Um novo alarme sobre a questão das drogas ilícitas acaba de ser emitido. O alarme refere-se ao aumento do consumo de cocaína na Europa, abastecida em 80% por cocaína de origem colombiana. No chamado Velho Continente, o consumo de cocaína só perde para o da maconha. Outro dado divulgado. Baixou a faixa etária do usuário. Hoje, 5,3% dos europeus, entre 15 e 34 anos, consumiu cocaína ao menos uma vez na vida. A grande novidade prende-se ao fato de a cocaína estar sendo cada vez mais difundida em certos ambientes, antes considerados frequentados por pessoas imunes ao seu consumo. Denominada de “pólvora-branca”, a cocaína retomou o status de ser encontrada e consumida em ambientes elitizados. Retomada é o termo apropriado, pois, ao tempo de Freud, era chique, nos salões aristocráticos, portar cocaína em caixinhas de ouro cravejadas de brilhantes que servia como depósito de rapé: o “barato” era espirrar em razão do efeito da “cheirada” de rapé. Em outras palavras e na Europa, a cocaína está voltando a se elitizar, ou seja, não é encontrada apenas em ambientes marginais ou de classe média. Os dados geradores do alarme - para atenção por parte das autoridades de saúde pública da comunidade europeia- estão no relatório da Eugloreh, que é o projeto europeu voltado a fazer análises de consumo de drogas proibidas, com comparações a partir dos anos 90. Do supracitado relatório consta, por exemplo, que dos anos 90 até hoje o aumento de demanda à cocaína na Espanha cresceu de 3% a 5%. Na Inglaterra, de 1% a 5%. Quedas, com consumo populacional abaixo de 1%, ocorreram na Holanda e na Grécia.
O relatório da Eugloreh é apresentado depois do fracasso do encontro, em Viena (Áustria) da Comissão de Narcóticos da Organização das Nações Unidas (ONU). Só para lembrar. Na semana passada, em Viena, reuniu-se a Comissão de Narcóticos para debater políticas sobre o fenômeno das drogas, matéria regida pela vetusta Convenção de Nova York de 1961, que consagra a falida war on drugs. O encontro foi inócuo. Nada mudou, apesar da falência da linha proibicionista, criminalizante e militarizada. Por incrível, repetiu-se a fantasiosa fixação de prazo para colocar termo aos problemas relativos às drogas proibidas. Explicando melhor: em 1961, na Convenção de Nova York, foi fixado o prazo de 25 anos para a erradicação de cultivos ilícitos, a contar de 1964. O prazo terminou em 1989, com aumentos de produção, oferta e demanda. Acrescente-se que nesse arco temporal nasceram os cartéis de Cali, dos irmãos Orejuela, e de Medellín, de Pablo Escobar. Erro igual deu-se na Assembleia Especial da ONU de 1998, que estabeleceu dez anos para o alcance da mesma meta. O fracasso foi absoluto, no decênio findo em 2008. Basta atentar para o insucesso dos militarizados Plan Colombia e Mérida (México), bem como para o aumento de narcoestados e de países com o Produto Interno Bruto dependente da droga. Numa apertada síntese, a droga proibida continua um bom negócio. No encerramento do encontro da referida Comissão de Narcóticos da ONU, não se abdicou da tradição. E com mais dez anos contarão os Estados membros para liquidar com os malefícios causados pelas drogas proibidas. Enquanto isso, e diante da crise financeira da Califórnia, o deputado Tom Ammiano apresentou um projeto legislativo para tirar o estado do buraco e levar aos cofres públicos, todos os anos, 1,3 bilhão de dólares. O projeto contempla o monopólio estatal para a venda de maconha, com o tabelamento do preço do cigarro canábico a 1 dólar norte-americano.
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