"Quereis ser médico, meu filho? Esta é a aspiração de uma alma generosa, de um espírito ávido de ciência.
Tens pensado bem no que há de ser a tua vida?"

- Esculápio -

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Febre pode não ser indicador seguro para detectar H1N1, diz estudo

Uma equipe da Universidade Nacional de Seul, na Coreia do Sul, aponta que a febre é um sintoma presente em apenas 45,5% dos casos confirmados de hospitalização e quarentena de pacientes com a gripe H1N1 durante os estágios iniciais da doença em 2009.
Segundo o grupo liderado por Sang Won Park, sintomas respiratórios como tosse são indicativos mais confiáveis para diagnosticar possíveis portadores do vírus em aeroportos e centros médicos de triagem, especialmente para pessoas com desenvolvimento brando da doença.
Segundo os especialistas, atualmente, profissionais de saúde pública utilizam a temperatura do corpo para avaliar o potencial de um indivíduo para conter o vírus, método também empregado por aeroportos em períodos de pandemia. O perigo estaria em não conseguir identificar portadores do H1N1 e permitir a continuidade do contágio.
O estudo integra a edição de agosto do American Journal of Infection Control, publicação da Associação para Profissionais de Controle de Infecção e Epidemiologia norte-americana (APIC, na sigla em inglês).
"Nós tomamos conhecimento de outros estudos nos quais a febre aparece em apenas 31% dos casos confirmados da gripe", afirma Park. "Descobrimos que o indicador mais comum era a tosse, não a febre."

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Ministro da Saúde anuncia Comissão para carreiras no SUS

O Ministério da Saúde e as entidades médicas trabalharão juntos na elaboração de uma proposta de carreiras para médicos e outros profissionais de saúde vinculados ao SUS. Durante a solenidade de abertura do XII Encontro Nacional das Entidades Médicas (Enem), na noite desta sexta-feira (28), o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, anunciou a assinatura de Portaria que institui uma Comissão Especial para elaboração de proposta de carreiras no SUS com vistas a buscar soluções para a ausência de profissionais permanentes na atenção à saúde da população brasileira. O grupo terá 90 dias para apresentar relatório com soluções.
A Comissão é uma resposta do pedido feito pelas entidades médicas nos últimos meses. Segundo Temporão, o grupo poderá também apontar soluções possíveis para a interiorização dos médicos, como a criação de uma carreira de Estado. “Queremos garantir a fixação do profissional. O Ministério busca junto às entidades médicas uma parceria no sentido do fortalecimento da qualificação no SUS”, disse o ministro.
A meta inicial do Ministério é garantir assistência em mais de 400 municípios, principalmente do Norte e Nordeste. Além dos médicos, a Comissão será formada por entidades da odontologia e de enfermagem. Para o presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), a carreira de Estado para médicos é considerada fundamental para resolver a falta de assistência em regiões distantes. “Ficamos contentes em ver que o Ministério cumpriu o acordo estabelecido com as entidades. Queremos participar em todas as comissões de formação medica. Podemos colaborar muito”, enfatizou.
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, também manifestou preocupação com a abertura indiscriminada das escolas de medicina: “é preciso mais qualidade”. A coordenadora de residência médica do Ministério da Educação (MEC), Jeanne Michel, defendeu a expansão das vagas de residência médica. Segundo ela, o assunto será inserido no Plano Nacional de Educação.
O presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), José Luiz Gomes do Amaral, considera inaceitável o baixo número de vagas na residência. “Assistimos estudante passarem seis anos na universidade e não conseguir uma qualificação adequada. Estamos caminhando a passos firmes no sentido de oferecer uma formação completa aos médicos”, disse.
Para o presidente da Federação Nacional dos Médicos (FENAM), Cid Carvalhaes, o Encontro Nacional das Entidades Médicas permitirá avançar em ações concretas. “Precisamos de não só de ideias, mas ações concretas de avanço”, apontou.
Fonte: Portal Médico - CFM

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Álcool reduz intensidade de artrite reumatoide, aponta estudo

O consumo de álcool pode reduzir a severidade dos sintomas de artrite reumatoide, conforme aponta estudo de cientistas da Universidade de Sheffield, na Inglaterra, publicado na noite da última terça-feira no jornal Rheumatology, da Universidade de Oxford. Liderados por Gerry Wilson, professor de reumatologia em Sheffield, os pesquisadores estudaram os dados fornecidos por 1887 pessoas. O grupo de pacientes com a doença teve 873 participantes e os restantes 1004 integraram o controle da experiência, sem apresentarem sintomas da artrite reumatoide. Perguntados sobre quanto haviam bebido no mês anterior à inclusão no estudo, os participantes responderam a questionários detalhados, passaram por exames de raios-x e de sangue e tiveram as articulações analisadas por uma experiente pesquisadora e enfermeira.
Wilson contou com o apoio do professor James Maxwell, membro do Academic Rheumatology Group da Universidade de Sheffield. O especialista afirmou que os pacientes consumidores frequentes de álcool apresentaram sintomas menos intensos na comparação com portadores da doença abstêmios, que bebem pouco ou de forma inconstante.
"Exames de raios-x mostraram articulações menos danificadas, testes de sangue informaram sobre níveis menores de inflamação e os pacientes que bebem regularmente também reclamaram menos de dores nas juntas, inchaço e deficiência física", diz Maxwell. Os cientistas também descobriram que abstêmios são 4 vezes mais propensos a desenvolver artrite reumatoide do que pessoas que bebam álcool em mais de 10 dias por mês. O risco de contrair a doença diminuiu em proporção com o aumento da frequência no consumo.
"Os dados corroboram estudos anteriores que já apontavam para o decréscimo da suscetabilidade para o desenvolvimento da doença entre pessoas que bebam regularmente", explica o especialista. Ainda é desconhecido o motivo do efeito do álcool em relação à artrite reumatoide. "Há evidências que o álcool suprime a atividade do sistema imunológico", afirma Maxwell. "Mudanças no sistema de defesa do corpo que levam à artrite reumatoide acontecem meses ou até anos antes do desenvolvimento da doença."
O especialista diz que uma explicação possível para a diminuição na severidade dos sintomas estaria nos efeitos anti-inflamatórios e analgésicos do álcool. Os pesquisadores destacam que outros estudos são necessários para confirmar o trabalho da Universidade de Sheffield e também para investigar os mecanismos pelos quais o álcool age no combate à doença. Outra limitação está no fato da pesquisa ter trabalhado com dados sobre a frequência do consumo. O volume de bebida ingerida não foi levado em conta nos dados avaliados pelos cientistas britânicos.

