de Magaiver da Silva, 19 anos. A mãe, assim como outras tantas que perdem filhos vítimas do uso e do tráfico de drogas, diz que o crack tirou a vida de seu filho. Valdelino ficou quase dois anos preso acusado de roubo. A mãe desconfia que ele conheceu o crack na cadeia. Foi morto quando estava em liberdade provisória. O principal suspeito seria um jovem envolvido com o tráfico de crack.
– Se não tivesse essa droga, ele estaria vivo. Não tenho dúvida disso. Ele não fazia mal a ninguém. Só a ele mesmo – lamenta Valdelina.
A dificuldade para encontrar vagas para internações em hospitais públicos e particulares para dependentes de crack assola não só a mãede Valdelino. A demanda é maior que a capacidade oferecida no Estado. Santa Catarina conta com cerca de 400 leitos para dependentes químicos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Destes, 40 ficam no Instituto de Psiquiatria de Santa Catarina (IPQ), em São José, na Grande Florianópolis. A própria Secretaria de Estado da Saúde reconhece a necessidade de, no mínimo, 300 novos leitos para atender aos pacientes.
A dura realidade para quem busca tratamento no Estado é antiga. Não fossem as comunidades terapêuticas e os convênios com prefeituras, Judiciário e Ministério Público, familiares e pacientes dificilmente conseguiriam atendimento. A principal instituição pública com especialização em receber pacientes com dependência química é o IPQ. O local oferece 40 vagas a dependentes, quantidade considerada insuficiente levando em conta apenas a demanda na própria região da Capital. Para agravar a situação, o IPQ está em reformas e 20 leitos da ala de dependentes estão desativados temporariamente.
Além do IPQ, há no Estado outros 14 hospitais gerais com bloco psiquiátrico que podem receber pacientes com dependência química. Mas nem todos recebem usuários de crack porque esse tipo de paciente é considerado problemático. Outra barreira é a falta de profissionais especializados.
O atendimento pós-desintoxicação é feito nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) em Joinville, Chapecó, Criciúma, Blumenau, Itajaí, Caçador e Florianópolis. A Secretaria de Saúde promete criar novos Caps em Jaraguá do Sul (Norte), Tubarão (Sul) e Florianópolis. Segundo a coordenadora estadual de Saúde Mental da secretaria, Elisia Puel, o Estado tem reservados R$ 3 milhões para reforço a alas psiquiátricas dos hospitais em 2009 e 2010.
As comunidades terapêuticas hoje são a grande alternativa para tratamento de pacientes. Credenciadas pelo Conselho Estadual de Entorpecentes (Conen), são cerca de 100 pelo Estado, geralmente distantes de áreas urbanas.
Fonte: Diário Catarinense
– Meu guri já estava jurado de morte há tempo. Eu ia interná-lo, mas não tinha vaga. Hoje ele poderia estar lá, se recuperando – resigna-se a mãe, a dona de casa Valdelina Dalila da Rosa, 48 anos.
Valdelino gostava de tocar violão, domar cavalos no rodeio, namorar. Era alegre. Meio infantil até. Segundo a mãe, ele tinha pequena deficiência mental, quem sabe agravada pelo consumo da pedra. Amoroso com a família, o rapaz não sabia dizer não aos amigos. Fazia tudo o que pediam. Até que conheceu o crack e sua vida mudou. Encontrou a morte ao experimentá-lo. Não conseguiu parar. Envolveu-se com um grupo de amigos que furtava e roubava. Morreu nas mãos dos próprios companheiros do crime por causa do sumiço de um carrinho-de-mão furtado.
Os jovens que conhecia o agrediram até a morte. O corpo foi encontrado no dia 1º de maio jogado em uma vala. A 30 metros de distância foi deixado o corpo de Magaiver da Silva, 19 anos. A mãe, assim como outras tantas que perdem filhos vítimas do uso e do tráfico de drogas, diz que o crack tirou a vida de seu filho. Valdelino ficou quase dois anos preso acusado de roubo. A mãe desconfia que ele conheceu o crack na cadeia. Foi morto quando estava em liberdade provisória. O principal suspeito seria um jovem envolvido com o tráfico de crack.
– Se não tivesse essa droga, ele estaria vivo. Não tenho dúvida disso. Ele não fazia mal a ninguém. Só a ele mesmo – lamenta Valdelina.
A dificuldade para encontrar vagas para internações em hospitais públicos e particulares para dependentes de crack assola não só a mãede Valdelino. A demanda é maior que a capacidade oferecida no Estado. Santa Catarina conta com cerca de 400 leitos para dependentes químicos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Destes, 40 ficam no Instituto de Psiquiatria de Santa Catarina (IPQ), em São José, na Grande Florianópolis. A própria Secretaria de Estado da Saúde reconhece a necessidade de, no mínimo, 300 novos leitos para atender aos pacientes.
A dura realidade para quem busca tratamento no Estado é antiga. Não fossem as comunidades terapêuticas e os convênios com prefeituras, Judiciário e Ministério Público, familiares e pacientes dificilmente conseguiriam atendimento. A principal instituição pública com especialização em receber pacientes com dependência química é o IPQ. O local oferece 40 vagas a dependentes, quantidade considerada insuficiente levando em conta apenas a demanda na própria região da Capital. Para agravar a situação, o IPQ está em reformas e 20 leitos da ala de dependentes estão desativados temporariamente.
Além do IPQ, há no Estado outros 14 hospitais gerais com bloco psiquiátrico que podem receber pacientes com dependência química. Mas nem todos recebem usuários de crack porque esse tipo de paciente é considerado problemático. Outra barreira é a falta de profissionais especializados.
O atendimento pós-desintoxicação é feito nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) em Joinville, Chapecó, Criciúma, Blumenau, Itajaí, Caçador e Florianópolis. A Secretaria de Saúde promete criar novos Caps em Jaraguá do Sul (Norte), Tubarão (Sul) e Florianópolis. Segundo a coordenadora estadual de Saúde Mental da secretaria, Elisia Puel, o Estado tem reservados R$ 3 milhões para reforço a alas psiquiátricas dos hospitais em 2009 e 2010.
As comunidades terapêuticas hoje são a grande alternativa para tratamento de pacientes. Credenciadas pelo Conselho Estadual de Entorpecentes (Conen), são cerca de 100 pelo Estado, geralmente distantes de áreas urbanas.
Fonte: Diário Catarinense
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