"Quereis ser médico, meu filho? Esta é a aspiração de uma alma generosa, de um espírito ávido de ciência.
Tens pensado bem no que há de ser a tua vida?"

- Esculápio -

sábado, 14 de maio de 2011

A Divina Comédia, de Dante - O Inferno

No clássico da literatura “A Divina Comédia”, o italiano Dante Alighieri viajou pelos nove andares do inferno – descendo de Jerusalém até o trono de Lúcifer. Esta viagem, tão tétrica quanto célebre, está resumida a seguir.

A jornada começa numa selva escura e cheia de feras, na periferia de Jerusalém, onde Dante encontra o espírito de Virgílio, que se dispõe a ser seu guia. Na entrada do inferno, sem portas nem cadeados, há uma advertência: “Deixai toda a esperança, ó vós que entrais!”Indecisos e covardes não podem ir para o céu e nem para o inferno, agonizando na Antessala do Mal: picados por enxames de vespas, eles correm sem parar. O sangue que sai das picadas mistura-se a lágrimas e escorre até os pés, que são roídos por vermes.
Os condenados cruzam o rio Aqueronte, pantanoso e cinzento, conduzidos por Caronte, o barqueiro dos mortos na mitologia grega. “Almas ruins, vim vos buscar para o castigo eterno!”, anuncia, descendo o remo nos que hesitam em embarcar. Começa a descida pelos nove círculos infernais!
1º Círculo: Limbo
Aqui não há sofrimento nem lamentação: apenas suspiros e desesperança. Este é o lugar das almas que, em vida, foram virtuosas, mas que tiveram o infortúnio de não ser batizadas. Os que viveram antes de Cristo também habitam o limbo.
2º Círculo: Luxuriosos
O monstro Minós dá as boas vindas enrolando a cauda no corpo dos pecadores – o número de voltas do imenso rabo indica o círculo que o condenado vai habitar. Neste nível, os que pecaram por luxúria são jogados de um lado para outro por fortes redemoinhos.
3º Círculo: Gulosos
Os glutões ficam afundados na lama, sem poder falar com os vizinhos, e são açoitados por uma chuva de neve e granizo. Para piorar, sofrem com a assombrosa presença de Cérbero, o cão de três cabeças da mitologia grega, que os morde sem dó.
4º Círculo: Avarentos e Esbanjadores
Quem foi pão-duro demais ou gastou além da conta fica por aqui. Numa analogia à roda da fortuna, a pena de quem não soube lidar com as finanças é passar a eternidade rolando grandes e pesadas pedras e colidindo uns com os outros.
5º Círculo: Irados e Rancorosos
O suplício de quem não controlou a raiva é viver mergulhado na lama nojenta do rio Estige. Lá, os irados ficam batendo, chutando e mordendo uns aos outros. No fundo do rio, os rancorosos, que nunca externaram sua ira, suspiram borbulhas fedorentas.
6º Círculo: Hereges
Atrás das muralhas da “Cidade da Dor Eterna”, os que não acreditaram na existência de Deus queimam em brasa dentro de tumbas abertas. Aqui fica a fronteira entre os pecados cometidos sem intenção e os executados conscientemente.
7º Círculo: Violentos
Assassinos, tiranos e assaltantes levam flechadas no rio de sangue fervente. Na floresta, suicidas viram plantas devoradas por harpias, enquanto blasfemos, sodomitas e agiotas se “refrescam” na chuva eterna de brasas, em pleno deserto.
8º Círculo: Fraudadores
São dez valas circulares, uma mais profunda que a outra, onde são punidos os enganadores – de ladrões a bajuladores. Eles levam surras de demônios chifrudos, são enterrados de cabeça para baixo, fervem na lava e são picados por cobras.
9º Círculo: Traidores
No fundo do inferno, ficam os que cometeram o pior dos crimes: a traição. Eles mergulham num lago congelado, chamado Cócito, ficando só com a cabeça e o tronco de fora. Os queixos batem de frio e suas lágrimas congelam, levando-os ao desespero.
Trono do Inferno
No centro do 9º círculo o próprio Lúcifer se encarrega de torturar os que traíram os seus benfeitores. Ele tem três cabeças, e em cada boca tritura um traidor: Judas – que traiu Jesus –, Brutus e Cássio – traidores de imperadores romanos.

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