O Cânone da Medicina (título original em árabe: القانون في الطب Al-Qanun fi al-Tibb) é uma enciclopédia médica de 14 volumes escrita pelo cientista e médico muçulmano persa Ibn Sina (Avicena) em torno do ano 1020. O livro se baseava em uma combinação de sua própia experiência pessoal, de medicina islâmica medieval, dos escritos de Galeno, Sushruta e Charaka, assim como da antiga medicina persa e árabe. O Cânone é considerado um dos livros mais famosos da história da medicina.
Conhecido também como o Qanun, que significa 'lei' no árabe e persa, O cânone da medicina foi uma autoridade da medicina até o século XVIII. Estabelece os princípios da medicina na Europa e no mundo islâmico e é uma das obras escritas máis reputadas de Avicena. Os princípios de medicina que descreveu neste livro há dez séculos seguem sendo ensinados na Universidade da Califórnia em Los Angeles e na Universidade de Yale entre outras como parte da história da medicina. Entre outras coisas, o livro introduz a experimentação e a quantificação sistemática no estudo da fisiologia, e pelo descobrimento das doenças contagiosas.
O livro explica as causas da saúde e da doença. Avicena pensava que o corpo humano não pode recuperar a saúde a menos que se determinem as causas, tanto da saúde como da doença. Também afirmava que a medicina (tibb) é a ciência pela qual aprendemos os distintos estados do corpo humano quando tem saúde e quando não a tem, assim como os modos pelos quais é provável que se perda a saúde e, uma vez perdida, recuperar-la. Em outras palavras, a medicina é a ciência por meio da qual se conserva a saúde e é a arte por meio de qual se recupera após tê-la perdido. Avicena considerava que as causas da boa saúde e das doenças eram as seguintes:
1. As causas materiais;
2. Os elementos;
3. Os humores;
4. A variabilidade dos humores;
5. Os temperamentos;
6. As faculdades psíquicas;
7. A força vital;
8. Os órgãos;
9. As causas eficientes;
10. As causas formais;
11. As faculdades vitais; e
12. As causas finais.
O Qanun oferece um diagnóstico científico da anchilostomiasis e atribui a condição a um verme intestinal. O Qanun assinala ainda a importância da dieta, a influência do clima e do ambiente sobre a saúde, assim como o uso cirúrgico da anestesia oral. Avicena aconselhava aos cirurgiões tratar o câncer em suas primeiras etapas, certificando-se de remover todo o tecido afetado. A matéria médica do Qanun nomeou mais de 760 medicamentos, com comentários sobre sua aplicação e efetividade. Recomendava a experimentação das novas medicinas com animais e humanos antes de seu uso generalizado.
Avicena observou a estreita relação entre as emoções e a condição física e sabia que a música exercia um efeito físico e psicológico total nos pacientes. Dentre as muitas doenças mentais que descreveu no Qanun, uma é de interesse particular: o mal de amores. Diz-se que Avicena diagnosticou esta condição num príncipe em Jurjan que estava prostrado e cuja doença havia desnorteado os médicos do lugar. Ibn Sina observou um desajuste na pulsação do príncipe quando se mencionava o paradeiro e o nome de sua amada. O grande doutor receitou um remédio muito simples: unir o paciente com a amada.
A cópia mais antiga do Cânone da Medicina data de 1052 e se conserva na coleção do Aga Khan e há planos de abrigá-la no Museu de Aga Khan, em Toronto, Ontário, Canadá.
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