"Quereis ser médico, meu filho? Esta é a aspiração de uma alma generosa, de um espírito ávido de ciência.
Tens pensado bem no que há de ser a tua vida?"

- Esculápio -

terça-feira, 30 de março de 2010

Números de sistema pioneiro da Anvisa podem ajudar CFM a detectar abusos na prescrição de sibutramina

A população brasileira consumiu, no ano de 2009, quase duas toneladas do anorexígeno (inibidor de apetite) Sibutramina. Um dado que chama a atenção é que um especialista em medicina do tráfego é um dos 10 maiores prescritores do medicamento no país. Os números integram o primeiro balanço do Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC), divulgado nesta terça-feira (30), pela Anvisa. Na avaliação do 1º secretário do Conselho Federal de Medicina (CFM), Desiré Carlos Callegari, que participou da divulgação dos dados, esse sistema se apresentou como uma ferramenta importante para ajudar no gerenciamento de produtos controlados, monitorando abusos na prescrição e na dispensação (entrega ao consumo).
A respeito da possibilidade de estar havendo prescrição exagerada, ele alerta que a primeira coisa a fazer será, através do CFM, um programa educativo aos médicos no sentido de que só receitem quando houver diagnóstico firmado e necessidade. “Se esses prescritores que abusam não tiverem um prontuário correspondente para justificar que fizeram uma anamnese e trataram do paciente, isso será um ponto grave”, avalia Callegari.Também foram divulgados dados de consumo de outras substâncias que vêm sendo discutidas em razão do uso abusivo ou de seus efeitos secundários, como o anorexígeno anfetamínico anfepramona e o estimulante do sistema nervoso central, cloridrato de metilfenidato, usado para tratar o Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). “O metilfenidato vem sendo usado indevidamente por empresários e estudantes que buscam maior concentração nas atividades, o que nos preocupa”, alerta a coordenadora do SNGPC, Márcia Gonçalves de Oliveira. Para o secretário nacional antidrogas, Paulo Roberto Uchoa, o SNGPC é uma das ferramentas que renderam ao Brasil o reconhecimento, da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (Jife) em 2010, pelos esforços no combate ao consumo abusivo de medicamentos. “Em 2006, o país ocupava o 1º lugar no mundo em consumo de anfetaminas, o que decresceu a partir de 2007, com a implantação do SNGPC”, aponta Uchoa. Atualmente, segundo a Jife, o Brasil ocupa a 4ª posição no ranking.
“Além de reduzir a burocracia, eliminar quilos de papel nas farmácias e dar ao farmacêutico mais tempo livre para atender os usuários, o SNGPC permite apontar abusos na prescrição e na dispensação, além de mudanças de comportamento da população”, explica o diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Raposo de Mello. Se provado que realmente não houve justificativa para a prescrição, o médico responsável pode ser submetido a um processo ético-profissional. As penas disciplinares aplicáveis são cinco: advertência ou censura confidencial, censura pública, suspensão do exercício profissional por até 30 dias e cassação do exercício profissional.
Fonte: ANVISA

Anvisa limita venda de medicamentos para emagrecer

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou nesta terça-feira (30) no Diário Oficial uma resolução que determina que os remédios fabricados com base na substância sibutramina só poderão ser vendidos com a apresentação de receita azul, de controle especial. Até então, a subitramina, utilizada em remédios para emagrecer, era classificada na classe C1, de controle especial comum, e sua venda era permitida mediante apresentação de receita branca (simples).
Pela resolução, as empresas detentoras de registro de medicamentos a base de Sibutramina terão o prazo de 180 dias para efetuar as alterações necessárias. As farmácias e drogarias podem vender, mediante retenção da receita azul os medicamentos a base de Sibutramina que estejam em embalagens com tarja vermelha, desde que respeitado o prazo definido na resolução. Em janeiro, a Agência de Medicamentos da Europa recomendou a suspensão da venda de remédios para emagrecer que contenham a sibutramina. Estudos indicaram que a substância aumenta os riscos de problemas cardiovasculares. A Anvisa optou por não proibir o remédio, alegando que os estudos que fundamentaram a decisão do Emea foram feitos em pacientes que já tinham riscos cardíacos. Ainda assim, a agência lançou um alerta sobre os riscos cardiovasculares do medicamento.
Portal G1 - São Paulo

Univali sob nova direção

Nesta 4ª feira, dia 31, às 20h30min, no Teatro Municipal de Itajaí, acontece a posse do Prof. Mário Cesar dos Santos no cargo de presidente da Fundação e reitor da Univali, e da Profª. Amândia Maria de Borba como vice-presidente e vice-reitora. Também tomarão posse esta semana os demais cargos do corpo administrativo, que farão parte da gestão 2010-2014.
Nossos parabéns aos novos comandantes da Univali.

Inversão de aulas

Aos alunos do 11º período - MFC:

Conforme já avisado na aula de ontem, as aulas das duas próximas segundas-feiras foram invertidas, sendo dia 05/04 com o prof. Emerson e dia 12/04 com o Prof. Alexandre.
Os horários e locais ficam mantidos.

segunda-feira, 29 de março de 2010

STJ confirma: medicina estética não é especialidade médica

A chamada “Medicina Estética” não é uma especialidade médica atualmente reconhecida. Esse foi o entendimento da Ministra Eliana Calmon, que relatou processo movido contra o Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES). A Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) acompanhou por unanimidade a decisão da relatora. A decisão foi divulgada pelo STJ em 22 de fevereiro de 2010. A ação foi movida por um médico que fez um curso de pós-graduação lato sensu em Medicina Estética. Embora o curso seja reconhecido pela Coordenação de Aprimoramento de Pessoal de Nível Superior (Capes) do Ministério da Educação (MEC), o médico teve seu registro de “especialista” em Medicina Estética negado pelo CRM-ES. O CRM-ES alegou que a Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), que lista as especialidades médicas, não faz menção à Medicina Estética. O médico impetrou mandado de segurança, que foi concedido em primeira instância. O Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) reformou a decisão após recurso do CRM-ES. O STJ confirmou a decisão do TRF. Na sua decisão, a ministra Eliana Calmon considerou que deve ser levada em conta a competência dos Conselhos de Medicina. Para a ministra, a Lei nº 3.268/57 deu aos conselhos o poder de supervisionar, disciplinar e julgar a ética profissional da classe médica. Além disso, essa norma torna o registro obrigatório para se exercer atividades em qualquer área da Medicina. Aponta que os Conselhos de Medicina funcionam como “órgãos delegados do Poder Público para questões de saúde pública e relativas às atividades dos médicos”. Para o STJ, “a simples existência de um curso de pós-graduação não é capaz de fazer surgir, no universo científico, um novo ramo de especialidade médica, conforme regulamentado pelo órgão competente”.
A ministra Eliana Calmon concluiu que, se a “Medicina Estética” não é prevista como especialidade médica pelo CFM, não se pode conceder o título de especialista. “Entendo não ser possível ao Judiciário invadir a competência dos conselhos de Medicina, para conferir o título de especialista, em ramo ainda não reconhecido como especialidade médica”, conclui a ministra. De acordo com o conselheiro Antonio Gonçalves Pinheiro, coordenador da Câmara Técnica de Cirurgia Plástica do CFM, a decisão da justiça foi correta. Segundo ele, com a sua determinação, a minsitra Eliana Calmon confirma a posição do CFM que “não consagra que isto se configure em especialidade médica segundo os critérios da Comissão Mista de Especialidades”. O título de especialista, que não é obrigatório para o exercício da Medicina, pode ser obtido após a conclusão da Residência Médica ou por meio de concurso de título de uma sociedade de especialidade médica. Os conselhos regionais de medicina podem reconhecer especialização dos profissionais mediante a conclusão da Residência Médica.
Desde 2002, existe a Comissão Mista de Especialidades (CME), criada por meio de um convênio firmado entre o Conselho Federal de Medicina (CFM), a Associação Médica Brasileira (AMB) e a Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM). A CME estabelece os critérios para o reconhecimento e denominação de especialidades médicas e áreas de atuação na Medicina. Também decidem conjuntamente a forma de concessão e os registros de títulos de especialista. A relação das especialidades médicas e áreas de atuação é renovada e republicada periodicamente. A última relação foi aprovada pela Resolução CFM 1.845, de 12 de junho de 2008. A área de atuação é definida como a “modalidade de organização do trabalho médico, exercida por profissionais capacitados para exercer ações médicas específicas, sendo derivada e relacionada com uma ou mais especialidade médica”. As áreas de atuação estão obrigatoriamente ligadas a uma especialidade reconhecida. A CME reconhece 53 especialidades e 53 áreas de atuação. O tempo de formação para obtenção do título de especialista varia de dois a cinco anos, e é determinado pela CME.
Não são reconhecidas especialidades médicas com tempo de formação inferior a dois anos. Também não são reconhecidas áreas de atuação com tempo de formação inferior a um ano. A CME só analisa propostas de criação de novas especialidades e áreas de atuação mediante solicitação da sociedade de especialidade, via Associação Médica Brasileira (AMB). A AMB (que congrega as sociedades nacionais de especialidades médicas) emite apenas títulos e certificados que atendam às determinações da Comissão Mista de Especialidades (CME). Os Conselhos Regionais de Medicina registram apenas a informação de títulos de especialidade e certificados de áreas de atuação reconhecidos pela CME. É proibido aos médicos – o que caracteriza infração ética sujeita a punição pelos CRMs – a divulgação e o anúncio de especialidades ou áreas de atuação que não tenham reconhecimento da CME. É o caso, por exemplo, da “Medicina Estética”, que atualmente não é uma especialidade médica reconhecida.
A Residência Médica, assim como a especialidade, não é obrigatória. Quem conclui um programa de Residência Médica reconhecido pelo MEC torna-se especialista e tem o título reconhecido pelos CRMs. Instituída em 1977 pelo Decreto Federal nº 80.281, segundo o MEC, a Residência constitui uma modalidade de ensino de pós-graduação destinada a médicos, sob a forma de curso de capacitação, funcionando em Instituições de Saúde, sob a orientação de profissionais médicos de elevada qualificação ética e profissional, sendo considerada o melhor instrumento para a especialização médica.
Fonte: Portal Médico - CFM