Presidente da AMB defende exame único para entrar na residência médica

Durante a mesa Formação Médica, no primeiro dia do XII Encontro Nacional das Entidades Médicas, José Luiz Gomes do Amaral, presidente da AMB, defendeu a adoção de um modelo único de exame para selecionar os candidatos à residência.
“Propomos a realização de uma prova única, como a conduzida pela Associação Médica do Rio Grande do Sul, mas expandida para uma fase prática e nacional”.
O presidente da AMB também pediu cautela na adesão de doutrinas generalistas. ”A necessidade não pode fazer do médico refém do gestor de saúde”.
Em relação à revalidação médica, Gomes do Amaral atentou para uma particularidade que pode causar danos à população.
“Apenas nos países do mundo em desenvolvimento é possível graduar-se e exercer a profissão médica. Nos outros, para atuar como médico, é necessária a especialização”.
Ele concluiu pedindo que o texto final fosse resumido com um número pequeno de propostas fortemente alicerçadas, pois essas podem trazer resultados mais eficazes.
Fonte: Portal Médico - CFM

terça-feira, 27 de julho de 2010

Código de Ética fixa limites para a publicidade médica

O que pode:
- Anunciar serviços de maneira sóbria, informando nome, especialidade e número de registro em CRM. Títulos científicos comprováveis e meios de contato também podem ser informados
- Em anúncios de pessoas jurídicas, incluir o nome do diretor-técnico da instituição, com a respectiva inscrição no CRM local
- Conceder entrevistas a veículo de comunicação para esclarecer a sociedade
- Usar imagens de tratamento em eventos científicos, quando imprescindível, mediante autorização expressa do paciente
- Receber títulos ou homenagens de entidades reconhecidas pela sociedade, como universidades, instituições públicas, sociedades médicas, entre outras
 O que não pode:
- Conceder entrevista para se autopromover
- No contato com a imprensa, fornecer endereço e telefone de consultório para angariar clientela
- Participar de anúncios comerciais
- Divulgar tratamento não reconhecido pela comunidade científica
- Anunciar títulos científicos sem a devida comprovação
- Apresentar como originais descobertas que não o sejam
- Abordar tema médico de modo sensacionalista
- Não incluir em anúncios seu registro em CRM
- Prometer, garantir ou insinuar resultados
- Fazer consulta pela mídia
- Afirmar possuir aparelhos que lhe atribuem capacidade privilegiada
- Expor imagens de paciente para divulgar técnica, método ou resultado de tratamento
- Oferecer serviços por meio de consórcios ou similares
- Participar de concursos ou premiações para escolha do “médico destaque” ou “melhor médico”
- Dar ao paciente cupons de desconto
- Manter vínculo de dependência com indústria de produtos de prescrição médica
- Deixar de declarar conflitos de interesse, ainda que potenciais, relativos à sua atuação como docente ou pesquisador
Fonte: CRM/SC

Livro "Comentários ao Código de Ética Médica" será lançado hoje

Eduardo Dantas e Marcos Coltri lançam nesta terça-feira (27), às 17h, no auditório do Conselho Federal de Medicina (CFM), em Brasília, o livro Comentários ao Código de Ética Médica. “A proposta da obra, em síntese, é auxiliar no preenchimento de uma lacuna existente na doutrina acerca do Código de Ética Médica, seja em relação aos profissionais da Medicina, seja em relação aos militantes do Direito”, afirmam os autores. No livro, Dantas e Coltri comentam o Código artigo por artigo e analisam o documento sob a perspectiva da legislação vigente - também há comparativo com os dispositivos do Código de 1988.
Para o presidente do Conselho Federal de Medicina e coordenador da Comissão Nacional de Revisão do Código de Ética Médica, Roberto Luiz d’Avila, a obra irá auxiliar a todos os profissionais, do Direito e da Medicina, a entender e a exigir uma melhor qualidade da assistência baseada na compaixão e no humanismo necessários ao respeito à dignidade humana. “No momento em que um novo livro comentando o atual Código de Ética Medica entra em vigor, revigora-se a possibilidade de robustecer a discussão que se inicia referente ao alcance, à extensão e às possibilidades de aplicação das novas regras para a melhoria da assistência à saúde em nosso país”, afirma d’Ávila.
“Este código comentado é de importância não só ao cotidiano dos médicos e dos juristas, mas interessa, ainda, a todos aqueles que se dedicam a edificação de uma ponte para o futuro de um mundo melhor. Louve-se a bem sucedida missão dos autores e a publicação deste relevante estudo”, avalia Carlos Vital, vice-presidente do Conselho Federal de Medicina.

sábado, 24 de julho de 2010

Álcool dificulta a prevenção da Aids

O consumo de bebidas alcoólicas é um dos principais fatores de risco para o sexo sem proteção, segundo um estudo divulgado pela revista científica The Lancet. A pesquisa foi divulgada quarta-feira na 18ª Conferência Internacional Aids 2010, que acontece em Viena. Um levantamento feito pelo Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde também indica a associação.
A pesquisa, realizada no Brasil com pessoas entre 15 e 64 anos, mostrou que 72,7% acreditam que o uso de álcool ou drogas pode fazer com que as pessoas tenham relações sexuais sem camisinha. Cerca de 24% dos entrevistados já deixaram de usar preservativos sob efeito de álcool ou drogas. O trabalho foi feito em 2008.
"O álcool aumenta a vulnerabilidade, principalmente entre os jovens. A pessoa sob efeito de bebidas alcoólica ou drogas têm uma diminuição da consciência e acaba sendo levada pela emoção, pelo momento", afirmou o diretor adjunto do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais, Eduardo Barbosa. Segundo o especialista, em alguns casos o excesso de bebidas alcoólicas faz com que a pessoa esqueça o preservativo. Em outros, a pessoa sabe que precisa usar e, se não tem camisinha na hora, faz sexo mesmo assim.
"Temos uma política de redução de danos. Distribuímos preservativo em bares e boates. Mas chega um momento em que a questão se torna mais individual e não temos como atuar", destacou Barbosa. Ele faz um alerta: "As pessoas precisam entender que, mesmo em um ambiente de diversão, precisam estar conscientes de que o risco de vulnerabilidade com o álcool é grande, seja para o HIV ou para um acidente de carro", alerta o diretor adjunto.
Clarissa Mello, Agência O Dia

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Presidente do CFM recebe título de cidadão catarinense

