"Quereis ser médico, meu filho? Esta é a aspiração de uma alma generosa, de um espírito ávido de ciência.
Tens pensado bem no que há de ser a tua vida?"

- Esculápio -

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Doenças comuns durante o verão

O verão começa oficialmente em 22 de dezembro. É tempo de festas, de descanso, mas a saúde não pode tirar férias. Existem doenças que se tornam mais comuns nesta época do ano, e é importante ficar atento para não transformar a temporada na praia em um período de resguardo.
Confira as dicas dos médicos Alexandre Wolkoff, coordenador do Hospital San Paolo, e Marco Aurélio Sáfadi, infectologista do Hospital São Luiz, em São Paulo, e do Instituto Butantan para lidar com as doenças mais comuns da estação.

Desidratação
A pessoa ingere menos líquido do que o corpo perde. Começa com sintomas leves, como mal estar e dor de cabeça, mas nos casos mais graves pode até matar por insuficiência renal. No calor, suamos mais, é um mecanismo do corpo para manter a temperatura ideal. Evita-se bebendo bastante líquido - no mínimo dois litros de água é o consumo ideal para os adultos. Sucos e chás também podem ser ingeridos. Refrigerantes não são muito indicados, porque o líquido não é tão bem absorvido. A cerveja também não é, pois o álcool possui efeito diurético e a pessoa perde água pela urina.

Insolação
É a exposição exagerada ao sol, especialmente nos horários mais quentes - entre 10h e 16h, no horário de verão. Pode causar queimaduras na pele e desidratação, pelo excesso de suor. Em casos mais graves, a temperatura muito alta prejudica o funcionamento do organismo. As pessoas tendem a passar mais tempo expostas ao sol e a temperatura aumenta a quantidade de suor. Além de se hidratar, é importante evitar a exposição ao sol nos horários mais quentes e usar roupas leves.

Brotoeja
São pequenas bolhas que surgem na pele, porque os orifícios das glândulas que produzem suor ficam obstruídas. É mais comum em crianças, na região do pescoço e das axilas. Além do suor, as células mortas da pele, que causam a obstrução das glândulas em alguns casos, também aumentam no calor. Usar tecidos leves e roupas largas, manter a higiene da pele e não exagerar nos óleos costuma amenizar o problema. Passar protetor solar para ir à praia ou à piscina é importante, mas não é preciso besuntar as crianças de cremes o tempo todo.

Micoses
São fungos que proliferam na pele, principalmente na virilha e entre os dedos do pé. Causam irritação e coceira. Dependendo da ferida, pode provocar uma infecção. Ambientes quentes e úmidos são ideais para os fungos. Podem ser transmitidos pela areia ou pelo piso em torno da piscina, mas o cloro na água impede que o fungo passe de pessoa para pessoa. Deve-se secar bem o corpo depois de sair do banho, principalmente a virilha e os pés. Para as mulheres, uma dica é secar o cabelo a frio, para evitar micose no couro cabeludo.

Bicho geográfico
É um protozoário que penetra na pele e se alimenta de camadas internas. Causa dor e coceira. É comum em cães e gatos e pode ser transmitido para humanos quando pisamos nas fezes dos animais ou perto delas. As fezes infectam um raio de dois metros na areia e dez metros na água.

Otite
É uma inflamação do ouvido, geralmente da parte mais externa, o duto auditivo. A água que entra no ouvido provoca irritação e pode conter também fungos e bactérias infectantes. Como as pessoas nadam mais, aumenta a probabilidade de que entre água, contaminada ou não, no ouvido. Se entra água no ouvido, é preciso tirar logo. Cotonetes são recomendados para secar o ouvido. Álcool não é recomendado, pois irrita a região. Usar bolinhas de silicone no ouvido durante o banho de piscina ou de mar evita que entre água.

Conjuntivite
É uma inflamação na conjuntiva - a membrana que reveste os olhos. Pode ser uma irritação causada pelo sal do mar ou pelo cloro da piscina. Também pode ser transmitida por bactérias na água. Existe também a conjuntivite viral, que é comum o ano inteiro. Usar óculos de natação e lavar os olhos depois de nadar são dicas úteis. Também é preciso evitar contato com pessoas já infectadas.

Dengue
É uma febre causada por um vírus que provoca, entre outros síntomas, náusea, vômito e cansaço. Em sua forma mais grave, a dengue hemorrágica, pode levar à morte. O mosquito que transmite o vírus precisa de água parada para se reproduzir. No verão, as chuvas aumentam o número de criadouros. A maneira mais eficaz de prevenir a dengue é impedir a reprodução do mosquito, eliminando recipientes que acumulem água.

Hepatite A
É uma inflamação no fígado, provocada por um vírus. Das três formas da hepatite, essa é a que menos mata, mas também deixa sequelas no órgão. O vírus pode ser transmitido pela água ou até pelos alimentos, em lugares com saneamento básico ruim - como algumas cidades de praia. Não é propriamente uma doença sazonal, mas esses fatores aumentam o risco de transmissão no verão. Existe uma vacina que pode ser tomada a partir de um ano de idade, mas ela não é oferecida pela rede pública. Além disso, a água consumida deve ser clorada ou fervida, os alimentos devem ser cozidos e é preciso lavar bem as mãos antes das refeições. Essas medidas, aliás, previnem também contra infecções intestinais.

Veneno de animais
Pessoas são expostas pelas picadas de cobras e ferroadas de escorpiões, por exemplo. No inverno, as cobras procuram abrigos contra o frio; quanto volta o calor, elas ficam mais ativas. No caso dos escorpiões, seus esconderijos ficam alagados e eles tendem a sair; além disso, é a época de reprodução dos insetos, que servem de alimento para os escorpiões. Andar sempre calçado previne contra as picadas. Em caso de mordida de cobra, apenas lave com água e sabão e busque auxílio médico imediato. Quanto à ferroada do escorpião, a primeira medida é colocar uma compressa de água morna antes de procurar um profissional de saúde.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Ações sociais: Conselhos chamam atenção dos médicos para crianças desaparecidas