sexta-feira, 26 de março de 2010

Comissão implantará programa de tratamento para médicos fumantes

A Comissão de Combate ao Tabagismo, no início de março, reuniu-se na AMB, para discutir detalhes sobre o Programa de Tratamento do Tabagismo para Médicos e como será feita a logística de distribuição dos medicamentos. O projeto, proposto pela Comissão em parceria com o Programa de Educação Médica Continuada, tem o intuito de sensibilizar os médicos fumantes que trabalham nos hospitais selecionados que eles podem procurar os centros de referência já presentes nas instituições para tratar o problema.
“O programa foi totalmente aprovado, pois embora a maioria dos médicos conheça os problemas que o tabaco traz à saúde, o que ocorre é uma frequente dependência da nicotina”, disse Mirra.
Até o momento, já foram definidos quais hospitais participarão do programa e como será o material de divulgação. Além dos integrantes da Comissão de Combate ao Tabagismo, Antonio Pedro Mirra (coordenador), Jonatas Reichert e Celso Rodrigues, e o coordenador do Programa de Educação Médica Continuada, Leonardo da Silva, compareceram à reunião Jaqueline Issa (Programa de Tratamento do Tabagismo do InCor) e representantes dos laboratórios farmacêuticos Pfizer, Johnson & Johnson e Glaxo Smith Kline.
Fonte: AMB

Novo medicamento contra diabetes recupera funções do pâncreas

O Brasil está participando de um estudo que, se comprovada a eficácia, pode mudar a vida dos diabéticos. Centros de pesquisa de diferentes países testam uma nova geração de uma classe de medicamentos que pode reduzir a quantidade de medicação utilizada por pacientes com diabetes tipo 2 e ainda recuperar parte do funcionamento do pâncreas. Os novos remédios devem chegar ao mercado dentro de um ano.
Produzidas por indústrias americanas, suíças e japonesas, as novas medicações estão sendo consideradas como a terceira geração de drogas já conhecidas de quem tem a doença. As incretinas são hormônios gastrointestinais existentes no organismo, que desaparecem quando a pessoa desenvolve diabetes do tipo 2. Os diabéticos tomam essa classe de medicamentos para aumentar a quantidade de insulina no organismo e produzir saciedade. Hoje, no mercado, existem dois tipos de incretinas sintetizadas, as orais e as injetáveis. Elas fazem parte da primeira geração dos medicamentos, que precisam ser tomados diariamente. As novas pesquisas testam a terceira geração desses remédios, feitas para serem tomadas (ou injetadas) apenas uma vez por semana. A segunda geração não produziu os efeitos esperados pelos cientistas.
“São medicações sofisticadas, de ação prolongada e com menos efeitos colaterais”, garante o endocrinologista João Lindolfo Borges, um dos pesquisadores envolvidos no estudo. Borges faz parte do Centro de Pesquisa Clínica do Brasil, instituto privado vinculado à Universidade Católica de Brasília (UCB). Para ele, as vantagens do remédio são inúmeras, inclusive na melhoria na produção de insulina. Segundo o médico, essa é a única classe de remédios contra o diabetes – a doença não tem cura – capaz de reverter a perda do funcionamento do pâncreas, que entra em falência por causa da doença. Borges explica ainda que as incretinas sintetizadas em laboratório atuam no sistema nervoso central inibindo a fome mais rápido e retardando o esvaziamento do estômago. Isso significa que os pacientes demoram mais a comer.
“Isso é importante porque 90% dos pacientes com diabetes tipo 2 têm excesso de peso. Se ele perde peso, outros benefícios são adquiridos. Por exemplo, a pressão melhora, a taxa de triglicerídeos também”, afirma o pesquisador. A estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) é que 250 milhões de pessoas em todo o mundo tenham diabetes e que 30% delas não saibam da doença. No Brasil, dados do Ministério da Saúde mostram que 7,5 milhões de brasileiros com mais de 18 anos têm a doença diagnosticada. Desse total, 90% são pacientes com diabetes tipo 2. O professor da UCB lembra que, mesmo com os medicamentos, os pacientes precisam lembrar que manter a dieta alimentar e praticar exercícios são essenciais para o tratamento da doença.
Reportagem: Priscilla Borges, portal iG

Cientistas descobrem relação entre solidão e hipertensão

A solidão não só torna as pessoas mais tristes, como também faz mal para a saúde, afirma uma pesquisa realizada pela Universidade de Chicago, nos Estados Unidos. Os psicólogos envolvidos no estudo encontraram uma relação direta entre a solidão e a hipertensão, uma ligação que não depende da idade ou de outros fatores como tabagismo ou obesidade. No entanto, alertam os especialistas, a solidão nada tem a ver com a depressão ou estresse.
"A solidão se mostrou como um dos fatores de risco para a saúde de pessoas com mais de 50 anos", afirmou a pesquisadora Louise Hawkley na revista especializada Psychology and Ageing. Hawkley, da Universidade de Chicago, tem desenvolvido um trabalho pioneiro sobre o impacto da solidão na saúde e na qualidade de vida. A hipertensão, também conhecida como uma ameaça silenciosa por causa dos discretos sintomas, compromete a saúde de várias maneiras. A disfunção aumenta as chances de uma pessoa sofrer um ataque cardíaco ou um derrame. A hipertensão está entre as doenças mais comuns nos Estados Unidos e a responsável por 18% das mortes no país.
A pesquisa, liderada por Hawkley, envolveu 229 pessoas, entre 50 e 68 anos. O grupo, escolhido aleatoriamente, fez parte de um longo estudo sobre envelhecimento. Os voluntários responderam a um questionário com uma série de perguntas no intuito de determinar se eles se consideravam pessoas sozinhas. Durante cinco anos, a cientista analisou a saúde e a vida do grupo de idosos e encontrou claras conexões entre o sentimento de solidão e a hipertensão. Mesmo as pessoas com modestos níveis de solidão foram impactadas durante o estudo. Os voluntários mais sozinhos registram um aumento de até 10% na pressão sanguínea.
Fonte: VEJA Saúde

quarta-feira, 24 de março de 2010

Brasil adota novo critério para casos de dengue

O Brasil vai adotar, a partir de 2011, uma nova classificação dos casos de dengue para simplificar a identificação dos doentes mais graves e melhorar a assistência e o acompanhamento da evolução da doença. Em vez das três classificações utilizadas hoje - dengue clássica, com complicações e febre hemorrágica da dengue (ou síndrome do choque da dengue) - existirão duas alternativas: dengue sem gravidade/severidade ou dengue grave/severa. A última indicará os casos que demandam maior atenção, caracterizados, por exemplo, por hemorragias.
A alteração ocorrerá segundo orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgadas no fim de 2009, destacou o coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue, Giovanini Coelho, no 46.º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. Um estudo feito em sete países das Américas e do sudeste asiático encontrou muitas diferenças na definição sobre o que é um caso grave. Haverá uma mudança no sistema brasileiro de informação e espera-se captar melhor essas situações. A alteração foi elogiada por especialistas.
No modelo atual, são requisitados exames para que a dengue seja classificada como hemorrágica e os resultados muitas vezes são difíceis de ser obtidos a tempo. No Brasil há outra dificuldade: a classificação da dengue com complicações, que envolve casos que registram comprometimento de outros órgãos, como problemas neurológicos. Esses casos passarão a ser classificados como severos, junto com os hemorrágicos. Até pouco tempo, o governo não divulgava os casos com complicações em outros órgãos. Fonte: Agência Estado