Em sessão solene realizada na noite de quarta-feira (21), na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, o médico Roberto Luiz d’Avila recebeu o título de cidadão catarinense das mãos do colega de profissão e deputado Serafim Venzon (PSDB), autor da proposta. O evento contou com a participação de autoridades do setor de saúde e representantes do conselho médico catarinense.
Venzon destacou que a homenagem é “um reconhecimento do Parlamento Catarinense aquele que, pelas suas obras e realizações, cumpriu extenso trabalho social, gerando benefícios a inúmeros cidadãos”.
Para o deputado Jailson Lima (PT), que também é médico e foi aluno de Roberto, a cerimônia é um “momento ímpar” para a classe médica do estado. “Nos sentimos orgulhosos em poder ter uma figura assim como cidadão catarinense”, frisou.
Fazendo referência ao fato de Roberto ser o atual presidente do Conselho Federal de Medicina, o deputado federal Edinho Bez (PMDB) lembrou que “Santa Catarina tem agora o privilégio de contar com um cidadão seu como representante dos cerca de 350 mil médicos existentes no país”.
O representante do Conselho Regional de Medicina de SC, Nelson Grisard, relatou aos presentes o trabalho de Roberto como coordenador da Comissão Nacional de Revisão de Ética Médica. “Não é somente pela generosidade que os catarinenses lhe concedem esse título, mas também pela sua dedicação à causa da saúde”, explicou.
Em discurso emocionado, o homenageado afirmou que quem não viveu distante de sua terra não pode compreender totalmente a importância da homenagem. “Meu corpo nasceu no Rio de Janeiro, mas minha alma nasceu aqui. Penso que sempre fui catarinense e não conseguiria me sentir completo sem esse título”, completou.
Nascido no Rio de Janeiro, o homenageado adotou Florianópolis como sua terra natal há 32 anos. Atuou como professor na Universidade Federal de Santa Catarina e foi defensor do Ato Médico, que regulamenta a prática da medicina. Foi o principal articulador do novo Código de Ética Médica, como coordenador da comissão nacional que revisou o documento. Atualmente é presidente do Conselho Federal de Medicina.
Fontes: Assembleia Legislativa de Santa Catarina e Portal Médico

terça-feira, 20 de julho de 2010

Abertura indiscriminada de faculdades de medicina vai terminar em tragédia, alertam médicos

Frequentes temas de denúncia da Associação Médica Brasileira (AMB), do Conselho Federal de Medicina (CFM), da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), a abertura indiscriminada de escolas médicas, a falta de vagas de residência e as tentativas do governo de criar facilidades ilegítimas para a revalidação de diplomas obtidos no exterior estarão entre as pautas centrais do XII Encontro Nacional das Entidades Médicas (ENEM), entre 28 e 30 de julho, em Brasília, Distrito Federal. Existe consenso hoje de que a ausência de medidas enérgicas para solucionar tais problemas aumenta o perigo de atendimento não qualificado aos cidadãos, o que certamente já coloca vidas em risco em todas as regiões do Brasil. Trata-se, enfim, de uma tragédia anunciada, que, infelizmente, pode, em breve espaço de tempo, fazer muitas vítimas pela omissão de autoridades, pela falta de legislação e políticas públicas consistentes.
Faz quase 15 anos que entidades médicas nacionais, estaduais e sociedades de especialidade chamam a atenção de políticos, da mídia e da comunidade para a proliferação irresponsável de cursos de medicina. Lamentavelmente, sucessivos governos têm feito vistas grossas para o problema. Vêm prevalecendo assim interesses econômicos e políticos contestáveis, com anuência de uma legislação permissiva. O resultado é que temos no Brasil hoje 180 escolas médicas, em grande parte sem estrutura mínima, sem corpo docente próprio e qualificado na área médica ou hospital universitário. Uma expressiva parcela de empresários do “ensino superior” - nem um pouco comprometida com a assistência em saúde aos cidadãos - busca fundamentar a enxurrada de novos cursos com argumentos tendenciosos. Fala-se, por exemplo, que há falta de médicos no Brasil; outros dizem que a criação escolas é importante para inclusão de novos alunos nos cursos superiores.
O fato é que não há falta de médicos. Entre 2000 e 2009, a quantidade de profissionais de medicina aumentou 27% – de 260.216 para 330.825. No mesmo intervalo de tempo, a população brasileira cresceu aproximadamente 12% – de 171.279.882 para 191.480.630, segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Recente pesquisa do CFM revela que a média nacional é de um médico para 578 habitantes. Na cidade de São Paulo, existe um para 239 habitantes - média superior à de países europeus. É verdade, por outro lado, que há regiões com número insuficiente de profissionais, mas trata-se de fruto da má distribuição pelo território nacional – outra consequência da fragilidade de nossas políticas públicas de saúde. Também não são escassas as oportunidades de inclusão nas faculdades de medicina. Temos 180 cursos (102 particulares, 7 municipais, 24 estaduais e 48 federais) e cerca de 17 mil vagas criadas anualmente para universo que se aproxima de 200 milhões de habitantes. Somente de 1996 a 2009, 98 escolas médicas foram autorizadas (entre as quais apenas 30 públicas), situação sem paralelo em qualquer outro país do mundo.
Vale aqui um parêntese: a China, com mais de 1 bilhão e 300 milhões de habitantes, possui 150 cursos médicos; os Estados Unidos, com população de mais de 300 milhões, contam com 131 faculdades de medicina. Para agravar o quadro brasileiro, várias faculdades, ao arrepio dos termos de sua autorização abrem mais de um vestibular ao ano. Outras, à falta fiscalização efetiva, burlam os processos de qualificação e incluem transferidos clandestinos ao longo do curso. Os resultados da proliferação irresponsável de escolas já são públicos. Provas experimentais realizadas, por exemplo, por entidades médicas de São Paulo e do Rio Grande do Sul atestam que o nível da formação é péssimo, em regra. Hoje, em regiões em que o ensino é menos sofrível, existem estimativas de que cerca de 60% dos estudantes do sexto ano não têm conhecimento suficiente da medicina. Dá para imaginar, por consequência, qual é a realidade das regiões mais frágeis economicamente e das mais remotas. Isso sem falar no risco que a população está sofrendo.
Insensível à situação calamitosa, o Congresso Nacional há mais de 6 anos mantém na gaveta projeto de lei (PL 65/2003) que estabelece parâmetros para autorização de abertura e renovação de cursos de medicina. Até que este projeto seja aprovado e passe a vigorar, não haverá respaldo jurídico sólido para impedir o funcionamento de escolas médicas sem hospital de ensino próprio, sem corpo docente médico suficiente vinculado ao hospital universitário, sem programa de residência médica associado, requisitos essenciais para instituições dessa natureza.
Mudar a legislação é imperioso. Contudo, não basta para garantir a qualidade dos graduados. É fundamental, simultaneamente, avaliações externas, realizadas por instituições independentes, como a de entidades médicas. Cabe ressaltar que, de uns tempos para cá, vê-se na atual administração do Ministério da Educação (MEC), esforços verdadeiros no sentido de corrigir distorções no aparelho de formação em medicina. Com esse intuito, o ministro Fernando Haddad e sua Secretária de Educação Superior (SESU), Maria Paula Dallari Bucci, contam com o relevante apoio do professor Adib Jatene, presidente de comissão de especialistas criada especialmente para avaliar a qualidade do ensino médico. Entretanto, pela dimensão do problema a dose do remédio está aquém da necessária.
Durante o ENEM outro problema importante a ocupar a pauta é a revalidação dos diplomas obtidos fora do Brasil. Faz alguns anos, o governo busca criar privilégios para um grupo de estudantes brasileiros formados em Cuba, na Escola Latino-Americana de Medicina (ELAM). Vale lembrar que a revalidação dos diplomas da ELAM está prevista no ajuste ao acordo de cooperação cultural e educacional assinado entre os governos de Brasil e Cuba em 2006, e que começou tramitar na Câmara por meio do Projeto de Decreto Legislativo 346/07. Desde então, o governo já apresentou uma série de portarias e normativas para tentar dispensar tais graduados do exame de revalidação.
As entidades médicas compreendem que os critérios de revalidação devem ser iguais para todos, seja o médico formado em Cuba, na Bolívia, nos Estados Unidos, na Inglaterra ou em qualquer outro país. É essencial ter um exame nacional unificado, sem a adoção de mecanismos diferenciados a esta ou aquela nação. Não se pode, sob hipótese alguma, permitir que uma só pessoa exerça a medicina no país sem comprovar que está 100% apta e capacitada para lidar adequadamente, com competência e resolutividade, com a saúde dos cidadãos.
O intuito das entidades é apoiar a expansão do número de vagas e bolsas de residência para cada egresso nas áreas gerais, de acordo com as necessidades da saúde pública. Além disso, deve-se valorizar a residência como pós-graduação ideal, frente a estágios e cursos de especialização sem mínimas regras éticas e pedagógicas. Para tal, é necessário garantir financiamento apropriado às instituições; adequação do valor da bolsa (que não é reajustada há dois anos), bem como reajuste anual e respaldo às reivindicações dos residentes, como 13º salário, auxílio-alimentação e alojamento, adicional de insalubridade, licença-gestante de seis meses e garantia de retorno para término da bolsa.
Fonte: Portal Médico - CFM