O Conselho Federal de Medicina (CFM) e os 27 conselhos regionais de Medicina (CRMs) realizam, a partir deste mês de dezembro, uma campanha permanente para pedir o engajamento dos 370 mil médicos do país na luta em busca de crianças desaparecidas. O material foi aprovado na 19ª Reunião da Diretoria do CFM com os presidentes dos conselhos regionais, em 6 de dezembro. A iniciativa é da Comissão de Assuntos Sociais do CFM. Anualmente, são registrados no Brasil mais de 35 mil desaparecimentos de crianças. De acordo com especialistas no tema, 70% dos desaparecidos fogem de casa por problemas domésticos e cerca de 15% nunca mais reencontrarão suas famílias.
Observar semelhanças com os pais, sinais de agressão, comportamento da criança com a família. Estas são algumas orientações para que os médicos fiquem atentos nos hospitais, prontos-socorros e clínicas do país. Outra recomendação indicada pelo Conselho é que os médicos sempre confiram os documentos do menor e dos responsáveis. Nos próximos dias, o Federal encaminhará aos CRMs dos estados cartazes com esclarecimentos que serão posteriormente repassados para postos de saúde. A campanha chamará atenção da sociedade e dos médicos para o grande problema do desaparecimento.
Um dos objetivos da ação é divulgar a Lei Federal nº 11.259/2005, conhecida como “Lei da busca imediata” que prevê a busca imediata pela criança a partir da ocorrência policial. “Os brasileiros têm um mito de que é necessário aguardar 24 horas para fazer a denúncia. Este tempo é crucial para encontrar uma criança desaparecida”, alertou 1º vice-presidente do CFM, Carlos Vital Corrêa Lima.
Além dos cartazes, o Conselho lançará uma página eletrônica que trará informações para pais e médicos sobre a questão. As informações também serão encaminhadas por meios eletrônicos aos 370 mil médicos do país. O CFM disponibilizará ainda no site oficial da entidade – www.portalmedico.org.br – um banner da campanha, que também dará acesso ao Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas. O objetivo da iniciativa é ampliar um esforço coletivo e de âmbito nacional, para a busca e localização de crianças, adolescentes e adultos.
Segundo o coordenador da Comissão de Assuntos Sociais do CFM e secretário-geral da entidade, Henrique Batista, o cadastro é um importante instrumento de apoio à sociedade brasileira. “A entidade pede que a categoria médica fique atenta aos retratos que estejam neste cadastro, pois as pessoas podem passar por uma unidade de saúde e precisar de um tratamento médico”, apontou Batista.
O Cadastro Nacional do Ministério da Justiça já inscreveu um total de 1.200 pessoas, destas 644 já foram encontradas e 570 continuam desaparecidas. As denúncias podem ser feitas por meio do Disque 100, que funciona diariamente de 8h às 22h, inclusive aos finais de semana e feriados. As denúncias são mantidas anônimas.
Fonte: Portal Médico - CFM

PEC 29: Senado aprova definição clara de recursos para a saúde

Os recursos que deverão ser aplicados na saúde pública passam a ficar claramente definidos a partir da regulamentação da Emenda Constitucional 29, aprovada na noite desta quarta-feira (7), pelo Senado. De acordo com o projeto aprovado, que segue agora para sanção da presidenta Dilma Rousseff, o governo federal destinará ao setor o valor aplicado no ano anterior acrescido da variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB) dos dois anos anteriores ao que se referir a lei orçamentária. Já os Estados serão obrigados a destinar 12% das receitas na saúde e os Municípios, 15%. E os percentuais de aplicação pelo Distrito Federal ficarão entre 12% e 15% (a depender se a receita for originária de importo estadual ou municipal). 
"Ao definir quais investimentos devem ser feitos na saúde, o texto (aprovado pelo Senado) contribui para os esforços de combate ao desperdício, melhor controle dos gastos e maior fiscalização dos recursos aplicados”, afirmou nesta manhã o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante visita à Emergência do Hospital da Restauração, em Recife (PE). O governo federal já cumpre o que estabelece o Projeto de Lei do Senado (PLS) nº 121/07 – aprovado por 70 votos contra um, sem abstenções. Este ano, os recursos aplicados na saúde, pela União, deverão chegar a R$ 79 bilhões. E, em 2012, a aproximadamente R$ 86 bilhões.
De acordo com o PLS, os Estados não poderão, por exemplo, descontar os recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) da base de cálculo para definição do percentual mínimo para a área de saúde. “ Ao incluir os valores do Fundeb nesta base de cálculo, recuperamos recursos para a saúde", comemorou o ministro Alexandre Padilha.
O relator do projeto, senador Humberto Costa, manteve o texto aprovado pela Câmara dos Deputados no último mês de setembro. Segundo o relator, o projeto de lei votado ontem pelo Senado “oferece, em geral, soluções mais satisfatórias” à regulamentação do que a Constituição Federal prevê para a saúde pública.
Com a aprovação do PLS 121/07, os recursos para a saúde só poderão ser utilizados em ações e serviços de "acesso universal” e de "responsabilidade específica do setor saúde, não se aplicando a despesas relacionadas a outras políticas públicas que atuam sobre determinantes sociais e econômicos, ainda que incidentes sobre as condições de saúde da população". A medida evitará, por exemplo, que gastos em ações de saneamento básico e compra de merenda escolar sejam considerados investimentos em saúde.
São exemplos de despesas em saúde a compra e distribuição de medicamentos e derivados do sangue (hemoderivados), a capacitação e remuneração de profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS), as ações de vigilância em saúde (epidemiológicas e sanitárias) e os gastos com medidas de gestão e manutenção do SUS.
Fonte: Agência Estado

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Atenção básica: saúde mais perto de você é ampliado em 13 estados

Para ampliar o acesso da população à atenção básica, o Ministério da Saúde credenciou mais 825 Agentes Comunitários de Saúde, 47 Equipes de Saúde da Família e 73 Equipes de Saúde Bucal em 13 estados. Ao todo, 45 municípios serão beneficiados com os recursos para custear as equipes. Os estados contemplados são: Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
O credenciamento destas equipes foi publicado no Diário Oficial da União da última segunda-feira (5/12). Os valores repassados aos municípios integram o chamado Piso da Atenção Básica Variável, que prevê um incentivo anual que varia de R$ 80,4 mil a R$ 120,6 mil por Equipe de Saúde da Família, R$ 9 mil por Agente Comunitário de Saúde e R$ 25,2 mil a R$ 33,6 mil por Equipe de Saúde Bucal. Esses recursos podem ser superiores, caso os gestores participem da estratégia Saúde mais perto de você – controle e qualidade, que prevê incentivo através de cumprimento de metas qualidade.
A Saúde da Família é a principal estratégia do Ministério da Saúde para reorientar o modelo de atenção à saúde da população a partir da atenção primária. A Atenção Básica é o ponto de atenção mais próximo de cada usuário e a principal porta de entrada do Sistema Único da Saúde (SUS), capaz de resolver até 80% dos problemas de saúde das pessoas daquele território que ela é responsável.
A Rede de Atenção Básica de serviços do Sistema Único de Saúde conta com mais de 38 mil unidades em todos os municípios brasileiros. São 430 mil profissionais a serviço da população. Atualmente, existem mais de 32 mil Equipes de Saúde da Família implantadas em 5.288 municípios, o que representa um percentual de 95%. A execução da ESF é compartilhada pelo governo federal, estados, Distrito Federal e municípios. Ao governo federal cabe estabelecer as diretrizes nacionais da política e garantir as fontes de recursos financeiros para o componente federal do seu financiamento.
Fonte: Portal Saúde/MS