24 de março - dia mundial da tuberculose

A tuberculose - chamada antigamente de "peste cinzenta", e conhecida também em português como tísica pulmonar ou "doença do peito" - é uma das doenças infecciosas documentadas desde mais longa data e que continua a afligir a Humanidade nos dias atuais. É causada pelo Mycobacterium tuberculosis. Estima-se que a bactéria causadora tenha evoluído há 15.000 ou 20.000 anos, a partir de outras bactérias do género Mycobacterium. A tuberculose é considerada uma doença socialmente determinada, pois sua ocorrência está diretamente associada à forma como se organizam os processos de produção e de reprodução social, assim como à implementação de políticas de controle da doença. Os processos de produção e reprodução estão diretamente relacionados ao modo de viver e trabalhar do indivíduo.
Por conta de seus variados sintomas, a tuberculose não era identificada como uma única doença até à segunda década do século XIX, e não era chamada de tuberculose até ser batizada em 1839 por J.L. Schoenlein. Algumas formas da doença provavelmente eram conhecidas deste a Grécia antiga, senão antes, considerando-se que a doença se originou a partir do primeiro gado domesticado (no qual também originou a varíola humana). e antigamente não existia vacina.
O bacilo causador da doença, Mycobacterium tuberculosis foi descrito em 24 de março de 1882 por Robert Koch. Ele recebeu em 1905 o Prêmio Nobel de medicina por sua descoberta. Koch não acreditava que as tuberculoses bovina e humana fossem similares, o que impediu o reconhecimento do leite infectado como fonte da doença. Mais tarde, esta fonte foi eliminada graças à pasteurização. Koch apresentou um extrato de glicerina com o bacilo da tuberculose como um "remédio" para a doença em 1890, chamando-o de tuberculina. Ele não teve eficácia, porém, foi mais tarde adaptado por von Pirquet para um teste para tuberculose pré-sintomática. O primeiro sucesso genuíno de vacinação contra a tuberculose foi desenvolvido a partir de linhagens atenuadas da tuberculose bovina, e criado por Albert Calmette e Camille Guerin em 1906. Era a vacina BCG (Bacilo de Calmette e Guerin). Ela foi usada pela primeira vez em humanos em 18 de julho de 1921 na França, apesar de arrogâncias nacionais terem impedido a disseminação de seu uso, seja nos EUA, Reino Unido ou Alemanha até o final da Segunda Guerra Mundial.
A tuberculose causou enorme preocupação pública no século XIX e no início do século XX, como a doença endêmica entre as classes pobres das cidades. Na Inglaterra de 1815, uma entre quatro mortes eram devido à tísica pulmonar; por volta de 1918, uma dentre seis mortes na França ainda era causada pela Tuberculose. Depois de ter ficado claro, por volta de 1880, que a doença era contagiosa, a tuberculose se tornou uma doença de notificação obrigatória na Grã-Bretanha; foram feitas campanhas para que não se escarrasse em locais públicos, e as pessoas com a infecção eram "encorajadas" a irem para sanatórios que chegavam a lembrar prisões. Apesar dos "benefícios" do ar fresco e do trabalho apregoados nos sanatórios, 75% dos que neles entravam morriam num prazo de 5 anos (dados de 1908). A preocupação com a disseminação foi tanta em alguns países, como os EUA, que chegou a surgir um movimento contrário a que se escarrasse em público, exceto em locais com escarradeiras.
Na Europa, as mortes por Tuberculose caíram de 500 por 100 000 pessoas em 1850 para 50 em 100 000 por volta de 1950. Melhorias na saúde pública já vinham reduzindo a incidência de tuberculose mesmo antes do surgimento dos antibióticos, apesar de a importância da doença ainda ser grande quando o chamado Medical Research Council da Grã-Bretanha lançou seus primeiros projetos para a doença em 1913. Somente após 1946, com o desenvolvimento do antibiótico estreptomicina é que o tratamento, e não apenas a prevenção, se tornaram possíveis. Antes disso, somente a intervenção cirúrgica era possível como tratamento (além dos sanatórios), incluindo a técnica do pneumotórax: provocar o colapso de um pulmão infectado para deixá-lo "descansar" e permitir a cicatrização das lesões, técnica muito habitual mas pouco benéfica, e que foi posta de lado após 1946.
Esperanças de que a doença pudesse ser completamente eliminada foram frustradas desde o surgimento de cepas de bacilos resistentes aos antibióticos nos anos 80. Por exemplo, os casos de Tuberculose no Reino Unido, por volta de 50 000 em 1955, caíram para cerca de 5 500 em 1987, mas em 2001 havia mais de 7000 casos confirmados. Por conta da eliminação de instalações de tratamento públicas em Nova Iorque nos anos 70, houve uma resurgência da doença nos anos 80. O número daqueles que interrompem seu tratamento é muito alto. Nova Iorque teve que lidar com mais de 20000 pacientes "desnecessários" com muitas cepas resistentes a muitas das drogas normalmente usadas. O ressurgimento da tuberculose resultou na declaração de uma emergência médica global pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1993.
A tuberculose influenciou alguns artistas do movimento literário conhecido como Romantismo, como Lorde Byron (na Inglaterra) ou Álvares de Azevedo, no Brasil. A aparência pálida, "assombrada" dos que sofriam de tuberculose é vista como influência nos trabalhos de Edgar Allan Poe e nas histórias sobre vampiros. Num período recente, esta estética foi revivida pela subcultura "gótica". Nessa época, ficou conhecida como o "Mal do Século". Mimi, a heroína da ópera de Puccini, La Bohème, sofre de tuberculose (um tema transportado para a moderna adaptação para o cinema Moulin Rouge!) - o mesmo acontece com Violeta, de "La Traviata" de Verdi, inspirada na obra de Alexandre Dumas Filho, "A Dama das Camélias", imortalizando a tuberculose como doença do amor.
Na novela da escritora norte-americana Sylvia Plath The Bell Jar, o protagonista Buddy Willard sofre de tuberculose. Também a novela Mundo Fechado de Agustina Bessa-Luís tem como protagonista um jovem padecente desse mal. A Montanha Mágica de Thomas Mann, relata uma visita de um jovem, Hans Castorp, a um sanatório em Davos na Suíça, onde está seu primo. No sanatório, Hans descobre estar também com a doença e prolongará aí a sua estadia. No Brasil, no século XX, a doença influenciou muitas obras do poeta modernista Manuel Bandeira, nascido em 1886 e tuberculoso desde os dezoito anos, como o seu poema "Pneumotórax".

Proposta de Emenda Constitucional cria carreira de Estado para médicos

A carreira de Estado para os médicos, luta antiga do Conselho Federal de Medicina (CFM) e das entidades médicas, está mais perto de ser concretizada. Os deputados Ronaldo Caiado (DEM/GO) e Eleuses Paiva (DEM/SP) criaram uma Proposta de Emenda à Constituição Federal, a PEC 454/2009, que visa estabelecer diretrizes para a organização da carreira de médico de Estado. A proposta prevê a equiparação dos salários dos médicos aos subsídios de juízes e promotores. Os autores da proposição pedem que a medicina seja exercida por ocupantes de cargos efetivos, cujo ingresso na carreira se dê mediante concurso público de provas e títulos, no serviço público federal, estadual e municipal. A emenda também estipula a ascensão funcional do médico de Estado, de acordo com critérios de merecimento e antiguidade e remuneração inicial da carreira de médico de Estado em R$ 15.187,00, com reajuste anuais.
Como justificativa, os autores dizem que a Emenda busca a valorização do médico, inserindo-o na categoria de Carreira de Estado. "O fortalecimento dos profissionais atuando nas áreas exclusivas de Estado é um requisito para garantir a qualidade e a continuidade da prestação de serviços e o alcance do interesse público com a descentralização da prestação de atividades de Estado", apontam os parlamentares na justificativa. Ainda segundo os autores da proposição, é "embaraçoso" mostrar os dados relacionados à remuneração dos médicos. "Duzentos e trinta e dois reais e dez centavos e trezentos e oito reais não são honorários que recompensem o trabalho de um médico, que lida com a vida do ser humano. Esse é o motivo que nos leva a requerer a melhoria dos salários dos médicos, tendo como meta os subsídios de juízes e promotores", concluem.
Fonte: Portal Médico - CFM

segunda-feira, 22 de março de 2010

SUS começa a oferecer vacina infantil contra meningite e pneumonia em Santa Catarina

Bebês poderão receber uma importante vacina pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a partir desta segunda-feira em Santa Catarina. Chamada de Pneumocócica 10-valente, a vacina protege contra a bactéria pneumococo, causadora de meningites e pneumonias pneumocócicas, sinusite, inflamação no ouvido e bacteremia (presença de bactérias no sangue), entre outras doenças.
A vacinação se divide em três doses (aos dois meses, aos quatro meses e aos seis meses) e um reforço, aos 12 meses. A imunização contra o pneumococo — segunda maior causa de meningites bacterianas no país — foi incorporada ao calendário básico do SUS principalmente pelo seu alto custo em clínicas privadas. As doses, indicadas a bebês de até um ano, foram estendidas, excepcionalmente em 2010, para crianças com até um ano, 11 meses e 29 dias.
Aquelas que já tomaram algumas doses em clínicas particulares poderão receber as vacinas restantes, gratuitamente, na rede pública. A previsão do Ministério é que, até 2015, sejam evitadas cerca de 45 mil internações por pneumonia, por ano, no Brasil.  As reações adversas mais comuns à vacina são sonolência, perda de apetite, irritabilidade, febre e dor.
Fonte: Diário Catarinense