domingo, 18 de julho de 2010

Tempero pronto tem excesso de sódio, o vilão da hipertensão

A praticidade dos temperos industrializados pode custar caro para a saúde. Das 19 principais variedades do produto vendidas no Brasil - em pó, pasta e tablete-, nenhuma tem o consumo recomendado pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste). O motivo é a alta concentração de sódio.
Entre as amostras analisadas, três delas continham - em uma porção pequena, equivalente a uma colher de chá ou tablete - 70% da quantidade de sódio indicada para um dia inteiro. Os campeões do sódio, de acordo com a Proteste, são os temperos à base de alho e sal, vendidos sob a forma de pasta, em potes. O primeiro da lista, aliás, traz a inscrição "sabor natural" na embalagem.
Com a ingestão dos temperos, garante a Proteste, o risco de passar do limite em relação ao sódio aumenta - um perigo sobretudo para hipertensos. "O consumidor ultrapassará a quantidade recomendada porque, além dos temperos, irá ingerir outros alimentos com sódio ao longo do dia", diz a nutricionista da Proteste, Manuela Dias. Para evitar excessos, os médicos aconselham a substituição dos temperos prontos por ingredientes - realmente - naturais. "Ervas para dar o aroma à comida, cebola e alho para dar gosto", indica Bottoni.
O sódio em excesso é apontado como o principal vilão da hipertensão, podendo agravar doenças cardiovasculares. Elas afetam 308.000 brasileiros, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). "Metade poderia ser evitada com medidas preventivas, como o respeito ao limite do consumo de sódio por dia", diz o cardiologista e coordenador de ações sociais da SBC, Carlos Alberto Machado.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aconselha o consumo diário máximo de 2 g de sódio. Algumas pessoas devem ter atenção redobrada. "Cardiopatas, hipertensos, pacientes com problemas renais, neurológicos ou que usem medicamentos antidepressivos estão no grupo que corre mais risco com o excesso (de sódio)", alerta o cardiologista Martino Martinelli Filho, do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas.
Agência Estado

Médicos resistem a denunciar colegas

Os médicos americanos resistem a denunciar seus colegas de profissão que cometem erros ou não estão em condições de exercer a medicina, contrariando a lei de vários estados, revelou um estudo publicado nesta terça-feira.
"Em seus estatutos, muitos estados obrigam os médicos a apontar às autoridades seus colegas que têm sua capacidade de exercer (a medicina) afetada por álcool, drogas, uma doença ou um problema sociológico", afirmaram os autores de um estudo realizado por médicos no Hospital Geral de Massachusetts, em Boston.
"Os dados sugerem que a taxa de indicação é muito mais baixa do que deveria ser, levando em conta o número de médicos que se veem incapacitados de continuar com suas carreiras", destacou o estudo publicado na revista Jama (Journal of the American Medical Association) de julho.
A pesquisa observou o comportamento de 1.891 médicos em 2009, dos quais uma ampla maioria (64%) se disse disposta a apontar um colega incompetente. No entanto, apenas 17% deles disseram ter tido conhecimento de casos de médicos incompetentes e apenas uma parte deste grupo de doutores informou o caso às autoridades competentes.
"Estas conclusões são preocupantes porque o sistema de vigilância e denúncia dos pares é um dos mecanismos essenciais para identificar os médicos cujas práticas e atitudes se tornam problemáticas", concluíram os autores do informe.

Mulher fica doente após fazer sexo com namorado que tomou vacina contra a varíola