Pesquisa aponta: mudança de hábitos evitaria até 45% dos casos de câncer

Um estudo britânico relacionou o surgimento de tumores à adoção de hábitos de vida pouco saudáveis, como má alimentação e o fumo. De acordo com a pesquisa, publicada na revista especializada The British Journal of Cancer, cerca de 45% dos casos de câncer em homens e 40% dos registrados em mulheres na Grã-Bretanha foram provocados pelo estilo de vida dos pacientes e poderiam, portanto, ter sido evitados.
A pesquisa, a mais extensa elaborada até hoje no Grã-Bretanha, chegou à conclusão que mais de 100.000 dos cânceres diagnosticados a cada ano no país são causados por quatro fatores relacionados com o estilo de vida: tabaco, má alimentação, álcool e sobrepeso. 
Segundo o estudo, realizado pela associação britânica Cancer Research UK e que levou em conta 14 fatores ambientais e de estilo de vida, o tabaco é o elemento mais determinante para o desenvolvimento de um câncer. O cigarro é responsável por 23% dos casos de câncer em homens e por 15,6% das ocorrências em mulheres, sendo que os tipos mais frequentes são, além do de pulmão, o de bexiga, rim, pâncreas e colo do útero.
No total, 34% dos cânceres diagnosticados na Grã-Bretanha em 2010, o que equivale a 106.845 casos, estavam vinculados a tabaco, alimentação, problemas com álcool e excesso de peso. Entre os homens, 6,1% dos casos de câncer tinham relação com a falta de frutas e verduras na dieta; 4,9%, com o trabalho; 4,6%, com o álcool; e 4,1%, com o sobrepeso.
Além disso, segundo o estudo, 3,7% dos cânceres diagnosticados em homens têm como causa uma excessiva exposição aos raios ultravioletas. No caso das mulheres, 6,9% dos diagnósticos de câncer estiveram vinculados ao sobrepeso, 3,7%, a infecções, e 3,6%, aos raios ultravioletas. A falta de frutas e verduras na dieta foi determinante em 3,4% dos casos de câncer entre mulheres, enquanto o álcool foi responsável por 3,3% das ocorrências.
Fonte: Agência EFE

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Estudo liga falha genética no cérebro a déficit de atenção

Um estudo americano relaciona a descoberta de alterações em genes específicos envolvidos em importantes vias de sinalização do cérebro ao transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Publicado na versão on-line do periódico Nature Genetics, o levantamento abre portas para o desenvolvimento de drogas que possam agir especificamente nessas vias -- oferecendo, assim, novas opções de tratamento para o problema.
O TDAH é uma desordem psiquiátrica comum, mas complexa, com ocorrência estimada em 7% das crianças em idade escolar e em uma porcentagem pequena nos adultos. Existem diferentes subtipos de TDAH, com sintomas como desatenção, comportamento impulsivo e hiperatividade. Suas causas ainda são desconhecidas, mas o transtorno tende a permanecer na família e, acredita-se, que seja influenciado pela interação de diversos genes. O tratamento medicamentoso nem sempre é eficaz, particularmente em casos mais graves.
 “Ao menos 10% dos pacientes com TDAH da nossa amostra têm essa variação genética”, diz Hakon Hakonarson, coordenador do estudo e diretor do Centro de Genética Aplicada do Hospital da Criança da Filadélfia. “Os genes envolvidos afetam o sistema de neurotransmissores do cérebro implicados no TDAH. Agora temos uma explicação genética para essa ligação, que se aplica a um subconjunto de crianças com a desordem.”
A equipe de pesquisadores fez uma análise do genoma inteiro de 1.000 crianças com TDAH recrutadas no Hospital da Criança da Filadélfia, comparadas com 4.100 crianças sem a desordem. Os pesquisadores procuraram por variações no número de cópia (CNVs), que são deleções ou duplicações da sequência de DNA. Em seguida, eles avaliaram os resultados iniciais em vários grupos independentes, que incluíam perto de 2.500 casos com TDAH e 9.200 sujeitos de controle.
Entre esses grupos, os pesquisadores identificaram quatro genes com um número alto significativo de CNVs em crianças com TDAH. Todos os genes eram membros da família de genes receptores de glutamato, com o resultado mais forte no gene GMR5. O glutamato é um neurotransmissor, uma proteína que transmite sinais entre neurônios no cérebro. “Membros da família de genes GMR, juntamente com os genes com que interagem, afetam a transmissão nervosa, a formação de neurônios e as interconexões no cérebro. Então, o fato de que crianças com TDAH são mais suscetíveis a terem alterações nesses genes reforçam as evidências de que o GMR é importante no TDAH”, diz Hakonarson.
Fontes: Maria Conceição do Rosário, psiquiatra e professora do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e do Child Study Center, da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, e Thiago Strahler Rivero, psicólogo do Departamento de Psicobiologia do Centro Paulista de Neuropsicologia da Unifesp