domingo, 21 de março de 2010

Ministério da Saúde atende duas reivindicações das entidades médicas brasileiras

Os médicos brasileiros conquistaram duas importantes vitórias na última quarta-feira, dia 17, junto ao Ministério da Saúde. Durante audiência realizada em seu gabinete, em Brasília, o ministro José Gomes Temporão acatou duas reivindicações encaminhadas pelas entidades médicas – Conselho Federal de Medicina (CFM), Associação Médica Brasileira (AMB) e Federação Nacional dos Médicos (Fenam). As decisões atendem aos anseios da categoria e reforçam a importância do segmento na adoção de políticas públicas que têm impacto direto na assistência à população.
Na reunião, da qual participaram o presidente do CFM, Roberto Luiz d’Avila, o 2º vice-presidente da entidade, Aloísio Tibiriçá Miranda, e o diretor de comunicação da AMB, Elias Fernando Miziara, o ministro assumiu o compromisso de convidar representantes das entidades médicas para participar de dois grupos de trabalho. O primeiro cuidará de definir os critérios e os parâmetros para a criação de uma carreira nacional de médicos do Sistema Único de Saúde (SUS). O tema vai ao encontro do interesse da categoria, já que eles acompanham as discussões que têm sido desenvolvidas no âmbito do Congresso em torno de um projeto – de autoria dos deputados Eleuses Paiva (DEM-SP) e Ronaldo Caiado (DEM-GO)- que propõe a criação da carreira de Estado para os médicos. Inclusive, o assunto ocupou espaço de destaque na programação do I Encontro Nacional de Conselhos de Medicina, realizado no início de março, em Florianópolis, e é uma das prioridades na agenda da Comissão Nacional Pró-SUS – Remuneração e Mercado de Trabalho do Médico.
O outro compromisso assumido pelo ministro da Saúde - que na oportunidade esteve acompanhado pelos secretários de Atenção à Saúde, Alberto Beltrame, e de Gestão do Trabalho em Saúde, Francisco Campos - foi o de incluir representantes das entidades médicas nos grupos que estabelecem os protocolos e as diretrizes assistenciais para o SUS.
“Este encontro foi produtivo para a categoria médica e acena com respostas do Executivo a problemas reais percebidos no dia-a-dia. É o reconhecimento por parte do Ministério da Saúde de que não se pode discutir questões tão sensíveis, como mudanças na área de recursos humanos e nos fluxos de assistência, sem ouvir aqueles que fazem o atendimento nos ambulatórios e hospitais. Esperamos que esse diálogo se mantenha”, pontuou o presidente Roberto Luiz d’Avila.
Fonte: Portal Médico - CFM

Vacinação de gestantes contra a gripe A começa nesta segunda

Começa amanhã a segunda etapa da vacinação contra a gripe A (H1N1), voltada para a imunização de gestantes, crianças entre seis e 23 meses e portadores de doenças crônicas com menos de 60 anos. As gestantes poderão ser vacinadas até o dia 21 de maio. Já a vacinação para crianças e portadores de doenças crônicas terminará em 2 de abril. Para as crianças, a vacina foi dividida em duas doses - a segunda será aplicada 30 dias após a primeira.
O público-alvo esperado é de cerca de 20,3 milhões de pessoas no país. A meta é imunizar pelo menos 80% dessas pessoas. Os estados, em parceria com os municípios, são responsáveis por divulgar os locais e os horários de vacinação. Em todo o país, são mais de 36 mil salas de imunização.

sábado, 20 de março de 2010

Paliativismo

Paliativismo é o conjunto de práticas médicas que visa oferecer dignidade e diminuição de sofrimento mais comum em pacientes terminais ou em estágio avançado de determinada enfermidade. Os cuidados paliativos, baseados nos conceitos da Ortotanásia, se concentram em amenizar os sintomas da doença e dar apoio físico e psicológico ao paciente e à família, integrando diferentes profissionais da área médica, havendo ou não possibilidade de cura. A prática é menos conhecida e utilizada em países subdesenvolvidos.
O cuidado paliativo se iniciou com o surgimento dos hospices e hoje é usado em outros tipos de centros de saúde. Os hospices foram, originalmente, locais de descanso para viajantes no século IV. Uma ordem religiosa, no século XIX, os resumiu a locais destinados a moribundos na Irlanda e em Londres. O hospice moderno é um conceito relativamente recente que surgiu no Reino Unido após a fundação do Hospice Saint Christopher em 1967. Foi fundado por Dame Cicely Saunders, amplamente conhecida como fundadora do movimento do hospice moderno.
O paliativismo tem crescido intensamente nos últimos anos. No Reino Unido, nos anos de 2003 e 2004, cerca 250 mil pessoas foram pacientes da prática nos hospices ou em outros locais de atendimento. Hoje, o tratamento é gratuito e sustentado através de caridade, apesar de já ter sido financiado pela National Health Service. Nos Estados Unidos, o movimento passou de voluntário, melhorando os cuidados a pessoas que morriam sozinhas, isoladas ou em hospitais, para um significante componente do sistema de saúde. Em 2005, mais de 1,2 milhão de pessoas e suas famílias receberam tratamento paliativo. Esse é o único tratamento cujos benefícios do Medicare inclui remédios, equipamento médico e assistência em tempo integral. A maioria dos cuidados é feita na casa do paciente. É também disponível em diversos ambientes como, casas de enfermagem, prisões, hospitais.
O primeiro programa de tratamento paliativo feito num hospital, nos Estados Unidos, começou no fim dos anos 80, com poucas instituições. Desde então, tem havido um intenso aumento no número de programas, mais de 1200 atualmente. Aproximadamente, 55% dos hospitais com mais de 100 leitos possuem um programa. Nos hospitais, o funcionamento dos cuidados paliativos pode ser caro. Requer tempo e integração de vários profissionais. Além disso, os pacientes podem não ter seguro adequado ou quantia em dinheiro suficiente para cobrir os custos. Assim, estratégias para financiamento de programas de cuidados paliativos se concentram em cortar custos hospitalares, garantindo renda.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Alimentos congelados podem ser mais nutritivos que os frescos

Uma pesquisa sugere que os vegetais congelados podem ser mais nutritivos que os frescos. De acordo com o estudo, cerca de 45% dos nutrientes mais importantes são perdidos no período entre a compra e o consumo dos alimentos. Os cientistas descobriram que, geralmente, os consumidores compram os vegetais duas semanas antes de consumi-los e 80% dos entrevistados acreditam que os vegetais comprados estão há menos de quatro dias nas prateleiras dos supermercados.
Segundo os pesquisadores, esse tempo é crucial para que os nutrientes sejam descartados. Dezesseis dias após a colheita, a vagem perde mais de 45% dos seus nutrientes, enquanto o brócolis e a couve-flor perdem 25% no mesmo período. Já as ervilhas perdem 15% e a cenoura perde em torno de 10%. Isso acontece em menor escala com os vegetais congelados, alegam os responsáveis pela pesquisa. Já que são submetidos a baixas temperaturas logo depois de colhidos, eles conservam melhor os nutrientes. "O conteúdo nutritivo dos vegetais frescos começam a perder-se no momento em que são colhidos. Isso significa que no momento em que eles chegam ao nosso prato, apesar de muitos acreditarem que estão comendo um vegetal cheio de nutrientes, muitas vezes isso não é verdade", afirmou a nutricionista Sarah Schenker, uma das responsáveis pela pesquisa.
O estudo foi realizado pelo Instituto de Pesquisa de Alimentos coordenado pela Birds Eye, uma empresa multinacional do ramo de alimentos congelados.

Cravo-da-índia, um aliado da saúde

Cientistas espanhóis acreditam ter encontrado uma forma natural de conservar os alimentos e mantê-los saborosos sem o uso de químicos: cravo-da-índia. Devido a suas propriedades antioxidantes, o condimento já vem sendo tratado como o novo aliado da saúde, em uma descoberta que poderá ter grandes implicações na indústria alimentícia. De acordo com o estudo, publicado na última edição da revista Flavour and Fragrance, o cravo-da-índia é um excelente antioxidante pois possui altos níveis de fenol. "De cinco propriedades antioxidantes testadas, o cravo-da-índia teve a maior capacidade de se livrar do hidrogênio, reduzir bem a peroxidação dos lipídios e foi o melhor redutor de ferro", disse Juana Fernández-López, da Universidade Miguel Hernández.
A pesquisadora explica que a oxidação da gordura é uma das principais razões para a deterioração dos alimentos, provocando uma "redução significativa de seu valor nutricional, assim como uma perda de sabor". "Os resultados [do estudo] mostram que o uso de antioxidantes naturais utilizados na dieta mediterrânea, ou seus extratos, são uma opção viável para a indústria alimentícia, já que as características do produto não são afetadas". Para a pesquisa, foram comparadas as propriedades do orégano, tomilho, alecrim e sálvia. "Essas substâncias possuem alta capacidade antioxidante e podem trazer efeitos benéficos para a saúde", salienta a cientista.

