O mal que levou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a ser internado na madrugada da última quinta-feira - recebendo alta horas depois - não tem cura, mas pode ser controlado. A hipertensão é um problema relativamente comum entre os brasileiros, atingindo cerca de 30% da população adulta, de acordo com Décio Mion, chefe da Unidade de Hipertensão do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Não existe um perfil típico de paciente com hipertensão, afirmam os médicos. No entanto, alguns fatores, além da influência genética, explicam a doença. "Pessoas com sobrepeso, que apresentam uma dieta desregrada e que fazem uso abusivo do sal tendem a desenvolver a hipertensão", explica Marcos Knobel, cardiologista e coordenador da unidade coronariana do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo. A idade é outro importante fator de risco. "Atualmente, cerca de 50% das pessoas em torno dos 50 anos no Brasil têm pressão alta", destaca Décio Mion.
Os especialistas esclarecem que a internação de Lula, ocorrida em Recife (PE), não foi resultado de um simples quadro de hipertensão. Na verdade, configura uma crise hipertensa - a pressão, que já era alta, subiu ainda mais e atingiu a taxa de 18 por 12. Depois dos primeiros atendimentos, os médicos atribuíram a crise ao stress, temperado por uma agenda cheia e combinado com uma gripe mal curada.
Segundo Knobel, esses são os fatores mais comuns num quadro de crise. "O stress, o abuso do sal, um quadro infeccioso e uso de medicamentos inapropriados para hipertensos são as razões recorrentes", afirma o especialista. Mion acrescenta mais causas que podem afetar os hipertensos em geral, como a suspensão da medicação que controla a pressão e a ingestão excessiva de bebidas alcoólicas.
Uma vez detectada, a hipertensão pode ser tratada com medicamentos. No entanto, os médicos alertam que é preciso, também, agir sobre as causas da doença. "Tenho pacientes que tiveram a pressão alta controlada apenas com redução do stress, perda de peso e adoção de regime e atividade física. Assim, não precisaram fazer uso de medicamentos", conta Knobel.
Quando assumiu a Presidência, Lula foi alertado sobre seu sobrepeso, que, em 2003, agravava sua bursite - inflamação no ombro que o acompanha há décadas. Aconselhado pelos médicos, colocou em prática uma dieta para emagrecer, que incluía a restrição de alimentos gordurosos e a prática de exercícios físicos diários sob a orientação de um personal trainer.
O Ministério da Saúde alerta que a hipertensão arterial, quando não controlada, pode acarretar derrames, doenças do coração - como infarto, insuficiência cardíaca e angina (dor no peito) -, insuficiência renal ou até falência dos rins, além de alterações na visão que podem causar cegueira. Por isso, é fundamental prevenir e controlar a doença.
Fonte: VEJA Saúde
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