Governo diz que 48 cidades do país correm risco de epidemia de dengue

Dados do Levantamento Rápido de Infestação por Aedes aegypti (Liraa) do Ministério da Saúde, divulgados nesta segunda-feira (5), mostram que 48 municípios brasileiros estão em situação de risco para epidemia de dengue. Cerca de 4,6 milhões de pessoas vivem nessas cidades, segundo o governo federal. As 48 cidades estão em 16 estados e três delas são capitais: Rio Branco (AC), Porto Velho (RO) e Cuiabá (MT), segundo o ministério. O Liraa não identifica os casos de dengue no país, mas mostra em quais cidades há mais focos do mosquito transmissor. Os dados apresentados pelo Ministério da Saúde foram coletados em 561 municípios nos meses de outubro e novembro deste ano.
Em 2010, o número de cidades em risco era exatamente a metade, 24. No entanto, na ocasião foram consideradas 370 cidades, segundo o Ministério da Saúde. De acordo com o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, as cidades com mais de 4% de infestação (quantidade de casas infectadas a cada 100 residências) são consideradas em risco, de acordo com padrões internacionais. As cidades que estão abaixo de 1% são de baixo risco e os municípios intermediários caracterizam situação de alerta.
De acordo com os dados do Ministério da Saúde, há 236 cidades em alerta e 277 em baixo risco. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse que a situação dessas 48 cidades é especialmente delicada porque o período mais intenso de chuvas – que beneficiam a proliferação do mosquito – ainda não chegou. “Classificamos eles exatamente pela previsão de que em janeiro, fevereiro, haja infestação ainda maior. Eles estão no momento final para vencer a batalha”, disse.
Padilha afirmou que essas cidades receberão uma orientação especial sobre como combater as infestações. Além disso, o ministério está repassando R$ 90 milhões para ações de prevenção em 989 municípios. As cidades que atingirem metas de redução dos casos de doença e de infestação no ano que vem poderão receber 20% a mais da verba. Nas regiões Norte e Sul, os mosquitos transmissores da dengue estão concentrados principalmente no lixo, enquanto no Nordeste e no Centro-Oeste o problema está relacionado ao abastecimento de água, pois a maioria dos focos foram encontrados em caixas de água e poços.
Segundo o ministério, houve redução de 25% dos casos suspeitos da doença registrados até novembro deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. Em 2011, foram 742 mil casos de dengue, enquanto em 2010 foram registrados 985 mil até novembro. A maior redução foi registrada no Centro-Oeste, onde houve 211 mil casos no ano passado e 48 mil neste ano, redução de quase 80%. Sul e Sudeste também tiveram redução de 13% e 25%, respectivamente. O Norte e o Nordeste, porém, aumentaram os casos em 28% cada um.
Para o ministro, um dos motivos da redução é a intensificação da vigilância por meio do programa que utiliza o microblog Twitter para identificar os locais de risco. Por meio da página do ministério, a população manda informação em tempo real sobre casos suspeitos em sua região. Com isso, a Saúde produz um relatório semanal e alerta os municípios de forma rápida, antes que epidemia se instale. “A ferramenta que busca descobrir se há comentário, se as pessoas se antecedem a notificação dada pelo município. Com esse dado, o ministério vai saber se a vigilância e a notificação estão sendo corretas”, informou Alexandre Padilha.
Fonte: Ministério da Saúde

domingo, 4 de dezembro de 2011

Comer peixe toda semana ajuda a evitar o Alzheimer

Pessoas que comem peixe cozido ou grelhado semanalmente apresentam redução nos riscos de desenvolvimento do transtorno cognitivo leve (TCL) ou mesmo o Alzheimer. As conclusões são de um estudo apresentado nesta quarta-feira durante o encontro anual da Sociedade Americana de Radiologia.
 “Esse é o primeiro estudo a estabelecer uma relação direta entre o consumo de peixe, a estrutura cerebral e os riscos de Alzheimer”, diz Cyrus Raji, da Universidade de Pittsburgh. “Os resultados mostraram que pessoas que consomem peixe cozido ou grelhado ao menos uma vez na semana tinham uma melhor preservação da matéria cinzenta do cérebro. Isso foi visto em exames de ressonância magnética em áreas consideradas de risco para o Alzheimer.”
O Alzheimer é uma doença cerebral incurável e progressiva, que lentamente destrói a memória e as habilidades cognitivas. Em pessoas com transtorno cognitivo leve, a perda de memória também está presente, mas em uma menor extensão. Pacientes com a doença, frequentemente desenvolvem Alzheimer, sendo o TCL considerado um estágio intermediário entre o envelhecimento normal e a demência.
Dados – Para o estudo, foram selecionados 260 indivíduos cognitivamente normais. Informações sobre o consumo de peixe foram coletadas usando o Questionário Sobre Frequência Alimentar, do Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos. Do total, 163 pacientes consumiam peixe semanalmente, a maioria apenas uma ou duas vezes por semana. Todos fizeram ressonância magnética no cérebro para que os pesquisadores pudessem avaliar o volume da massa cinzenta com o consumo de peixe semanal em 10 anos.
Os resultados foram então analisados para determinar se a preservação da massa cinzenta associada com o consumo de peixe reduzia os riscos para o Alzheimer. Foram controlados idade, gênero, escolaridade, raça, obesidade, atividade física e a presença ou não de apolipoproteína E4 (ApoE4) – gene que aumenta os riscos de desenvolvimento da doença.
O volume da massa cinzenta é crucial para a saúde do cérebro. Quando seu nível permanece elevado é um sinal de que a saúde do órgão está sendo mantida. Mas a redução de volume indica que as células cerebrais estão se encolhendo.
Os resultados mostraram que o consumo de peixe cozido ou grelhado toda semana estava positivamente associado com os maiores volumes de massa cinzenta em diversas áreas do cérebro. Os riscos para o desenvolvimento de TCL e Alzheimer em cinco anos foram reduzidos em quase cinco vezes. “O peixe cozido ou grelhado faz os neurônios mais fortes, tornando-os maiores e mais saudáveis”, diz Raji.
Reportagem de VEJA online

