A prefeita Marta Regina Goss (PSDB), de Bocaina do Sul, na Serra Catarinense, presa em flagrante na noite de sexta-feira pela Polícia Federal (PF), teria exigido dinheiro de dois médicos para manter o cargo deles em um hospital no município. A informação foi repassada pela delegada Grazziella Tissiani, em entrevista coletiva na tarde deste sábado, na sede da PF, em Lages. Há alguns dias, um médico que trabalha no Hospital São José, de Bocaina do Sul, procurou a PF em Lages para denunciar que a prefeita exigia dele e de outro médico, funcionário da mesma instituição, R$ 2,5 mil de cada um por mês, em troca do "esforço" para mantê-los nos cargos, uma vez que o município repassa verbas ao hospital. Segundo a delegada, a prática ocorria há quatro meses, e o dinheiro era entregue diretamente à prefeita, sem o envolvimento de outras pessoas no esquema.
Com a informação de que na noite de sexta-feira seria feito o pagamento de mais uma parcela dos dois profissionais, a PF conseguiu uma medida cautelar junto ao Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), devido ao foro privilegiado da prefeita, e montou uma operação para tentar flagrá-la. O encontro entre o médico denunciante e a prefeita ocorreu na casa dele, em Bocaina do Sul, e, por volta das 22h, quando estava com os R$ 5 mil no bolso do casaco, Marta Goss foi abordada pelos agentes e recebeu voz de prisão. Ela não reagiu, manteve a calma, não precisou ser algemada e foi conduzida à delegacia da PF, em Lages, onde foi autuada em flagrante pelo crime de concussão (exigir vantagem indevida em razão do cargo), previsto no artigo 316 do Código Penal Brasileiro, com pena de dois a oito anos de reclusão. Como o crime é inafiançável no ato do flagrante, Marta foi para a cadeia. Por falta de vagas em Lages e na superintendência da PF, em Florianópolis, ela foi para a ala feminina do presídio de Rio do Sul, no Alto Vale do Itajaí, à disposição da Justiça.
— O crime está provado, pois o dinheiro estava no casaco dela e os dois médicos, apesar de apenas um ter feito a denúncia, confirmaram que a prefeita exigia R$ 2,5 mil de cada um por mês. A princípio, temos 10 dias para concluir o inquérito, que será encaminhado ao TJSC devido ao foro privilegiado da prefeita —, disse a delegada.
Fonte: Diário Catarinense
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