Georges Albert Édouard Brutus Gilles de la Tourette (Saint-Gervais-les-Trois-Clochers, 30 de outubro de 1857 — Lausanne, 26 de Maio de1904) foi um médico francês, epônimo da síndrome de Tourette, um transtorno neurológico.
Em 1873, com 16 anos, iniciou seus estudos na faculdade de medicina de Poitiers. Mudou-se depois para Paris, onde foi interno de Jean-Martin Charcot, diretor do Hospital da Salpêtrière, em 1884. Em seguida foi chefe da clínica de Charcot, de 1887a 1889, e depois membro da equipe de Fulgence Raymond, o sucessor de Charcot na Salpêtrière.
Gilles de la Tourette estudou a histeria, os aspectos médicos e legais do mesmerismo, e lecionou psicoterapia. Em 1884, descreveu, em nove pacientes, os sintomas da síndrome que denominou maladie des tics convulsifs ("doença dos tiques convulsivos") e que Charcot renomearia "doença de Gilles de Tourette" em sua honra.
Membro da chamada Escola da Salpêtrière, Gilles de la Tourette sempre compartilhou inteiramente das idéias de Charcot, seja com relação à hipnose, seja quanto à histeria. Publicou um artigo sobre a histeria no Exército Alemão (que enfureceu Otto von Bismarck) e um outro sobre as condições anti-higiênicas nos hospitais flutuantes do rio Tâmisa. Em colaboração com Gabriel Legué, analisou as observações feitas pela Madre Jeanne des Anges sobre o seu próprio caso de histeria, cuja origem teria sido o seu amor não correspondido pelo padre Urbain Grandier - posteriormente acusado de bruxaria e queimado vivo.
Nos últimos anos de sua vida, porém, Gilles de la Tourette sofreria uma série de reveses. Em 1893 (ou 1896), pouco depois da trágica morte do seu filho e do professor Charcot, uma jovem paranóide, antiga paciente da Salpêtrière, deu-lhe um tiro na cabeça, dentro do seu consultório, depois de acusá-lo de tê-la hipnotizado contra a sua vontade - o que os especialistas garantem ser impossível. Gilles de la Tourette sobreviveu a esse ataque, mas o bizarro episódio deu origem a um rumoroso processo que parecia, à primeira vista, endossar a tese, defendida pela Escola de Nancy, de que os indivíduos podem ser movidos ao crime, sob sugestão hipnótica - tese que Gilles de la Tourette sempre rejeitara veementemente. Extremamente abalado, Gilles de la Tourette começou a oscilar entre crises de depressão e acessos hipomaníacos. Entretanto, continuava a dar conferências sobre literatura, mesmerismo e teatro até por volta de 1902, quando seu estado mental se agrava. Ele é demitido do seu posto de trabalho e internado em uma clínica psiquiátrica de Lausanne, onde morre a 26 de Maio de 1904.
Apesar da relevância de suas realizações, a morte de Gilles de la Tourette suscitou apenas a publicação de um relato biográfico incompleto, feito por seu amigo Paul Le Gendre, e de alguns obituários pouco informativos.
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