"Quereis ser médico, meu filho? Esta é a aspiração de uma alma generosa, de um espírito ávido de ciência.
Tens pensado bem no que há de ser a tua vida?"

- Esculápio -

terça-feira, 6 de julho de 2010

Sociedade Brasileira de Cardiologia quer informação sobre sal nas embalagens

Uma pesquisa recém-concluída por médicos da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia comprovou que 93,30% dos pacientes vítimas de hipertensão não têm nenhuma idéia da diferença entre sal, cujo uso precisam reduzir drasticamente, e sódio, o ingrediente que a indústria anuncia como presente na composição dos alimentos e que é o elemento cujo abuso eleva a pressão e acaba resultando em infartos e derrames.
“Uma bolacha cuja embalagem diz que tem 283 miligramas de sódio, tem na realidade 849 miligramas de sal”, explica Daniel Magnoni, um dos coordenadores da pesquisa. “Para saber quanto sal tem determinada quantidade de sódio, é preciso multiplicar por 2,5”, diz ele.
Isso significa que se um hipertenso comer seis bolachas num dia e não ingerir mais nada, nem arroz, nem bife, nem comer um pãozinho que seja, mesmo assim ingeriu mais do que as 5 gramas de sal que os cardiologistas consideram o máximo tolerável. “É este o motivo pelo qual a Sociedade Brasileira de Cardiologia iniciou uma campanha para tornar obrigatória a informação sobre sal e não sódio, nas embalagens”, diz ele.
Do ponto de vista médico, a campanha contra o abuso do sal faz todo sentido, afirma o presidente da SBC, Jorge Ilha Guimarães. Ele lembra que levantamento do Ministério da Saúde mostrou que no Brasil a incidência de hipertensão, “a doença silenciosa”, gira de 25% a 45% da população adulta, o que explica que a cada ano 315 mil brasileiros morrem de infarto e de AVC, que poderiam ter sido evitados com uma dieta saudável.
A nova pesquisa é um trabalho coletivo de Monica Romualdo, Cristiane Kovacs, Fernanda Cassullo Amparo, Priscila Moreira, que estudaram um universo de 1.294 hipertensos. Um grupo de 13 estudantes de Nutrição de quatro Universidades pesquisou o consumo de alimentos industrializados ricos em sal, os hábitos alimentares domiciliares, como uso do saleiro na mesa e quantidade de sal usado no preparo dos alimentos em cada família.
“Verificamos que mesmo os hipertensos que sabem de sua doença e que tem acompanhamento médico há mais de cinco anos, ainda abusam do sal”, explica Daniel Magnoni, e em vez de reduzirem seu consumo, vão aumentando a quantidade de medicamentos que tomam ao longo da vida. Com o passar dos anos, 29,26% dos pacientes passaram a usar dois ou mesmo três medicamentos, para controlar a pressão.
A pesquisa mostrou que 15,26% das famílias usavam de meio a um quilo de sal por mês em casa, apesar das residências terem apenas três moradores, em média, e de estar patente que um deles é hipertenso e deveria controlar o sal.
A conclusão dos cientistas é que é muito baixa a consciência dos riscos do consumo excessivo de sal na população, já que até os hipertensos tem pouco conhecimento do alto consumo, muitas vezes não levam em conta que embutidos como salsicha, linguiça e presuntos também são ricos em sal, como conservantes e os cardiologistas confirmam a necessidade da mudança da legislação, para que fique patente para o consumidor a quantidade de sal que está consumindo. Mesmo a mudança pode não ser suficiente, dizem os médicos, pois a maioria dos hipertensos confessa que não lê os rótulos das embalagens para conhecer a quantidade de sal dos produtos industrializados.
No cômputo geral, o excesso do consumo de sal deriva do uso de temperos prontos, sete vezes por semana, de enlatados e conservas, uma vez por semana, de queijos, consumidos uma vez por semana por 15,78% dos entrevistados e de embutidos, consumidos também uma vez por semana por 19,42% dos entrevistados.
Fonte: Portal Médico - CFM

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