Calvície precoce pode indicar menor risco de câncer de próstata

Homens que apresentam sinais de calvície antes dos 30 anos podem ter menos chance de desenvolver câncer de próstata, segundo um estudo da Escola de Medicina da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, e divulgado na publicação especializada Cancer Epidemiology. Os pesquisadores estudaram 2 mil homens entre 40 e 47 anos de idade e notaram uma aparente ligação entre o alto nível do hormônio masculino testosterona – presente nos homens que se tornam calvos mais cedo – e um risco mais baixo de ter a doença. Metade dos homens que participaram do estudo sofreu de câncer de próstata. Os pesquisadores compararam a incidência de tumores entre aqueles que disseram ter começado a perder cabelo antes dos 30 e aqueles que não relataram ter sofrido queda. Aqueles que começaram a ficar calvos até os 30 apresentavam um risco entre 29% e 45% menor de desenvolver câncer de próstata.
Os pesquisadores acreditam que entre 25% e 30% dos homens apresentam sinais de calvície até os 30 anos de idade. Metade dos homens terá sofrido significativa queda de cabelo até os 50 anos de idade. A calvície ocorre quando os folículos capilares são expostos a uma quantidade muito grande de dihidrotestosterona (DHT) – uma substância produzida pela testosterona. Especialistas acreditam que homens com níveis mais altos de testosterona estão mais propensos a perder cabelo, especialmente se houver casos de calvície na família. É comum que pacientes de câncer de próstata façam terapia para reduzir os níveis de testosterona porque o hormônio pode acelerar o crescimento de alguns tumores, uma vez que eles apareçam. Mas este estudo sugere que os altos níveis de testosterona desde uma tenra idade podem, na verdade, proteger contra a doença.
“Claramente, a idade em que um homem começa a perder o cabelo é, infelizmente, (indicador de) um fator de risco para o câncer de próstata sobre o qual não temos nenhum controle”, disse Helen Rippon, chefe da administração de pesquisas da fundação britânica The Prostate Cancer. “Se os resultados (da pesquisa) estiverem corretos, eles podem ser úteis para aumentar nossa compreensão sobre como a testosterona se comporta no corpo humano e como pode afetar diferentes tecidos.”
Alison Ross, da fundação de pesquisa britânica Cancer Research UK, disse que a ligação entre o câncer de próstata e a calvície ainda é desconhecida, porque estudos anteriores apresentaram um resultado exatamente oposto a este. “Os resultados (do novo estudo americano) são baseados em perguntar a homens com idade entre 40 e 70 anos se eles se lembram se começaram a ficar calvos aos 30 anos, o que não significa uma medida muito confiável”, disse ela.
Fonte: BBC Brasil

Cientistas descobrem como envelhecer e matar células do câncer

Em vez de matar células cancerígenas com drogas tóxicas, os cientistas descobriram um caminho molecular que as força a envelhecer e morrer, informaram nesta quarta-feira, dia 17. As células cancerígenas se espalham e crescem porque podem dividir-se indefinidamente.
Mas um estudo em ratos mostrou que o bloqueio de um gene causador do câncer chamado Skp2 forçou células cancerígenas a passar por um processo de envelhecimento conhecido como senescência --o mesmo processo envolvido na ação de livrar o corpo de células danificadas pela luz solar. Se você bloqueia o Skp2 em células cancerígenas, este processo é desencadeado, relatou Pier Paolo Pandolfi da Harvard Medical School, em Boston, e colegas na revista Nature. E a droga experimental contra o câncer MLN4924, da Takeda Pharmaceutical Co's - já na primeira fase de experimento clínico em humanos - parece ter o poder de fazer exatamente isso, disse Pandolfi em uma entrevista por telefone. A descoberta pode significar uma nova estratégia para o combate ao câncer.
"O que descobrimos é que se você danifica células, as células têm um mecanismo de adensamento para se colocar fora de ação", disse Pandolfi. "Elas são impedidas irreversivelmente de crescer."
A equipe usou para o estudo ratos geneticamente modificados que desenvolveram uma forma de câncer de próstata. Em alguns deles, os cientistas tornaram inativo o gene Skp2. Quando o rato atingiu seis meses de vida, eles descobriram que os portadores de um gene Skp2 inativo não desenvolveram tumores, ao contrário dos outros ratos da pesquisa. Quando eles analisaram os tecidos de nódulos linfáticos e da próstata, descobriram que muitas células tinham começado a envelhecer, e também encontraram uma lentidão na divisão de células. Este não era o caso em ratos com a função normal do Skp2. Eles obtiveram efeito semelhante quando usaram a droga MLN4924 no bloqueio do Skp2 em culturas de laboratório de células de câncer da próstata.
Fonte: Julie Steenhuysen - Agência Reuters

quarta-feira, 17 de março de 2010

Conheça os efeitos que o chá do Santo Daime causa no cérebro

O cartunista Glauco, assassinado no último domingo,  participava da igreja do Santo Daime, em Osasco, na Grande São Paulo, que foi frequentada pelo suspeito do crime, Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, o Cadu, de 24 anos. Nos rituais, os seguidores usam um chá - o Ayahuasca - à base de folha e raízes da Floresta Amazônica. Há mais de dois anos pesquisadores da USP de Ribeirão Preto tentam conhecer melhor os efeitos do chá usado no Santo Daime - e como ele atua no cérebro.
A pessoa toma o chá e a substância vai para o estômago, entra na corrente sanguínea e segue para o cérebro, onde se espalha. O lado mais ativado é o hemisfério direito, que controla as emoções como satisfação, insatisfação, equilíbrio, desequilíbrio e euforia. Os estudos mostram que o chá leva, em média, meia hora para fazer efeito. Em uma hora as pessoas começam a apresentar alterações de comportamento: primeiro, um estado de relaxamento, depois muita euforia e logo em seguida alteração de percepções. É quando começam as visões distorcidas do cérebro. Um estudo apresentado durante um congresso na Espanha revela as alterações registradas no cérebro de quem bebe o chá. A cor amarela representa as regiões ativadas pelas substâncias existentes na mistura de raízes de cipó e folhas de Chacrona.
“Quando uma substância química ativa uma região, ela na verdade altera o equilíbrio. Não há relato de reações violentas, o que pode acontecer é uma certa inquietude”, diz o psiquiatra Erickson Furtado. “Mas para a maioria dos indivíduos os relatos são de relaxamento.”
O psiquiatra Alex Figueroa, da Guatemala, faz parte da equipe brasileira que estuda as reações das pessoas que bebem o chá. Ele quer saber também se o uso do chá pode provocar morte de neurônios. “Cada pessoa tem um cérebro diferente, com experiências diferentes, por isso que dependendo da experiência da cultura, do estado da pessoa pode provocar uma viagem boa ou ruim”, diz.
Fonte: Globo.com

SUS deve garantir remédio e tratamento a pacientes de doenças graves, diz STF

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quarta-feira (17) que o Sistema Único de Saúde (SUS) deve garantir remédios e tratamento de alto custo para pacientes de doenças graves mesmo que o tratamento não seja previamente oferecido pela rede pública de saúde. O entendimento ocorreu no julgamento de um conjunto de nove ações. Municípios, estados e a União pediam a suspensão de decisões judiciais que obrigavam o fornecimento dos tratamentos. O Supremo ainda vai julgar um recurso que terá repercussão em todas as ações do mesmo tema na Justiça. E deverá estabelecer em que casos o SUS terá que oferecer os remédios.
Fonte: G1 Saúde

domingo, 14 de março de 2010

Guerra contra o fumo - proibição total

Guerra total contra o fumo: cigarro, nem em fumódromos O uso de cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos ou qualquer outro produto fumígeno, derivado ou não do tabaco, poderá ser proibido em todos os recintos coletivos, privados ou públicos, do país. A medida, que visa reduzir as mortes causadas por doenças relacionadas ao fumo, foi aprovada nesta quarta-feira (10), pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e segue para a Comissão de Assuntos Sociais (CAS) da Câmara Federal. O texto aprovado é um projeto (PLS 315/08) do senador Tião Viana (PT-AC), com emenda apresentada pela relatora, senadora Marina Silva (PV-AC), para aperfeiçoar a redação a fim de deixar claro que a proibição não abrange a residência do fumante, como poderia deixar a entender a proposta original, o que constitui, na opinião de Marina, "restrição desarrazoada a direito, considerada a legalidade do uso de tais produtos".
A proibição ao fumo no Brasil já está prevista na Lei 9.294/96, que admite, atualmente, o uso desses produtos "em área destinada exclusivamente a esse fim, devidamente isolada e com arejamento conveniente" - os chamados fumódromos. O texto acatado pelos integrantes da CCJ acaba com essas áreas. Esse foi um dos pontos polêmicos durante o exame do texto pela comissão, que rejeitou voto em separado proposto pelo senador Antonio Carlos Júnior (DEM-BA) e lido pelo senador Francisco Dornelles (PP-RJ), que manteria a possibilidade de existência dessas áreas. De acordo com o "voto em separado" do senador pela Bahia, proprietários de recintos coletivos fechados, com área superior a 100m², poderiam destinar espaço para fumantes equivalente a, no máximo, 30% da área total, desde que isolado por barreira física e equipada com solução técnica que permitiria a exaustão do ar da área dos fumantes para o ambiente externo.Pela proposta, o uso desses produtos também seria permitida em locais abertos como varandas, calçadas, terraços, balcões externos e similares.
Contrária à permissão, Marina Silva argumentou ser necessário atualizar a legislação brasileira segundo o que estabelece a Convenção-Quadro para o Controle do Uso do Tabaco, assinada pelo país em 2003, considerado o primeiro tratado internacional de saúde pública, desenvolvido a pedido de 192 países integrantes da Organização Mundial de Saúde (OMS). De acordo com o texto, "ventilação e filtração do ar não são suficientes para reduzir a exposição passiva aos malefícios da fumaça". Marina citou o caso dos fumódromos em restaurantes que, como observou, são prejudiciais não apenas aos clientes, mas também às pessoas que ali trabalham, como os garçons. O fumante passivo, argumentou, fica exposto permanentemente, sem condições de se defender do fumante ativo. Em seu voto, ela observa que, nos últimos 30 anos, o fumo provocou um milhão de óbitos no Brasil, devendo causar, nos próximos 15 anos, cerca de sete milhões de mortes a mais.
Para Tião Viana, a proibição é o único meio de proteger os não-fumantes da ação dos poluentes que decorrem da queima do tabaco. O senador também registra, na justificação da proposta, pesquisa que indicou que 88% dos brasileiros são contra o fumo em locais coletivos fechados. Marina Silva opinou pela rejeição de outras duas proposições tramitando em conjunto, por considerar que não estão em conformidade com o texto da Convenção-Quadro da OMS: o PLS 420/05, do senador Magno Malta (PL-ES), que proíbe o uso de produtos de tabaco nos bares, restaurantes e demais estabelecimentos assemelhados, mas mantém a possibilidade dos fumódromos, e o PLS 316/08, do senador Romero Jucá (PMDB-RR), com o mesmo teor do voto em separado do senador Antonio Carlos Junior, mantendo áreas para não-fumantes em locais fechados. O projeto vai para exame da CAS, em decisão terminativa, e depois deverá ser enviada à Câmara dos Deputados. Se aprovada pelo Congresso, a norma entrará em vigor 180 dias após a publicação da lei.
Fonte: Agência Câmara