sábado, 3 de dezembro de 2011

Pesquisadores identificam novo alvo para tratar câncer de mama

Segundo pesquisa publicada na edição de dezembro do periódico Cell Cycle, as mitocôndrias são extremamente importantes para que as células cancerígenas cresçam e haja metástase. Para os pesquisadores, essa conclusão sugere que uma droga capaz de bloquear a atividade mitocondrial pode reverter o desenvolvimento dos tumores e até a resistência à quimioterapia. A boa nova é que já existe um remédio assim. A metformina, utilizada para tratar o diabetes, foi apontada pelos autores do estudo como uma opção para o combate ao câncer de mama.
Estudos recentes já haviam mostrado que a metformina pode ser eficiente em impedir que células do câncer de mama cresçam. Porém, esse é o primeiro estudo que relaciona diretamente a ação do medicamento à inibição das mitocôndrias nessas células. A pesquisa foi desenvolvida no Centro de Câncer Kimmel da Universidade Thomas Jefferson, nos Estados Unidos.
As mitocôndrias são produtoras de energia em células normais. Mas, como observou a pesquisa, em células cancerígenas, essa produção pode ser aumentada em pelo menos cinco vezes. O estudo foi feito em laboratório com tecidos humanos. "Nós mostramos que o câncer é uma 'doença parasita' que rouba energia dos hospedeiros, ou seja, do nosso corpo", afirma o presidente do Departamento de Biologia de Células-Tronco e Medicina Regenerativa da Universidade e coordenador do estudo, Michael P. Lisanti.
Efeito reverso — Nos últimos 85 anos, especialistas vêm debatendo se as células cancerígenas possuem, ou não, mitocôndrias funcionais. Alguns afirmam que essas células não utilizam mitocôndria, mas sim exclusivamente a glicose para obter energia, ação conhecida como o 'Efeito Warburg'. Porém, a pesquisa feita na Universidade Thomas Jefferson defende que, além desse método de produção de energia ser ineficiente, as células cancerígenas usam sim a mitocôndria, que por sua vez fornece grande quantidade de combustível para as células. Os responsáveis pela pesquisa chamaram esse mecanismo de 'Efeito Warburg reverso'.
"Nós apresentamos novas evidências de que as mitocôndrias de células cancerígenas são o coração do crescimento da célula tumoral e da metástase", diz Dr. Lisanti. "A metformina impede que as células cancerígenas usem suas mitocôndrias, induz a produção de glicose e desloca as células cancerígenas para o convencional Efeito Warburg, que, não sendo um mecanismo eficaz, leva as células à morte".
Pesquisa — Para estudar o papel da mitocôndria nas células cancerígenas, os pesquisadores utilizaram coloração em amostras humanas de câncer de mama. Anteriormente, esse mecanismo era somente aplicado em tecido muscular, que é rico em mitocôndrias. Os pesquisadores descobriram que as células de câncer de mama humano apresentaram altos níveis de atividade da mitocôndria. Em contrapartida, os outros tecidos mostraram pouca ou nenhuma capacidade oxidativa mitocondrial. Além disso, observaram que a regulação da atividade mitocondrial é uma característica comum de células humanas de câncer de mama e está associada com um risco de aumento de metástase.
"As mitocôndrias são o 'calcanhar de Aquiles' das células tumorais", diz Dr. Lisanti. "E acreditamos que a segmentação do metabolismo mitocondrial tem amplas implicações para o diagnóstico e terapia de câncer, e pode ser explorada na busca de medicamentos personalizados para o câncer." Este novo conceito pode mudar radicalmente a forma como os pacientes com câncer são tratados e estimular novas estratégias para a prevenção e terapia da doença.
Fonte: VEJA.com

Arritmia poderá impedir motoristas de dirigir

Deve ser publicada na próxima semana a primeira diretriz brasileira para orientar em que condições pacientes com arritmias cardíacas e portadores de dispositivos cardíacos implantáveis, como marca-passos, desfibriladores e ressincronizadores cardíacos, poderão dirigir veículos, tirar ou renovar a carteira de motorista. Estima-se que aproximadamente 37 mil brasileiros possuam esses aparelhos.
"A tendência é que, após a publicação oficial, isso vire uma resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que tem força de lei. O processo é semelhante ao que tornou obrigatório o uso de cadeirinhas para transporte de crianças de até 7 anos", conta Flávio Adura, diretor científico da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet). 
A entidade elaborou as recomendações em parceria com a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac). O texto será apresentado nesta sexta-feira durante o Congresso Brasileiro de Arritmias Cardíacas, em Brasília.
Adura revela que cerca de 4% dos acidentes fatais são causados por doenças do motorista. "Os problemas cardiológicos são uma das principais causas de mal súbito", afirma. 
As novas regras vão determinar, por exemplo, quanto tempo uma pessoa submetida a uma cirurgia para implante de marca-passo ou para a troca do gerador do aparelho deve esperar para voltar a dirigir. 
Fonte:  Agência Estado

Mulheres acima de 40 anos devem fazer mamografia todo ano, independentemente de histórico familiar

Segundo uma pesquisa apresentada nesta terça-feira, no encontro anual da Sociedade Norte-Americana de Radiologia (RSNA, na sigla em inglês), mulheres entre 40 e 49 anos sem histórico familiar de câncer de mama estão tão sujeitas a terem a doença quanto aquelas com casos de câncer na família. Para os autores do estudo, essa descoberta demonstra que mulheres dessa faixa etária podem se beneficiar com exames anuais de mamografia.
A pesquisa reacende o debate em torno da melhor idade e periodicidade para a realização da mamografia, já que o exame expõe as mulheres à radiação, que, em dosagem excessiva, pode estar associada ao câncer.
Em julho deste ano, o Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas (ACOG, sigla em inglês), recomendou que o exame fosse feito todos os anos por mulheres acima de 40 anos, seguindo as mesmas indicações da Sociedade Americana para o Câncer. A Força Tarefa de Serviços Preventivos dos Estados Unidos (USPSTF, sigla em inglês), um painel com apoio federal, em 2009, afirmou, porém, que a mamografia feita antes dos 50 anos deveria ser uma escolha pessoal da mulher e, depois, deveria ser feita a cada dois anos.
O estudo — A pesquisa revisou os casos de câncer de mama diagnosticados entre mulheres de 40 a 49 anos que foram submetidas a mamografia no centro de diagnóstico Elizabeth Wende Breast Care, nos Estados Unidos, entre 2000 e 2010. Os pesquisadores compararam os números do câncer, incidência de doença invasiva e metástase em mulheres com e sem casos de câncer de mama na família.
Entre as 1.071 pacientes que desenvolveram câncer de mama, 373 foram diagnosticadas a partir da mamografia. Delas, 39% tinham histórico da doença na família e 61% não. Entre aquelas com histórico familiar, 63,2% tiveram câncer invasivo e 31% foram atingidas pela metástase. Já entre as mulheres que não tinham histórico familiar, 64% tiveram doença invasiva, e 29% metástase. "Descobrimos que mulheres dessa faixa etária possuem uma taxa significativa de câncer de mama, independente se apresentavam, ou não, histórico familiar da doença", diz a radiologista e uma das autoras do estudo, Stamatia V. Destounis. "Esse estudo demonstra a importância da mamografia anual para o diagnóstico da doença dessas mulheres na faixa dos 40 anos, mesmo sem casos da doença na família."