Há duas semanas, uma jovem apresentou sintomas de inchaço e dor após manter relações sexuais com um soldado americano, que havia recebido recentemente a vacina para imunização contra a varíola. De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), a mulher foi contaminada pelo vírus vaccinia, utilizado na elaboração de vacinas contra a varíola. Este é um dos cinco casos conhecidos nos últimos 12 meses de mulheres que se infectaram com o vírus da varíola através do contato sexual com um membro do Exército, conforme o Relatório de Morbidade e Mortalidade divulgado pelo CDC.
A jovem americana, que não teve seu nome divulgado, procurou tratamento médico ao perceber um inchaço vaginal doloroso, em forma de anel. Depois de receber antibiótico, ela retornou ao atendimento de emergência reclamando de dor, uma nova inflamação e inchaço. O diagnóstico só foi confirmado por um especialista em doenças infecciosas. Segundo o relatório do CDC, a transmissão ocorreu porque o soldado do exército americano removeu o curativo que protegia o local.
A varíola é antiga. “Era uma doença que comprometia todo o corpo da pessoa, órgãos internos e era exteriorizada na pele, com um grande número de erupções que deixavam cicatriz”, diz João Silva de Mendonça, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia. A varíola matou faraós, contaminou presidentes americanos (George Washington e Abraham Lincoln contraíram a doença), ditadores soviéticos (Stálin foi contaminado na infância e ficou com o rosto marcado pelas terríveis pústulas que se formam. Suas fotos passavam por retoques para esconder as cicatrizes) e permaneceu fazendo vítimas até a década de 1970, quando a Organização Mundial de Saúde promoveu um intenso esforço para erradicar a doença.
Mas o fim da varíola só foi possível por que outro vírus, o vaccinia, foi descoberto em 1796, pelo médico inglês Edward Jenner. Ele percebeu que pessoas infectadas com o vírus da varíola bovina – um tipo mais leve da doença, causado pelo vaccinia – não desenvolviam a varíola humana. Amplamente aplicada na população do mundo inteiro até o fim da década de 70, a vacina é capaz de proteger as pessoas contra infecção da varíola, que pode ser letal.
Em geral, a infecção pelo vírus vaccinia é branda e assintomática. Entre as possíveis reações, estão erupção cutânea e febre. Complicações como a que ocorreu com a jovem são mais comuns em pessoas com o sistema imunológico comprometido.
No caso da varíola, havia a possibilidade de infecção de duas formas: a causada pelo Variola major, com 30% de letalidade, e pela Variola minor, que causava menos de 1% de casos letais, Entre os principais sintomas preliminares da doença estavam febre, mal-estar, dor de cabeça e dores no corpo. Na forma mais violenta e conhecida da varíola, as pessoas apresentavam erupções em todo o corpo.
Com o passar do tempo e a difusão da vacina, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou finalmente a doença como extinta, em 1979. A partir disso, foi solicitado que todos os laboratórios do mundo destruíssem os acervos com amostra de vírus. Atualmente, apenas o CDC e o Instituto Vector, na Rússia, possuem amostras do vírus. As duas únicas amostras quase foram destruídas em 1986, 1993 e 1995, mas em 2002 a OMS chegou à conclusão de que seria melhor manter amostras do vírus para realizar pesquisas e, se fosse o caso, criar vacinas. “Depois dos ataques de 11 de setembro, os Estados Unidos começaram a vacinar seus soldados contra a varíola para prevenir a utilização da doença como arma biológica”, explica Tânia Fernandes, historiadora da Fundação Oswaldo Cruz.
De acordo com Fernandes, a varíola foi a primeira doença para a qual se criou uma vacina e foi a única a ser erradicada. “Houve uma tentativa com a malária e com a paralisia infantil. No primeiro caso, não conseguiram erradicar o mosquito, no segundo, é uma doença que ainda está em erradicação”, afirma Fernandes.
Fonte: VEJA Saúde

CFM quer regras claras na relação entre médico e indústria farmacêutica

Uma reunião entre os conselheiros federais do Conselho Federal de Medicina (CFM) e o presidente executivo da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), Antônio Britto Filho, discutiu pontos importantes da relação entre médicos e a indústria farmacêutica.
Programas de adesão para aquisição de medicamentos e critérios para patrocínio de viagens de médicos a congressos foram os principais itens abordados. Para Britto Filho, existem vários pontos que precisam ser clareados para o aperfeiçoamento desta relação. Em nome dos 33 laboratórios que a Interfarma representa, ele afirmou que a indústria farmacêutica considera a aproximação com o CFM benéfica por propiciar a partilha de pontos de vista e o engajamento conjunto em prol da sociedade.
Britto defendeu uma regulamentação dos programas de adesão para aquisição de medicamentos, bem como um exame claro, transparente e público dos problemas que a prática – vetada pelo CFM desde o início deste ano – enfrenta. A resolução CFM 1.939/2010 proíbe a participação do médico em promoções relacionadas com o fornecimento de cupons e cartões de descontos para a aquisição de medicamentos.
O presidente do CFM, Roberto Luiz d’Avila, propôs o aprofundamento das discussões. Representantes da Interfarma serão convidados a participar de um grupo de trabalho para este fim. Na pauta estarão formas éticas de educação médica e de concessão de descontos em medicamentos, que poderão resultar, inclusive, na assinatura de protocolo com a Associação. Ele defendeu, por exemplo, formas de financiamento da educação médica que não privilegiem individualmente e sim beneficiem a coletividade. “Penso que podemos estabelecer novos limites ou reconsiderar algumas posturas”, afirmou o presidente do CFM. Todas as decisões referentes à formação do grupo e à assinatura do protocolo deverão ser referendados por decisão colegiada.
Fonte: Portal Médico - CFM

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Novo site da Comunidade Médica de Língua Portuguesa (CMLP) é lançado na internet

A Associação Médica Brasileira (AMB) lançou na internet um novo site para a Comunidade Médica de Língua Portuguesa (CMLP). O site possui documentos institucionais, contatos, informações à imprensa, dados sobre programas médicos existentes no Brasil e informações relativas aos países membros da Comunidade. O endereço é http://www.cmedlp.org/.
Fonte: Associação Médica Brasileira

CFM revoga resolução sobre transplante de órgãos de anencéfalos

O Conselho Federal de Medicina (CFM) revogou a resolução que tratava do transplante de órgãos de anencéfalos. Para a instituição, além das dificuldades de aplicação dos critérios de avaliação de morte encefálica em anencéfalos, os resultados obtidos com esses órgãos transplantados são precários. A decisão foi tomada na reunião plenária do Conselho realizada em junho e foi expressa na forma de resolução (nº 1.949/2010).
A decisão entrou em vigor a partir de sua publicação no Diário Oficial da União, em 6 de julho de 2010. A resolução que foi revogada (nº 1.752/2004) permitia ao médico realizar transplante de órgãos e tecidos de anencéfalo, após o seu nascimento. O transplante deveria ser autorizado pelos pais pelo menos quinze dias antes da data provável do nascimento.
Para o 1º vice-presidente do CFM, Carlos Vital, com essa decisão o CFM adéqua seu conjunto de normas às experiências obtidas e a parâmetros de caráter técnico-científico mais rigorosos, mais coerentes com os aspectos éticos e jurídicos.
Fonte: Portal Médico - CFM

