Hermann Gonçalves Schatzmayr (Rio de Janeiro, 1936 — Rio de Janeiro, 21 de junho de 2010) foi um virologista brasileiro. Foi um expoente da ciência brasileira e acompanhou a própria história da virologia no país: estudou a pandemia de gripe de 1957 e 1958 no Rio de Janeiro, participou de programas de erradicação da varíola e de combate à poliomielite, além de ter produzido destacados estudos em dengue, inclusive como responsável pelo isolamento dos vírus da dengue 1, 2 e 3 no Brasil.
A partir de 1961, passou a trabalhar na Fundação Oswaldo Cruz, quando conheceu a pesquisadora Ortrud Monika Barth, nascida na Alemanha e filha do também pesquisador da Fundação Rudolph Barth (1913-1978), com que casou e viveu durante 49 anos.
Concluiu o doutorado nas universidades de Giessen e Freiburg, onde apresentou uma tese sobre o vírus da poliomielite. Ao retornar ao Brasil em 1967, foi responsável pela produção de vacina anti-variólica em ovos embrionados. Pouco depois da adesão à Fiocruz, liderou a equipe responsável pela diluição e distribuição da vacina Sabin - que acabara de ser adotada pelo Brasil e era importada na forma concentrada. Por mais de 30 anos comandou o Departamento de Virologia no Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), que deu origem a outros centros de referência nacionais e internacionais.
Estudou surtos de doenças no Brasil e desenvolveu projetos relacionados aos vírus de doenças como poliomielite, varíola e rubéola. Atuou na área de microbiologia, com ênfase em virologia, em temas como flavivirus (em especial, dengue e febre amarela), biossegurança e poxvirus. Em agosto de 1984, recebeu o Prêmio da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica. Ocupou o cargo de presidente da Fiocruz de 1990 a 1992, quando criou o FioSaúde, um plano de saúde sob gestão da FioPrev - instituição de seguridade social da Fiocruz.
Hermann Schatzmayr também integrou vários comitês internacionais da Organização Mundial da Saúde (OMS), foi membro da Academia Brasileira de Medicina Veterinária e Academia Brasileira de Ciências, além de sócio-fundador e primeiro presidente da Sociedade Brasileira de Virologia. Schatzmayr era chefe do Departamento de Virologia do IOC quando o vírus da dengue foi isolado pela primeira vez no Brasil, em 1986, na época o do vírus tipo 1. Em 1990, também sob coordenação do pesquisador, foi isolado o vírus do tipo 2 e, em 2001, o do tipo 3.
O virologista faleceu na semana passada, aos 74 anos de idade, vítima de falência de múltiplos órgãos. Deixou um casal de filhos - um engenheiro residente na Alemanha e uma bióloga; quatro netas e um neto.
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