quinta-feira, 11 de março de 2010

Mulher prejudica orçamento doméstico pelo fumo

A mulher fumante, mais do que o homem, sabe que deixa de comprar coisas importantes para casa só para sustentar o vício do tabaco. Segundo pesquisa inédita realizada no mundo todo pelo International Tobacco Control (ITC), oito em cada dez delas admitiram que nos últimos seis meses “gastaram dinheiro com cigarro sabendo que ele poderia ser melhor empregado com outros gastos domésticos, como a compra de alimentos”.
Em parceria com o Instituto Nacional do Câncer (Inca) foram entrevistadas 1.826 pessoas de Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro, sendo 59% mulheres. Na comparação com os homens participantes do levantamento, foi constatado que o “bolso feminino” é mais afetado do que o masculino: enquanto 80% das fumantes disseram que ajustam o orçamento de casa para satisfazer o hábito de fumar (sempre em benefício do tabaco e não da saúde), entre eles, o índice foi de 75%. A maior consciência de que o cigarro atrapalha nas contas domésticas não foi a única diferença estatística das mulheres no estudo feito pelo ITC Brasil. Elas, mais do que eles, sentem no corpo os efeitos do tabaco. Das pesquisadas, 44% pensam com muita frequência nos danos que o fumo pode provocar, como infarto, acidente vascular cerebral e câncer. Os homens somaram 35% neste grupo. Nas outras questões abordadas, entretanto, os sexos masculino e feminino empataram. Os padrões de dependência foram muito semelhantes: 91% afirmam ser dependentes do cigarro e 52% se dizem “muito” dependentes. O “empate”, dizem os especialistas, é mais uma desvantagem para a mulher. Primeiro porque houve um tempo em que elas não fumavam, depois porque elas também têm mais dificuldade em parar e um terceiro motivo, lembra Cristina Perez – médica da Divisão de Tabagismo do Inca – é que o sexo feminino está no alvo das propagandas do tabaco.
“São lançados cigarros feitos para mulheres, vendidos em carteiras acompanhadas de batom e sombra”, lamenta a médica. “O resultado disso é que entre as meninas a parcela de fumantes aumenta, enquanto a tendência nacional é de diminuição de fumantes”.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 17% dos brasileiros maiores de 15 anos fumam. Em 1989, essa população somava 33%, o que significava um fumante em cada três pessoas. Apesar da diminuição, um estudo da Universidade Federal de São Paulo mostrou que 8,6% dos garotos entre 14 e 16 anos fumam, só dois pontos porcentuais acima do que o encontrado entre elas (6,7%). Na população como um todo, este mesmo índice mostra uma diferença de 10 pontos: 25% entre eles e 14% entre elas.
A preocupação com o aumento de mulheres fumantes fez com que as autoridades de saúde fizessem políticas específicas para mulheres. No ano passado, o Inca lembrou que, além do corpo, a beleza também fica doente por causa das tragadas. Nas embalagens dos maços de cigarro, além das clássicas fotos sobre a impotência masculina e o câncer de pulmão, agora circulam imagens de mulheres com o rosto enrugado, sequela da fumaça. Não é a única resposta. Este ano, pela primeira vez, a Organização Mundial de Saúde (OMS) escolheu a mulher como foco do Dia Mundial sem Tabaco, celebrado em maio.
Fernanda Aranda, iG São Paulo

quarta-feira, 10 de março de 2010

Alexander Fleming

Sir Alexander Fleming (East Ayrshire, 6 de agosto de 1881 — Londres, 11 de março de 1955) foi o descobridor da proteína antimicrobiana chamada lisozima e do antibiótico penicilina, obtido a partir do fungo Penicillium notatum.
Fleming nasceu em Lochfield, no sudoeste da Escócia, e estudou medicina na Universidade de Londres. Concluindo o curso em 1906, começa a pesquisar, em seguida, substâncias com potencial bactericida que não fossem tóxicas ao organismo humano. Trabalhou como médico microbiologista no Hospital St. Mary de Londres até o começo da Primeira Guerra Mundial. Durante a guerra foi médico militar nas frentes de batalha da França e ficou impressionado pela grande mortalidade nos hospitais de campanha causada pelas feridas de arma de fogo que resultavam em gangrena gasosa. Finalizada a guerra, regressou ao Hospital St. Mary onde buscou intensamente um novo anti-séptico que evitasse a dura agonia provocada pelas infecções durante a guerra. Os dois descobrimentos de Fleming ocorreram nos anos 20 e ainda que tenham sido acidentais demonstram a grande capacidade de observação e intuição deste médico britânico. O descobrimento da lisozima ocorreu depois que o muco de seu nariz, procedente de um espirro, caísse sobre uma placa de cultura onde cresciam colônias bacterianas. Alguns dias mais tarde notou que as bactérias haviam sido destruídas no local onde se havia depositado o fluido nasal.
Ele chegou à descoberta da penicilina e de suas propriedades antibióticas em 1928, ao observar uma cultura de bactérias do tipo estafilococo e o desenvolvimento do mofo a seu redor, onde as bactérias circulam livres. Aprofunda a pesquisa e constata que uma cultura líquida de mofo do gênero Penicillium evita o crescimento dos estafilococos. Publica os resultados desses estudos em 1929, mas não obtém reconhecimento nem recursos financeiros para aperfeiçoar o produto durante os anos seguintes. Só consegue transformar a penicilina em medicamento antibiótico uma década depois da publicação de suas pesquisas, com o apoio dos cientistas norte-americanos Howard Walter Florey e Ernest Boris Chain. A produção industrial começa nos Estados Unidos (EUA) no início da II Guerra Mundial. Fleming, Florey e Chain recebem juntos o Nobel de Fisiologia/Medicina de 1945.
O laboratório de Fleming estava habitualmente bagunçado, o que resultou em uma grande vantagem para sua segunda importante descoberta. Em setembro de 1928, Fleming estava realizando vários experimentos em seu laboratório e ao inspecionar suas culturas antigas antes de destruí-las notou que a colônia de um fungo havia crescido espontaneamente, como um contaminante, numa das placas de Petri semeadas com Staphylococcus aureus. Fleming observou outras placas e comprovou que as colônias bacterianas que se encontravam ao redor do fungo (mais tarde identificado como Penicillium notatum) eram transparentes devido a uma lise bacteriana. A lise significava a morte das bactérias, e no caso, das bactérias patogênicas (Staphylococcus aureus) crescidas na placa. Ainda que tenha reconhecido imediatamente a importância deste seu achado, seus colegas subestimaram-no. Fleming comunicou sua descoberta sobre a penicilina no British Journal of Experimental Pathology em 1929.
Fleming trabalhou com o fungo durante algum tempo, mas a obtenção e purificação da penicilina a partir dos cultivos de Penicillium notatum resultaram difíceis e mais apropriadas para os químicos. Mas a comunidade científica da época achava que a penicilina só seria útil para tratar infecções banais e por isto não lhe deu atenção. No entanto, o antibiótico despertou o interesse dos investigadores estado-unidenses, que durante a Segunda Guerra Mundial tentavam imitar a medicina militar alemã que possuía as sulfamidas. Os químicos Ernst Boris Chain e Howard Walter Florey descobriram um método de purificação da penicilina que permitiu sua síntese e distribuição comercial para o resto da população. Ele não patenteou sua descoberta, pois achava que assim seria mais fácil a difusão de um produto necessário para o tratamento das numerosas infecções que castigavam a população. Por seus descobrimentos, Fleming compartilhou o Nobel de Fisiologia/Medicina de 1945 junto a Ernst Boris Chain e Howard Walter Florey.
Alexander Fleming morreu em 1955 de um ataque cardíaco. Foi enterrado como herói nacional na cripta da Catedral de São Paulo em Londres. Seu descobrimento da penicilina significou uma mudança drástica para a medicina moderna, iniciando a chamada "Era dos antibióticos".