CFM regulamenta atuação temporária de médico em estado diferente do de origem

O Conselho Federal de Medicina (CFM) regulamentou a concessão de visto provisório para o médico que precisa atuar temporariamente em estado diferente daquele em que possui o registro profissional. A modalidade de inscrição tem validade de 90 dias corridos e pode ser concedida apenas uma vez no exercício financeiro (março a março). O período de 90 dias pode ser fracionado para alguns profissionais: médicos auditores, peritos, integrantes de equipes de transplante pertencentes a entes públicos, empresas de âmbito nacional e profissionais contratados para atuar como assistentes técnicos em perícias cíveis e criminais, de forma temporária e excepcional.
O visto provisório está previsto na Resolução 1.948/10, publicada no Diário Oficial da União em 6 de julho. A medida entrou em vigor imediatamente após sua divulgação. Pela nova regra, o visto será concedido para o exercício profissional temporário em determinada localidade quando o médico não possuir vínculo empregatício na região de destino e quando a atividade não assumir caráter habitual. A norma determina que o médico requeira o visto ao presidente do Conselho Regional de Medicina da localidade de destino, apresentando a carteira profissional de médico para assentamento e assinatura do presidente do CRM.
Além da obtenção do visto provisório, há duas outras maneiras de se exercer a profissão em outro estado: com a inscrição secundária ou com a transferência definitiva, previstas no Estatuto dos Conselhos de Medicina. A opção pela inscrição secundária se mantém obrigatória para o médico que exerça a Medicina de forma habitual em mais de uma unidade da Federação. O médico deverá requerer inscrição secundária ainda que o somatório anual descontínuo de dias não ultrapasse 90.
A exceção prevista na Resolução abrange médicos peritos, auditores, integrantes de equipes de transplante pertencentes a entes públicos, empresas de âmbito nacional e aqueles profissionais contratados como assistentes técnicos em perícias cíveis e criminais, de forma temporária e excepcional. Nesses casos, a Resolução prevê que a inscrição provisória poderá ser concedida de forma fracionada, respeitado o período total de 90 dias em um mesmo exercício financeiro.
De acordo com o coordenador da Comissão que relatou a proposta de resolução, Emmanuel Fortes (3º vice-presidente do CFM), a condição diferenciada se justifica pelo fato de que esses profissionais exercem atos institucionais, e não de caráter particular. Ele afirma que essa atuação não vai ficar livre da fiscalização dos Conselhos. “O CFM e os CRMs terão postura rígida de controle e o trabalho não poderá exceder 90 dias em um ano. Se isso acontecer, o médico terá que fazer uma inscrição secundária no CRM de onde for atuar”, explica Fortes. “Com a federalização dos órgãos públicos e a criação de empresas de âmbito nacional, a Medicina passou a exigir maior mobilidade de grupamentos específicos, a requerer deslocamentos frequentes e por curto espaço de tempo para controle do ato médico em perícias ou auditorias”, defende o relator da proposta, convicto do ingrediente modernizador que ela incorpora.
Fonte: Portal Médico - CFM

Hospital Marieta registra aumento no número de doações de órgãos em 2010

A Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante - CIHDOTT - do Hospital Marieta Konder Bornhausen registrou um aumento no número de captações de órgãos no segundo trimestre de 2010 em relação ao mesmo período do ano passado.
De abril a junho deste ano foram entrevistadas 49 famílias de potenciais doadores e 23 autorizaram a doação. Neste mesmo período em 2009, das 44 famílias entrevistadas apenas 11 consentiram a doação. No total do ano já foram registradas 34 captações de órgãos e tecidos pela CIHDOTT no hospital. Durante todo o ano de 2009 foram realizadas 44 captações.
De acordo com a enfermeira responsável pela Comissão, Milene Aparecida Machado, apesar deste aumento em 2010 o número de doações ainda é baixo. Segundo a enfermeira, as duas maiores barreiras encontradas na doação são os parentes de 1° grau que não têm informação quanto ao desejo do paciente de ser doador e o sentimento na hora da morte. “As famílias não se lembram de nos procurar para promoverem a doação. Muitas vezes os familiares nos procuram depois e se lastimam por não terem doado e ajudado outras pessoas”.
Segundo a lista de espera da SC Transplantes, 1.873 pessoas aguardam por um transplante no estado.
Fonte: ClicRBS Itajaí

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Manobra de Phalen

Manobra de Phalen é um exame diagnóstico para a síndrome do túnel do carpo descoberto por um ortopedista norte-americano chamado George S. Phalen.
Solicita-se ao paciente que mantenha seus punhos em flexão completa e forçada (empurrando as superfícies dorsais de ambas mãos juntas) por 30-60 segundos. Essa manobra aumenta moderadamente a pressão no túnel do carpo e possui o efeito de prensar o nervo mediano entre a borda proximal do ligamento transverso do carpo e a borda anterior da porção distal do rádio. Ao comprimir o nervo mediano no interior do túnel do carpo, sintomas característicos (como queimação, pontada ou formigamento no polegar, indicador, dedo médio e dedo anelar) são considerados sinais positivos e sugerem uma síndrome do túnel do carpo.
Em estudos de acurácia diagnóstica, a sensibilidade da manobra de Phalen variou de 51% a 91% e sua especificidade entre 33% e 88%. A manobra de Phalen é mais sensível que o sinal de Tinel.

Hipocratismo digital

Na medicina, o hipocratismo digital ou baqueteamento digital é um sinal caracterizado pelo aumento (hipertrofia) das falanges distais dos dedos e unhas da mão que está associada a diversas doenças, a maioria cardíacas e pulmonares. Também pode ocorrer sua forma idiopática. Provavelmente Hipócrates foi a primeira pessoa a documentar estas alterações das unhas, relacionando-as com doenças, por este motivo o sinal recebeu seu nome em homenagem. É mais comum em síndromes pulmonares e significa um aumento do ângulo formado entre as falanges média e distal dos dedos. Tomando assim uma conformação alargada em sua extremidade se assemelhando a uma baqueta de tambor. Sua fisiopatologia, entretanto, não está clara, embora se pense que possa estar relacionada ao fator de crescimento derivado das plaquetas. Plaquetas se acumulariam nas extremidades dos membros em algumas situações ligadas à hipóxia crônica. É caracterizado por uma hipertrofia das falanges distais dos quirodáctilos associada a um aumento da convexidade do leito ungueal (unhas em vidro de relógio). Pode ser decorrente das diversas doenças já citadas mas pode também ser apenas um traço familiar. A melhor maneira de se definir se uma pessoa tem ou não baqueteamento digital é pedi-la que faça a aposição das faces dorsais das falanges distais dos quirodáctilos em questão (direito e esquerdo). Nas pessoas normais, nota-se uma pequena figura de losango ou diamante, logo acima das unhas, pela qual passa a luz. Esta figura simplesmente não existe quando há o baqueteamento.
É classificado em cinco estágios:
   - Grau I - aumento e flutuação do leito ungueal;
   - Grau II - perda do ângulo natural de 15° entre a unha e a cutícula;
   - Grau III - acentuação da convexidade do leito ungueal;
   - Grau IV - aparência de baqueta da extremidade digital;
   - Grau V - aumento da extremidade com espessamento da falange distal e estriações longitudinais na unha.
Apesar do hipocratismo digital ser um sintoma amplamente reconhecido em muitas doenças, o mecanismo fisiológico que realmente o causa ainda não é bem conhecido. O conhecimento atual é de que estas doenças causam vasodilatação na circulação distal que leva a hipertrofia do tecido do leito ungueal (da unha), e consequentemente leva ao formato típico. Outros fatores que parecem estar associados são os efeitos locais de fatores de crescimento que são geralmente sequestrados no leito capilar pulmonar.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Friedrich Gustav Jakob Henle