Usuários do SUS têm 3,8 vezes menos médicos do que o setor privado

Uma pesquisa inédita, realizada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pelo Conselho Regional de Medicina do estado de São Paulo (Cremesp), mostra quem são, quantos são, e como estão distribuídos pelo país os médicos brasileiros. O estudo — Demografia Médica no Brasil — mostra dados negativos, como a concentração de médicos nas regiões Sul e Sudeste e nas capitais dos estados e o reduzido número de profissionais que trabalha no Sistema Único de Saúde (SUS), mas também traz  notícias como a crescente presença feminina e o aumento proporcional da quantidade de médicos no país. Outra informação do documento evidencia com números um aspecto já conhecido do brasileiro: usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) têm 3,8 vezes menos médicos do que o setor privado. 
Os dados do estudo serão enviados a parlamentares e entregues aos ministros da educação, Fernando Haddad, e da saúde, Alexandre Padilha. A intenção é que o documento sirva de subsídio para políticas públicas de saúde e de ensino. “A publicação coincide com o surgimento de propostas do governo federal e do poder legislativo para enfrentar a escassez de médicos em áreas desassistidas”, afirma Renato Azevedo Junior, presidente do Cremesp.
A desigualdade regional é um dos principais problemas mostrados pelo estudo. A rigor, não faltam médicos no Brasil. São 371.788 para uma população de 190 milhões de pessoas. O que resulta em um número de médicos para cada mil habitantes de 1,91. A Organização Mundial da Saúde (OMS) não adota um número específico de médicos por mil habitantes, mas, segundo o documento World Health Report 2006, países com menos de 2,28 profissionais de saúde por mil habitantes (e aí estão incluídos médicos, enfermeiras e parteiras) geralmente têm problemas em atingir a meta de 80% de cobertura especializada para vacinação e partos. Com 1,5 milhão de enfermeiros, certamente o Brasil está dentro do recomendado. 
Além disso, o número de profissionais não para de crescer em números absolutos e em proporcionais. Entre 1970 e 2010 houve um salto de 530% no número de médicos, enquanto a população cresceu bem menos, 104,8%. O problema é que a maioria está concentrada nos estados da região Sul e Sudeste. Enquanto no Distrito Federal e no Rio de Janeiro essa razão seja de 4,02 e 3,57 médicos por mil habitantes, respectivamente, acima dos 3,4 da Alemanha, estados como o Maranhão, o Pará e o Amapá estão abaixo do preconizado pela OMS, com índices de 0,68; 0,83; e 0,96; próximos de países africanos. No total, a região Norte possui 0,96 médico por mil habitantes e o Nordeste 1,19. A situação é melhor no Centro-Oeste, com 1,99, e no Sul, 2,03. O Sudeste tem um índice de 2,61.
O interior dos estados também está em desvantagem em comparação com as capitais. Mesmo no Maranhão, onde o índice do estado é de 0,68 médico por mil habitantes, na capital a razão salta para 2,33. Segundo o estudo, isso acontece devido ao maior número de faculdades localizadas nas capitais e também ao maior número de postos de trabalho, já que essas cidades concentram hospitais, postos de saúde, clínicas e laboratórios. Essas facilidades fazem com que o índice de médicos por mil habitantes nas capitais brasileiras seja de 4,22, mais de uma vez superior à média nacional, de 1,95.
SUS versus setor privado — De acordo com a pesquisa, existem 354.536 postos de trabalho em estabelecimentos privados de saúde para atender 46,6 milhões de usuários de planos de saúde. Seguindo essa conta, que considera o fato de que, em teoria, esses postos médicos (um médico pode ter mais de um posto de trabalho, atendendo em um hospital público e em uma clínica privada, por exemplo) podem atender usuários de todos os planos de saúde, o estudo afirma que há 7,6 postos de trabalho para cada 1.000 usuários de planos de saúde. Em comparação, o Sistema Único de Saúde, com 281.481 postos de trabalho para 144 milhões de pessoas, tem um índice de 3,8 vezes menor que o setor privado.
Jones Rossi - VEJA Saúde

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Austrália vota a mais rigorosa lei contra anúncio de cigarro

O Senado australiano aprovou nesta quinta-feira o projeto da lei que obriga as empresas a comercializar o produto sem ilustrações. Se aprovada, será a medida mais rigorosa contra a publicidade nos maços de cigarro.
Segundo o projeto, assim que a lei entrar em vigor, os maços de cigarros terão que ser substituídos por outros de cor verde oliva com um logotipo uniforme obrigatório para as diferentes marcas. Além disso, eles incluirão imagens de doenças vinculadas ao tabagismo. As advertências sobre os riscos do fumo para a saúde deverão ocupar 75% da parte da frente dos maços e 90% da de trás.
Agora o projeto de lei deverá ser aprovado pela Câmara Baixa para entrar em vigor em dezembro de 2012, com um atraso de seis meses em relação ao calendário previsto inicialmente pelo governo.
A indústria tabagista se opôs fortemente à iniciativa desde o momento em que o governo anunciou sua intenção de elaborar a lei. A British American Tobacco Australia confirmou que levará a norma aos tribunais por considerá-la inconstitucional ao retirar dos maços de cigarros o nome da marca e alterar a propriedade intelectual sem pagar uma indenização, segundo informou a agência local AAP. Além disso, a companhia destacou que para cumprir os requisitos estabelecidos por esta medida, será necessário importar novas máquinas da Europa
Em meados deste ano, a Philip Morris comunicou ao governo que levará o caso à Justiça por crer que a lei transgride um tratado bilateral de proteção de investimentos com Hong Kong, de onde exporta seus produtos à Austrália. No entanto, a ministra da Saúde australiana, Nicola Roxon, reiterou que as empresas tentam intimidar o governo e o Senado para que a lei não prospere e afirmou que o Executivo está preparado para enfrentar eventuais processos judiciais.
Segundo a ministra, a lei fará com que a Austrália tenha uma das sociedades com menor número de fumantes e contribuirá para evitar que as famílias passem pela dor de ver um de seus membros morrer por doenças vinculadas ao tabagismo.
Cerca de 15.000 australianos morrem a cada ano por conta de doenças relacionadas ao tabagismo, um hábito que segundo fontes oficiais custa aos cofres públicos australianos aproximadamente US$ 31,87 bilhões.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Medicina de família e ensino médico são os temas dos próximos fóruns do CFM