Mulheres tem mais dificuldade em largar o cigarro

Depois de 50 anos na companhia do cigarro, o presidente Lula afirmou nesta terça-feira que há 40 dias deixou o fumo de lado. Ele declarou que não tem sido fácil ficar sem as tragadas mas, se fosse do sexo feminino, a autoridade máxima do Brasil poderia ter ainda mais dificuldade de largar o vício. Influência dos hormônios, da rotina e até mesmo da pressão pelo corpo magro, as mulheres demoram mais para conseguir a independência do tabagismo, já atestaram pesquisas. Uma delas, feita pelo Centro de Referência e Tratamento do Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod) constatou que apesar de elas serem maioria entre os que buscam tratamento para abandonar o vício, as mulheres também têm mais dificuldade do que os homens em ficar abstêmias.
O levantamento foi feito com 500 pacientes que buscaram ajuda médica no Cratod. Do total, 63% eram mulheres. Por outro lado, enquanto 47% dos o pacientes do sexo masculino já haviam conseguido ficar longos períodos sem fumar (mais de um ano), entre elas, esta taxa recuou para 34%. A diretora do Cratod, Luizemir Lago, já afirmou que o cigarro tem representações diferentes para os homens e mulheres. Esta representação, inclusive, acaba de ser mapeada por estudo de caso publicado na edição de dezembro do Caderno Brasileiro de Saúde Pública. Em um serviço público do Rio de Janeiro, as pesquisadoras Márcia Broges e Regina Simões Barbosa investigaram quais os significados simbólicos do cigarro para mulheres que estavam tentando parar de fumar. Confirmaram o que a literatura já alertava: elas, diferentemente dos homens, sempre associam o início do fumo a algum episódio marcante (fim de namoro, morte, desentendimento), o que dificultaria o abandono do hábito. Além disso, o discurso das 14 fumantes acompanhadas relacionava o cigarro a “um companheiro”, presente nos momentos de dificuldades no trabalho e na vida pessoal. Além da relação de companhia com o cigarro, as mulheres sofrem mais de transtornos depressivos do que os homens (relação de dois casos femininos para cada um masculino, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria). Essas manifestações podem dificultar o fim “parceria” com o tabaco, que tanto prejudica a saúde e o bem-estar da mulher.
Os especialistas reforçam que as dificuldades em parar de fumar não devem ser empecilho. O organismo feminino paga um preço alto por causa do fumo. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), uma das evidências dos prejuízos são os casos de câncer de pulmão. Na década de 40, este tipo de tumor maligno era incomum entre as mulheres. Já no último balanço, divulgado este ano, está em terceiro lugar no ranking de incidência, só atrás do câncer de mama e colo de útero. Estudos já constataram que 95% dos cânceres de pulmão são desenvolvidos em pacientes com histórico de fumo. O cigarro também é apontado como importante influenciador do câncer de mama em mulheres mais jovens. No Brasil, mesmo em idade fértil – entre 10 e 49 anos – elas já são ameaçadas pela neoplasia das mamas, a 5ª na lista de causas de morte mais frequentes. Apesar da ciência já ter constatado as desvantagens do cigarro companheiro das mulheres, um levantamento feito pela Universidade Federal de São Paulo mostrou que as adolescentes já fumam tanto quanto os meninos. Foram realizadas 3.077 entrevistas no País com pessoas entre 14 e 18 anos. O índice de garotos fumantes foi de 8,6%, só dois pontos porcentuais acima do que o encontrado entre elas (6,7%). Na população como um todo, este mesmo índice mostra uma diferença de 10 pontos: 25% entre eles e 14% entre elas.
Fernanda Aranda, iG São Paulo

domingo, 7 de março de 2010

Perigo.com

Para os bandidos, é um crime de altíssima rentabilidade. Para as vítimas, uma armadilha com potencial letal. A venda, pela internet, de remédios para emagrecer, aumentar a potência sexual, ganhar músculos ou provocar abortos triplicou no mundo desde 2005. No Brasil, os números sugerem que o problema é ainda maior. Em 2007, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária apreendeu 2 toneladas de medicamentos de uso controlado destinados a ser comercializados na rede. Dois anos depois, esse volume subiu para 28 toneladas. Não é difícil entender o motivo da explosão. Oito em cada dez remédios de uso controlado vendidos pela internet são falsificados. Assim, enquanto 1 quilo de heroína rende ao traficante um lucro de, no máximo, 3 000 dólares, a mesma quantidade de um "remédio" para impotência, por exemplo – quase sempre um composto de pura farinha ou substância menos inócua –, pode render até 75 000 dólares. "Há uma tendência mundial no crime organizado, já identificada pela Interpol, de migrar do tráfico de drogas para o de medicamentos piratas", disse a VEJA a alemã Sabine Kopp, secretária executiva da Força-Tarefa Internacional de Combate à Falsificação de Produtos Médicos da Organização Mundial de Saúde.
No Brasil, toda venda pela internet de medicamento de uso controlado, seja ele verdadeiro, seja pirata, é ilegal. Só as farmácias podem fazê-lo, e mediante a apresentação de receita médica pelo comprador. Para driblar a lei, no entanto, basta um clique. Depois de escolher um entre dezenas de sites de classificados on-line que oferecem de anabolizantes a derivados de anfetamina, a reportagem de VEJA encomendou, por e-mail, dois medicamentos de venda proibida no Brasil, o Acomplia, para combater a obesidade, e o Cytotec, criado para o tratamento de úlcera gástrica, mas frequentemente usado como abortivo. O princípio ativo do Acomplia é o rimonabanto. Proibida desde 2007 nos Estados Unidos, a substância foi banida no ano seguinte, no Brasil e na Europa, depois que cinco usuários do medicamento se suicidaram no Reino Unido no período de três meses. As mortes foram associadas ao uso do remédio – que, por alterar o sistema de recompensa do cérebro, pode levar à depressão profunda. No lugar do Acomplia, o pacote que chegou pelo correio trazia o Redufast, nome de um medicamento com o mesmo princípio ativo, o rimonabanto, fabricado por um laboratório do Paraguai e também retirado do mercado daquele país. Já o Cytotec, cujo princípio ativo é o misoprostol, chegou em uma cartela de Misoprost-200, supostamente um genérico do produto fabricado na Índia. Foi entregue por um motoboy dentro de uma caixa de telefone celular, com um "manual" que explicava como usar o remédio para provocar aborto. O tal manual não mencionava que o uso do misoprostol é especialmente perigoso para mulheres que se submeteram a cesariana ou que já atingiram o quinto mês de gestação. Os dois medicamentos adquiridos por VEJA foram enviados à Anvisa.
Apenas 20% dos remédios de uso controlado vendidos pela internet são verdadeiros. A estimativa é do delegado Adílson Bezerra, assessor-chefe de Segurança Institucional da Anvisa. Em geral, eles são produto de contrabando, roubos de carga ou furtos em hospitais. Os outros 80%, falsificados, quase sempre entram no país pelo Paraguai, tendo passado antes por portos do Chile ou do Peru. Sua fabricação, no entanto, se dá bem mais longe, na China e na Índia. "Tanto a Índia quanto a China não respeitam patentes. Por causa disso, é muito mais fácil adquirir lá os princípios ativos necessários para fazer as falsificações", afirma Lori Reilly, vice-presidente para política e pesquisa da entidade. Isso quando há algum traço de princípio ativo nesses produtos.
Um estudo publicado neste mês pelo laboratório Pfizer no International Journal of Clinical Practice mostrou que apenas um em cada dez comprimidos de Viagra apreendidos no Reino Unido sob suspeita de ser pirateados continha o princípio ativo sildenafila numa quantidade igual ou que variasse em até 10% em relação ao anunciado na embalagem. Um em cada quatro não tinha nem vestígio da substância. A análise das pílulas apreendidas revelou ainda a presença de metronidazol, medicamento usado no tratamento da amebíase, paracetamol, analgésico que pode causar insuficiência hepática quando ingerido em grandes quantidades e combinado com álcool, e até tinta de impressora – azul, é claro, a cor do comprimido mundialmente conhecido para tratamento da disfunção erétil. "Quem compra medicamentos de uso controlado pela internet não faz ideia do que está ingerindo", diz o delegado Bezerra. "O único objetivo do falsificador é, obviamente, fazer a pílula parecer com a verdadeira." De acordo com o Center for Medicine in the Public Interest, centro de pesquisas independente de Nova York voltado para questões relacionadas a medicina, a venda ilegal de medicamentos pela internet deve movimentar neste ano 21 bilhões de dólares apenas com os produtos piratas. Os campeões de vendas são os medicamentos usados como estimulantes sexuais. Segundo um relatório da Interpol a que VEJA teve acesso, 21 países, incluindo o Brasil, identificam os remédios contra disfunção erétil como os mais pirateados. Em segundo lugar, estão os medicamentos para tratamento da obesidade, indicados como predominantes em sete países.
A impulsionar o tráfico e a falsificação de medicamentos está o fato de que as penas para o delito são, em geral, bem menores do que as previstas para outros crimes. Nos Estados Unidos, uma pessoa que é flagrada vendendo remédios ilegais pela internet ficará no máximo três anos na cadeia, enquanto quem falsifica dinheiro pode ficar até vinte anos. O Brasil, felizmente, é uma exceção à regra. Aqui, a pena mínima para a venda de medicamentos falsificados prevê cinco anos a mais do que a do tráfico de drogas. A pena máxima, de quinze anos, é a mesma para os dois crimes.
Mesmo assim, a atividade tem crescido em velocidade espantosa. Segundo o delegado Carlos Eduardo Sobral, chefe da Unidade de Repressão a Crimes Cibernéticos da Polícia Federal, o crime organizado ainda não se apropriou dela. Está na mão de indivíduos. "Prendemos desde donos de academia de ginástica até comerciantes que traficavam medicamentos para complementar a renda", diz. A polícia acredita ter tirado de circulação, em janeiro de 2009, o maior vendedor de medicamentos ilegais pela internet do país: Fábio Carvalho Alves, ex-balconista de farmácia e morador de Goiânia (GO), que chegava a faturar 30 000 reais por mês com o negócio. Dono de mais de vinte sites e páginas no Orkut, ele recorria a um método ardiloso para atrair compradores: criava perfis falsos na rede para travar os primeiros contatos com suas vítimas e, em seguida, tentava induzi-las a comprar seus produtos. Num desses falsos perfis, Alves colocou a foto de uma mulher obesa de costas. Sobre a imagem, anunciava: "Sou gorda e me odeio". Durante semanas, ele trocava mensagens com pessoas que se identificavam com o personagem inventado e outras que conhecia em comunidades virtuais relacionadas à obesidade. A todas, relatava o sofrimento causado pela sua falsa condição. Depois de um tempo, mudava o discurso: havia descoberto um remédio ótimo, que podia ser comprado na internet etc. O vendedor recomendado era, claro, ele mesmo. Se usar remédios controlados sem acompanhamento médico é um risco à saúde, comprá-los pela internet duplica essa ameaça. No mínimo.
Fonte: Revista Veja, ed. 10/03/2010