Friedrich Gustav Jakob Henle (Fürth, 9 de julho de 1809 — Gotinga, 13 de maio de 1885) foi um médico, patologista e anatomista alemão. A ele é creditado o descobrimento da Alça de Henle, uma parte do rim. Seu ensaio "On Miasma and Contagia" foi um claro argumento para a teoria germinal da doença. Ele foi uma importante figura para o desenvolvimento da moderna medicina.
Henle nasceu em Fürth, Baviera. De ascendência judaica, estudou medicina em Heildelberg e em Bonn, onde recebeu seu diploma de médico em 1832; foi prossector em anatomia de Johannes Müller em Berlim. Ele trabalhou durante seis anos nesta posição e realizou vários trabalhos, incluindo três monografias sobre a anatomia de novas espécies de animais, e publicações sobre a estrutura do sistema linfático, a distribuição do epitélio no corpo humano, a estrutura e desenvolvimento do cabelo, a formação do muco e do pus, etc.
Em 1840 aceitou a cadeira de anatomista em Zurique, e em 1844 foi chamado para Heildelberg, onde lecionou não apenas anatomia, mas fisiologia e patologia. Neste periodo, ele se engajou no seu sistema completo de anatomia geral, a qual formou o sexto volume da nova edição do tratado de Samuel Thomas von Sömmering, publicado em Leipzig entre 1841 e 1844. Ao passo que, em Heildenberg, publicava uma monografia zoologica acerca de tubarões e raias, em parceria com seu tutor Müller, e em 1846 seu famoso Manual de Patologia Racional começa a aparecer; isto marca o início de uma nova era nos estudos patológicos, desde que em fisiologia e a patologia foram estudados, nas palavras do próprio Henle, como um dos ramos da ciência, e os fatos da doença estavam sistematicamente considerados como referência às suas relações fisiológicas.
Em 1852, mudou-se para Gotinga, onde publicou, três anos mais tarde, o seu Livro de Anatomia Humana Sistemática (Handbook of Systematic Human Anatomy). Este trabalho foi, talvez, o mais completo e abrangente do seu tempo, e era notável não apenas pela plenitude e pequenez de suas descrições anatômicas, mas também pelo número e excelência das ilustrações com as quais foram elucidadas a anatomia dos vasos sanguíneos, rins, olhos, unhas, sistema nervoso central, etc. Ele descobriu a Alça de Henle e os Túbulos de Henle, duas estruturas anatômicas dos rins. Outros trabalhos nos campos da anatomia e da patologia associados ao seu nome:
   * Criptas de Henle: pequenas bolsas localizadas na conjuntiva do olho.
   * Corpos Hassal-Henle: protuberâncias tranparentes localizadas na periferia da membrana de Descemet do olho.
   * Fissura de Henle: tecido fibroso entre as fibras musculares cardíacas.
   * Ampola de Henle: ampola do tubo uterino.
   * Camada de Henle: camada externa de células da bainha radicular de um folículo piloso.
   * Ligamento de Henle: tendão do músculo abdominal transversal.
   * Membrana de Henle: camada de Bruch interna que faz fronteira com a coróide do olho.
   * Bainha de Henle: tecido conjuntivo formado por fibrilas reticulares organizado em torno de fibras nervosas individuais.
   * Espinha de Henle: A espinha supra-meatica que serve como um marco na área do mastóide.

Rudolph Albert von Kölliker

Rudolph Albert von Kölliker (Zurique, 6 de julho de 1817 - Wurzburg, 2 de novembro de 1905 ) foi um anatomista, biólogo e fisiologista suíço.
Começou seus estudos muito cedo em Zurique ingressando na Universidade em 1836. Após dois anos transferiu-se para a Universidade de Bonn, e mais tarde, para a Universidade de Berlim onde foi aluno dos notáveis fisiologistas Johannes Peter Müller e Friedrich Gustav Jakob Henle. Graduou-se em filosofia em Zurique em 1841, e em medicina na cidade de Heidelberg em 1842.
O seu primeiro emprego acadêmico foi como assistente de dissecações anatômicas junto de Henle; porém este emprego foi curto porque, em 1844, a Universidade da sua cidade natal convidou-o para ocupar a cadeira de professor extraordinário de fisiologia e de anatomia comparada. Sua estadia nesta Universidade foi curta. Em 1847, devido a sua reputação crescente, foi-lhe oferecido o posto de professor na Universidade de Wurtzburgo, onde passou a lecionar as disciplinas de fisiologia e de anatomia microscópica e comparativa.
Estudou particularmente as medusas e outros organismos similares. Para obter matéria prima para os seus estudos, empreendeu expedições zoológicas para o Mar Mediterrâneo e pelas costas da Escócia. No início, interessou-se principalmente pelos invertebrados, porém rapidamente passou a estudar os animais vertebrados. Para estudar os embriões dos mamíferos, foi um dos primeiros a introduzir técnicas microscópicas, incluindo fixação, corte e coloração.
Suas principais contribuições foram no domínio da histologia, secundariamente na zoologia e embriologia. Foi ele quem demonstrou, por exemplo, a diferença entre os músculos lisos e estriados. Entre as suas contribuições na histologia encontra-se o estudo dos músculos lisos e estriados, da pele, dos ossos, dos dentes, dos vasos sanguínios e das vísceras. Em 1850, escreveu um grande manual de anatomia microscópica.
A sua principal contribuição refere-se ao estudo do sistema nervoso. Em 1845, por exemplo, enquanto morava em Zurique, ele teve êxito ao demonstrar a relação entre as fibras nervosas e os neurônios. Foi ele que teve a idéia de diferenciar a fisiologia da anatomia. Igualmente provou que os cromossomos estavam implicados com a herança genética, e que os espermatozóides eram células.
Todas as contribuições científicas lhe valeram honrarias. Anteriormente era conhecido simplesmente como Kolliker, porém o título von foi acrescentado ao seu nome. Tornou-se membro de sociedades cintíficas em diversos paises: na Inglaterra, que visitou várias vezes, era altamente considerado, tornando-se membro estrangeiro da Royal Society em 1860 e, em 1897, atribuiram-lhe o mais alto de sinal de consideração com a Medalha Copley. Recebeu também a Medalha linneana em 1902.