O Conselho Federal de Medicina (CFM) promove no final deste mês de novembro e início de dezembro dois importantes debates sobre temas que merecem destaque das entidades médicas: medicina de família e comunidade e ensino médico. Em 25 de novembro, as câmaras técnicas de medicina de família e comunidade dos conselhos e sociedades da especialidade debaterão durante todo o dia as deficiências que afetam a atenção primária no Brasil e analisarão propostas de soluções.
O coordenador da Câmara Técnica do CFM, Celso Murad, justifica o debate ampliado com os CRMs sobre o tema. “A Estratégia de Saúde da Família abrange todo o Brasil. Os conselhos de medicina são uma das poucas instituições que alcançam todo o território nacional e podem atuar na regulação do trabalho médico”, explica.
A programação do I Encontro das Câmaras Técnicas de Medicina de Família e Comunidade e II Fórum de Medicina de Família e Comunidade do CFM prevê a realização de mesas redondas sobre temas como plano de cargos, carreiras e salários na Estratégia de Saúde da Família (ESF), formação e titulação; além de uma conferência sobre telessaúde como ferramenta de formação e integração.
Ensino médico – Nos dias 1º e 2 de dezembro, a necessidade de médicos e especialistas, e a avaliação do egresso de escolas médicas nacionais e estrangeiras terão destaque no II Fórum Nacional de Ensino Médico. O evento irá contar com mesas redondas e conferências sobre temas como formação médica e segurança do paciente; o novo Código de Ética Médica e o ensino médico, além de uma discussão sobre avaliação das próprias escolas médicas e sua abertura indiscriminada. O coordenador da Comissão de Ensino Médico do CFM, Carlos Vital, explica o objetivo do encontro: “será uma oportunidade para a abordagem de questões que se sobressaem nos últimos tempos quando o assunto é a qualidade do ensino médico no país”.
Foram convidados para o encontro personalidades como o ex-ministro da Saúde, Adib Jatene; o secretário da Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), Luiz Cláudio Costa; representantes da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES), do Ministério da Saúde, Milton de Arruda Martins e Ana Estela Haddad; além do professor da Mayo Medical School (Minnesota, EUA), James Newman; do secretário-geral do Colegio Médico Departamental de Cochabamba, Aníbal Antonio Cruz Senzano, e diversos outros convidados e lideranças médicas, com presenças a serem confirmadas.
As inscrições para os encontros estão abertas e são gratuitas. Para os eventos de Medicina de Família e Comunidade, é possível inscrever-se até o dia 18.
Fonte: Portal Médico - CFM

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Estudo mostra que 1 em 10 jovens atendidas no SUS tem DST

Estudo nacional realizado pelo Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids revela que uma em cada 10 jovens brasileiras atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) tem doença transmitida pelo sexo.
O relatório indica alta prevalência de infecção por clamídia entre jovens brasileiras atendidas nos serviços públicos de saúde. A clamídia é a doença sexualmente transmissível (DST) causada pela bactéria Chlamydia trachomatis, que pode infectar homens e mulheres e ser transmitida da mãe para o bebê na passagem pelo canal do parto.
Ao todo 2.071 jovens, entre 15 e 24 anos, atendidas nas unidades do SUS, nas cinco macrorregiões (norte, nordeste, sudeste, sul, centro-oeste), participaram do estudo. A prevalência de clamídia entre as jovens avaliadas foi de 9,8%, sendo que 4% delas também tiveram resultado positivo para infecção por gonorreia.
A infecção atinge especialmente a uretra e órgãos genitais, mas também pode atingir a região anal, a faringe e ser responsável por doenças pulmonares. Se não tratada, é uma das causas da infertilidade masculina e feminina, e pode aumentar de três a seis vezes o risco da infecção pelo HIV.
A doença pode ser assintomática em até 80% das mulheres e em 50% dos homens. Quando os sintomas aparecem, podem ser parecidos nos dois sexos: dor ou ardor ao urinar, aumento do número de micções, presença de secreção fluida. As mulheres podem apresentar, ainda, perda de sangue nos intervalos do período menstrual, dor às relações sexuais, dor no baixo ventre e doença inflamatória pélvica.
Não existe vacina contra a clamídia. A única forma de prevenir a transmissão da bactéria é o sexo seguro com o uso de preservativos. Uma vez instalada a infecção, o tratamento deve ser realizado com o uso de antibióticos específicos e deve incluir o tratamento do parceiro ou parceira para garantir a cura e evitar a reinfecção.
Fonte: O Estado de S. Paulo

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Estudo denuncia adição de açúcar no tabaco para atrair jovens e mulheres

As indústrias tabagistas estão utilizando açúcar e aromas para suavizar o gosto de seus produtos e atrair o público mais jovem e também mulheres, denuncia um estudo do Comitê Nacional contra o Tabagismo francês (CNTC) divulgado nesta quarta-feira pela imprensa francesa.
A análise feita em parceira com uma revista 60 million consumers detalha que para captar novos clientes e fidelizá-los foram desenvolvidos produtos específicos com aromas de baunilha, morango e chocolate, que disfarçam o sabor amargo do tabaco e de maneira paralela reforçam a dependência à nicotina. Um decreto de 2009 proíbe na França adição de adoçante no cigarro e limita a quantidade de aroma de baunilha.
Conforme o estudo divulgado pelo jornal Le Post, "dezenas de outros sabores são permitidos, e o decreto só se aplica a cigarros, e não aos demais produtos de tabaco". "O que está proibido num cigarro pode estar autorizado em outro", lamentam as organizações, as quais encontraram uma quantidade de açúcar próxima de 10% no tabaco de enrolar e adoçantes no papel de fumar.
O número é mais alarmante. Cerca de 7% dos estudantes enrolam seus cigarros e o consumo do tabaco de rolo passou de 5.000 para 7.000 toneladas nos últimos 20 anos.
Marketing — Os cigarros finos fizeram uma ofensiva de marketing às mulheres adicionando aromas de baunilha. As análises descobriram em alguns produtos quantidades dez vezes superiores às autorizadas nos cigarros, alertam os responsáveis pelo estudo.
A revista e o CNCT exigem que a regulamentação se aplique não só de maneira restrita, mas afete todos os produtos do tabaco, e solicitam a proibição dos demais aromas agora autorizados, o que já está em prática no Canadá.
Para resistir à ofensiva da indústria do tabaco às mulheres e aos adolescentes, pedem que a informação nas embalagens seja mais clara, porque não é possível que um consumidor receba mais informações sobre a composição de um iogurte do que de um produto tão nocivo como o tabaco.
No Brasil – Maior exportador de tabaco do mundo, o Brasil envia para o exterior cerca de 675 toneladas de fumo por ano — a produção nacional fica atrás apenas da chinesa, com 779 toneladas. Desse montante, 15% são de tabaco tipo burley, uma qualidade do fumo mais amarga que precisa da adição de até 10% de açúcar para se tornar palatável ao consumidor. “Isso é feito com os olhos voltados ao público jovem, que começa a fumar cada vez mais cedo porque o cigarro vem se tornando mais gostoso”, diz Sérgio Ricardo Santos, coordenador da Comissão de Tabagismo e do Núcleo de Apoio à Prevenção e Cessação do Tabagismo, da Universidade Federal Paulista (Unifesp).
E é esse vício cada vez mais precoce que acabou servindo como alerta à classe médica. Segundo Tânia Cavalcanti, secretária executiva da Comissão Nacional para Implementação da Convenção-Quadro, que representa o Brasil no encontro, o tabagismo se tornou uma doença pediátrica, já que os jovens estão começado a fumar perto dos 15 anos. Uma pesquisa de 2004 realizada nos Estados Unidos deixou claro isso: a penetração dos cigarros aromatizados entre adultos com 25 anos ou mais era de 6,7%, mas saltava para 22,8% entre os fumantes de 17 anos. “No Brasil, são 200.000 mortes causadas pelo fumo por ano. Quantos jovens não estão entrando cada vez mais cedo nesse vício?”, questiona Tânia. Há ainda um agravante. Quando o açúcar participa da queima do cigarro, ele se transforma em um composto chamado acetaldeído, que causa a degeneração dos neurônios e câncer.
Fonte: Agência EFE