Estudo revela que adolescente é discriminado, mas não percebe

Numa escola pública na Barra Funda, frequentada por brasileiros e bolivianos, uma cena se repetiu quase diariamente no ano passado: a cada aluno estrangeiro que chegava, um brasileiro cobrava um "pedágio". Se não fosse pago, o boliviano inadimplente apanhava. O relato foi feito à Folha por João Carlos Cardoso, 17, ex-aluno da escola e integrante do projeto Plataformas dos Centro Urbanos, do Unicef, que divulgou ontem um levantamento inédito sobre a percepção de adolescentes e lideranças de comunidades populares sobre suas condições de vida. Segundo ele, a maioria dos alunos não percebia a discriminação. Esse não é um caso isolado. Conforme o estudo, 32% dos adultos avaliam como ruim ou péssimo o respeito à diversidade nas comunidades.
Realizado a partir de uma metodologia participativa desenvolvida pelo Instituto Paulo Montenegro (braço social do Ibope) -que fez dos próprios integrantes das comunidades entrevistadores- o estudo ouviu 2.148 pessoas de 55 comunidades (favelas, assentamentos, cortiços) de São Paulo e Itaquaquecetuba. Foram aplicados dois questionários sobre os mesmos temas (um para lideranças e outro para os jovens) com questões afirmativas com as quais os entrevistados poderiam concordar ou discordar. Quando deparados com a afirmação de que os episódios de racismo eram raros e combatidos, a maioria das lideranças discordou. Já a maioria dos adolescentes diz ser respeitada pelos jovens da comunidade.
"Os adolescentes mostram uma predisposição maior com o diferente. Mas isso não significa que eles não têm preconceito ou não excluem", observa Anna Penido, coordenadora do Unicef em São Paulo.
Cleber de Souza, 18, morador de Guaianazes, é um exemplo. Quando os colegas descobriram que sua família é espírita, virou alvo de chacotas. "Me chamaram de neguinho macumbeiro", diz o estudante. Quanto a participação dos adolescentes nas decisões da comunidade, 44% das lideranças avaliam como ruim ou péssima. Já entre os jovens, a maioria afirma fazer parte de ações para melhorar a comunidade e diz querer votar nas próximas eleições. Dos seis temas abordados com as lideranças (sobrevivência, aprendizagem, proteção contra HIV/Aids, violência, respeito à diversidade e prioridade em políticas públicas, e participação), o que teve pior avaliação foi a violência. Para 58% dos entrevistados, a segurança nas comunidades é ruim ou péssima; 32% acreditam que a situação piorou nos últimos dois ou três anos.

Leticia de Castro - Jornal Folha de S. Paulo

sexta-feira, 5 de março de 2010

Faculdade dos EUA recusa formatura a alunos obesos

Uma universidade dos Estados Unidos está provocando polêmica após anunciar que vai recusar a formatura de alunos obesos. Em 2006, a Lincoln University, em Oxford, no Estado da Pensilvânia, havia obrigado os estudantes com índice de massa corpórea (IMC) acima de 30 - um indicador de obesidade - a praticar Educação Física três horas por semana. O curso inclui atividades como hidroginástica, aeróbica e artes marciais. Agora que a primeira turma está para se formar, os que não reduziram seu IMC correm o risco de não conseguirem se formar.
"Cerca de 15% de nossos alunos não conseguiram um IMC menor que 30, portanto, esperamos que dezenas deles não completem o curso", disse à BBC James L. DeBoy, chefe do departamento de Saúde, Educação Física e Recreação da universidade.
LeBoy defendeu a decisão da instituição, dizendo que "tempos drásticos requerem medidas drásticas".
"Estamos em meio a uma epidemia de obesidade nos Estados Unidos, e sabemos que a obesidade se associa a doenças do coração, diabetes, acidentes vasculares-cerebrais, câncer e problemas ósseos e musculares", afirmou.
Mas muitos alunos vieram a público para reclamar da universidade. "O requisito do IMC é ridículo", definiu Sharifa Riley, aluna de jornalismo, à BBC.
"Estou perfeitamente consciente de que a obesidade está se tornando um problema, principalmente para pessoas da nossa idade. Mas os estudantes vêm à universidade para receber uma educação", disse.
"Para mim, trabalhar durante quatro anos para chegar ao final do meu curso e alguém me dizer que não posso me formar por causa do meu peso, não tem nada a ver."
Em entrevista à rede CNN, o professor de Direito David Kairys, da Universidade de Temple, também na Pensilvânia, disse que, do ponto-de-vista legal, a exigência da Lincoln parece "paternalista" e "intrusiva".
"O curso de fitness deveria ser uma escolha do estudante", concluiu.

quarta-feira, 3 de março de 2010

SBMFC News nº 43

Uso de jaleco fora de ambiente poderá ser proibido
O Projeto de Lei (PL) 6626/09, que proíbe o uso de qualquer equipamento de proteção individual - inclusive jalecos e outras vestimentas especiais - fora do ambiente onde o trabalhador da área de saúde exerça suas atividades, pode entrar em vigor.
No final do ano passado, o Conselho Regional de Medicina no Estado do Rio Grande do Sul (Cremers) emitiu parecer, com base em documento de sua Câmara Técnica de Infectologia, contra o uso de jaleco fora do ambiente de trabalho. A proposta pretende combater a infecção hospitalar e a contaminação biológica. De acordo com o projeto, o infrator da norma será advertido e multado, sendo o empregador responsabilizado solidariamente. O PL, que tramita em caráter conclusivo, será analisado pelas comissões de Seguridade Social e Família; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Vacina da gripe não funciona em idosos, diz pesquisa
Um levantamento dos estudos sobre a vacina contra o vírus da gripe, realizado pela Organização Não Governamental Colaboração Cochrane, concluiu que praticamente não há dados seguros de que a vacina seja eficiente em pessoas com mais de 65 anos.
Segundo a pesquisa, de 75 estudos sobre a vacinação apenas um deles usava métodos precisos e mostrava redução no número de casos da doença. Vários estudos tinham baixa qualidade ou registravam resultados indiretos da vacina, como o aumento de anticorpos contra o vírus. Para a ONG, esse tipo de dado não prova que houve diminuição do número de pessoas doentes. A organização recomenda que testes confiáveis e de longa duração sejam financiados pelos governos para avaliar a eficácia da vacina. Enquanto isso não ocorre, autores da pesquisa sugerem que outras ações, como melhorias na higiene e na alimentação, sejam realizadas paralelamente à imunização.

Pesquisa revela dificuldade de mulheres que abortam no serviço de saúde
Um estudo realizado com 16 mulheres que tiveram 44 gestações e abortaram 22 vezes apontou que e a discriminação e o despreparo de profissionais tornam inadequado o atendimento de casos de aborto no sistema de saúde. De acordo com o estudo, apresentado na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), as mulheres que recorrem ao aborto induzido são de baixa renda, com idade menor que 20 anos e sem condições de sustentar os filhos. As técnicas mais frequentes são a ingestão de comprimidos e chás abortivos.
Segundo a pesquisadora, o julgamento é um fator moral relevante direcionado às pessoas que abortaram. Desestimuladas, elas não procuram serviço médico e aumentam o número de mortes. O Ministério da Saúde confirma que esta é a quarta causa de morte materna no país.