Sociedade Brasileira de Cardiologia quer informação sobre sal nas embalagens

Uma pesquisa recém-concluída por médicos da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia comprovou que 93,30% dos pacientes vítimas de hipertensão não têm nenhuma idéia da diferença entre sal, cujo uso precisam reduzir drasticamente, e sódio, o ingrediente que a indústria anuncia como presente na composição dos alimentos e que é o elemento cujo abuso eleva a pressão e acaba resultando em infartos e derrames.
“Uma bolacha cuja embalagem diz que tem 283 miligramas de sódio, tem na realidade 849 miligramas de sal”, explica Daniel Magnoni, um dos coordenadores da pesquisa. “Para saber quanto sal tem determinada quantidade de sódio, é preciso multiplicar por 2,5”, diz ele.
Isso significa que se um hipertenso comer seis bolachas num dia e não ingerir mais nada, nem arroz, nem bife, nem comer um pãozinho que seja, mesmo assim ingeriu mais do que as 5 gramas de sal que os cardiologistas consideram o máximo tolerável. “É este o motivo pelo qual a Sociedade Brasileira de Cardiologia iniciou uma campanha para tornar obrigatória a informação sobre sal e não sódio, nas embalagens”, diz ele.
Do ponto de vista médico, a campanha contra o abuso do sal faz todo sentido, afirma o presidente da SBC, Jorge Ilha Guimarães. Ele lembra que levantamento do Ministério da Saúde mostrou que no Brasil a incidência de hipertensão, “a doença silenciosa”, gira de 25% a 45% da população adulta, o que explica que a cada ano 315 mil brasileiros morrem de infarto e de AVC, que poderiam ter sido evitados com uma dieta saudável.
A nova pesquisa é um trabalho coletivo de Monica Romualdo, Cristiane Kovacs, Fernanda Cassullo Amparo, Priscila Moreira, que estudaram um universo de 1.294 hipertensos. Um grupo de 13 estudantes de Nutrição de quatro Universidades pesquisou o consumo de alimentos industrializados ricos em sal, os hábitos alimentares domiciliares, como uso do saleiro na mesa e quantidade de sal usado no preparo dos alimentos em cada família.
“Verificamos que mesmo os hipertensos que sabem de sua doença e que tem acompanhamento médico há mais de cinco anos, ainda abusam do sal”, explica Daniel Magnoni, e em vez de reduzirem seu consumo, vão aumentando a quantidade de medicamentos que tomam ao longo da vida. Com o passar dos anos, 29,26% dos pacientes passaram a usar dois ou mesmo três medicamentos, para controlar a pressão.
A pesquisa mostrou que 15,26% das famílias usavam de meio a um quilo de sal por mês em casa, apesar das residências terem apenas três moradores, em média, e de estar patente que um deles é hipertenso e deveria controlar o sal.
A conclusão dos cientistas é que é muito baixa a consciência dos riscos do consumo excessivo de sal na população, já que até os hipertensos tem pouco conhecimento do alto consumo, muitas vezes não levam em conta que embutidos como salsicha, linguiça e presuntos também são ricos em sal, como conservantes e os cardiologistas confirmam a necessidade da mudança da legislação, para que fique patente para o consumidor a quantidade de sal que está consumindo. Mesmo a mudança pode não ser suficiente, dizem os médicos, pois a maioria dos hipertensos confessa que não lê os rótulos das embalagens para conhecer a quantidade de sal dos produtos industrializados.
No cômputo geral, o excesso do consumo de sal deriva do uso de temperos prontos, sete vezes por semana, de enlatados e conservas, uma vez por semana, de queijos, consumidos uma vez por semana por 15,78% dos entrevistados e de embutidos, consumidos também uma vez por semana por 19,42% dos entrevistados.
Fonte: Portal Médico - CFM

Unidade do Hemosc estará em Itajaí nesta quinta-feira

Itajaí receberá mais uma vez a Unidade Móvel do Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina (Hemosc). Nesta quinta-feira, inicia a segunda campanha de doação de sangue do ano na cidade. O ônibus do Hemosc ficará estacionado em frente ao Hospital Marieta Konder Bornhausen, a partir das 8h. Serão distribuídas 50 senhas pela manhã e outras 50 à tarde, a partir das 13h30min. Podem participar da campanha doadores voluntários já cadastrados e também novos doadores de Itajaí e região. Basta comparecer ao local com algum documento de identificação com foto.
Além da próxima quinta-feira, a Unidade estará em Itajaí nos dias 13, 15, 20 e 22 de julho.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Terminalidade da vida

Link para reportagem publicada no último número do Jornal Medicina, do CFM, sobre terminalidade da vida. Vale a pena conferir em http://www.portalmedico.org.br/JORNAL/Jornais2010/maio/pag06.pdf .

domingo, 4 de julho de 2010

O Cânone da Medicina

O Cânone da Medicina (título original em árabe: القانون في الطب Al-Qanun fi al-Tibb) é uma enciclopédia médica de 14 volumes escrita pelo cientista e médico muçulmano persa Ibn Sina (Avicena) em torno do ano 1020. O livro se baseava em uma combinação de sua própia experiência pessoal, de medicina islâmica medieval, dos escritos de Galeno, Sushruta e Charaka, assim como da antiga medicina persa e árabe. O Cânone é considerado um dos livros mais famosos da história da medicina.
Conhecido também como o Qanun, que significa 'lei' no árabe e persa, O cânone da medicina foi uma autoridade da medicina até o século XVIII. Estabelece os princípios da medicina na Europa e no mundo islâmico e é uma das obras escritas máis reputadas de Avicena. Os princípios de medicina que descreveu neste livro há dez séculos seguem sendo ensinados na Universidade da Califórnia em Los Angeles e na Universidade de Yale entre outras como parte da história da medicina. Entre outras coisas, o livro introduz a experimentação e a quantificação sistemática no estudo da fisiologia, e pelo descobrimento das doenças contagiosas. 
O livro explica as causas da saúde e da doença. Avicena pensava que o corpo humano não pode recuperar a saúde a menos que se determinem as causas, tanto da saúde como da doença. Também afirmava que a medicina (tibb) é a ciência pela qual aprendemos os distintos estados do corpo humano quando tem saúde e quando não a tem, assim como os modos pelos quais é provável que se perda a saúde e, uma vez perdida, recuperar-la. Em outras palavras, a medicina é a ciência por meio da qual se conserva a saúde e é a arte por meio de qual se recupera após tê-la perdido. Avicena considerava que as causas da boa saúde e das doenças eram as seguintes:
   1. As causas materiais;
   2. Os elementos;
   3. Os humores;
   4. A variabilidade dos humores;
   5. Os temperamentos;
   6. As faculdades psíquicas;
   7. A força vital;
   8. Os órgãos;
   9. As causas eficientes;
   10. As causas formais;
   11. As faculdades vitais; e
   12. As causas finais.
O Qanun oferece um diagnóstico científico da anchilostomiasis e atribui a condição a um verme intestinal. O Qanun assinala ainda a importância da dieta, a influência do clima e do ambiente sobre a saúde, assim como o uso cirúrgico da anestesia oral. Avicena aconselhava aos cirurgiões tratar o câncer em suas primeiras etapas, certificando-se de remover todo o tecido afetado. A matéria médica do Qanun nomeou mais de 760 medicamentos, com comentários sobre sua aplicação e efetividade. Recomendava a experimentação das novas medicinas com animais e humanos antes de seu uso generalizado.
Avicena observou a estreita relação entre as emoções e a condição física e sabia que a música exercia um efeito físico e psicológico total nos pacientes. Dentre as muitas doenças mentais que descreveu no Qanun, uma é de interesse particular: o mal de amores. Diz-se que Avicena diagnosticou esta condição num príncipe em Jurjan que estava prostrado e cuja doença havia desnorteado os médicos do lugar. Ibn Sina observou um desajuste na pulsação do príncipe quando se mencionava o paradeiro e o nome de sua amada. O grande doutor receitou um remédio muito simples: unir o paciente com a amada.
A cópia mais antiga do Cânone da Medicina data de 1052 e se conserva na coleção do Aga Khan e há planos de abrigá-la no Museu de Aga Khan, em Toronto, Ontário, Canadá.