Anticoncepcional pode diminuir pela metade risco de câncer de ovário

Mulheres que tomam pílula anticoncepcional por dez anos podem diminuir pela metade o risco de ter câncer de ovário, segundo sugere um novo estudo publicado no British Journal of Cancer. 
Utilizar contraceptivos orais durante qualquer período está associado a uma redução de 15% no risco de câncer de ovário. De acordo com a pesquisa, o risco diminui proporcionalmente ao tempo de uso do anticoncepcional. Ao tomar pílula por dez anos, as mulheres tinham 45% menos risco.
Apesar disso, os especialistas afirmam que é preciso ponderar esses resultados em relação ao risco de câncer de mama, que aumenta com os contraceptivos orais. Para cada 100.000 mulheres que tomam pílula durante dez anos, há 50 casos a mais de câncer de mama e 12 casos a menos de câncer de ovário, mostra o estudo. 
A gravidez também foi apontada como um fator que reduz o risco de câncer de ovário. Mulheres que tiveram bebê eram 29% menos propensas a desenvolver a doença do que aqueles que nunca engravidaram.
Para a pesquisa, os cientistas acompanharam mais de 300.000 mulheres que tomavam pílula anticoncepcional com a combinação de dois hormônios: estrogênio e progesterona. Os resultados mostraram que as mulheres que tomavam pílula durante dez anos tiveram o risco de desenvolver a doença cortado pela metade, em comparação com aquelas que usavam a pílula por um ano ou menos. 
Os dados fazem parte de um estudo europeu em andamento chamado Epic (European Prospective Investigation of Cancer), que investiga como a dieta e os hábitos de vida podem estar relacionados ao câncer em mais de meio milhão de homens e mulheres. 
Os resultados adicionam a pesquisas anteriores que sugerem que a pílula e a gravidez podem impactar no surgimento do câncer por conta das alterações dos níveis hormonais no organismo. De acordo com os pesquisadores, ele pode servir para orientar mulheres que tenham maior risco de ter esse tipo de câncer.

Maconha causa caos cognitivo no cérebro

O consumo de maconha está associado a alterações na concentração e na memória que podem causar problemas neurofisiológicos e de conduta, indicou nesta terça-feira um estudo publicado pela revista Journal of Neuroscience. Os pesquisadores descobriram que a atividade cerebral fica descoordenada e inexata durante os estados de alteração mental com resultados similares aos observados na esquizofrenia.
O estudo, conduzido por cientistas da Universidade de Farmacologia de Bristol, na Inglaterra, analisou os efeitos negativos da maconha na memória e no pensamento. Segundo eles, a droga pode provocar redes cerebrais "desorquestradas".
Matt Jones, um dos autores da pesquisa, equiparou o funcionamento das ondas cerebrais ao de uma grande orquestra na qual cada uma das seções vai estabelecendo um determinado ritmo e uma afinação que permitem o processamento de informações e que guiam nosso comportamento. Para comprovar a teoria, Jones e sua equipe administraram em um grupo de ratos um fármaco que se assemelha ao princípio psicoativo da maconha, a cannabis, e mediram sua atividade elétrica neuronal.
Embora os efeitos nas regiões individuais do cérebro tenham sido muito sutis, a cannabis interrompia completamente as ondas cerebrais através do hipocampo e do córtex pré-frontal, como se as seções de uma orquestra tocassem desafinadas e fora de ritmo. Jones indicou que estas estruturas cerebrais são fundamentais para a memória e a tomada de decisões e estão estreitamente vinculadas à esquizofrenia.
Os ratos se mostravam desorientados na hora de percorrer um labirinto no laboratório e eram incapazes de tomar decisões adequadas. "O abuso da maconha é comum entre os esquizofrênicos, e estudos recentes mostraram que o princípio psicoativo da maconha pode provocar sintomas de esquizofrenia em indivíduos sãos", explicou Jones.
Fonte: Agência EFE

Vacina contra a gripe precisa ser mais eficaz

Após analisar a literatura publicada sobre as vacinas contra a gripe utilizadas nos Estados Unidos, os pesquisadores descobriram que elas são muito menos eficazes do que se imaginava: protegem 59% dos adultos saudáveis, com níveis bem abaixo dos 70% e 90% que se espera de uma imunização desse tipo.  A descoberta se refere à vacina trivalente (que protege contra três vírus diferentes), o mesmo tipo utilizado nas campanhas de vacinação de gripe sazonal no Brasil. A vacina, entretanto, continua sendo a melhor forma de imunização contra a gripe.
Segundo os pesquisadores, contudo, é preciso encontrar novas soluções, a fim de reduzir a gripe, doenças relacionadas e mortes. A análise, publicada na revista The Lancet Infectious Diseases, foi feita a partir de 5.707 pesquisas científicas publicadas entre 1967 e 2011.
Michael Osterholm, autor do estudo da Universidade Johns Hopkins, buscou evidências de eficácia e efetividade das vacinas. Ele reduziu as análises a 31 estudos, que testaram para a presença da gripe em testes de laboratório. Além disso, a pesquisa limitou os resultados para aqueles que usaram ensaios clínicos randomizados ou outros métodos observacionais não enviesados. Eles também chamaram a atenção para a falta de pesquisas em crianças com idades entre 2 e 17 anos.
Os autores concluíram que a vacina atual é o melhor método existente para combater a gripe sazonal. Apesar disso, ela não oferece uma uma proteção de alto nível, especialmente para pessoas em risco de complicações médicas ou aquelas com mais de 65 anos. "A diferença entre 69% de eficácia e efetividade contra 90% tem um impacto importante na saúde pública em qualquer pandemia que causa morbidade grave ou aumento da mortalidade", afirma Osterholm.
Fonte: VEJA Saúde