Definição
O Autismo é considerado como um transtorno global do neurodesenvolvimento que compromete a criança em múltiplos aspectos do seu comportamento e de suas habilidades cognitivas, cujas características principais incluem:
O Autismo é considerado como um transtorno global do neurodesenvolvimento que compromete a criança em múltiplos aspectos do seu comportamento e de suas habilidades cognitivas, cujas características principais incluem:
a- dificuldades na sociabilidade;
b- atraso no desenvolvimento da linguagem;
c- comportamentos compulsivos ou ritualísticos.
Estes comportamentos genericamente descritos podem expressar-se com diversos matizes, com maior ou menor intensidade, e vão compor as características clínicas que são peculiares de cada caso, constituindo o que atualmente se considera o “Espectro Autista”. Esta nova postura conceitual tem permitido a identificação de casos sutis nos quais as características descritas estão mais discretamente alteradas. Dentro desse contexto, a determinação do diagnóstico exige a atenção de profissionais experientes. A difusão de informações mais detalhadas para os pais sobre como se processam aqueles aspectos do desenvolvimento e sinalizando possíveis desvios, permitirá sensibilizá-los na observação de seus filhos, podendo assim buscar os recursos adequados para corrigi-los.
Estes comportamentos genericamente descritos podem expressar-se com diversos matizes, com maior ou menor intensidade, e vão compor as características clínicas que são peculiares de cada caso, constituindo o que atualmente se considera o “Espectro Autista”. Esta nova postura conceitual tem permitido a identificação de casos sutis nos quais as características descritas estão mais discretamente alteradas. Dentro desse contexto, a determinação do diagnóstico exige a atenção de profissionais experientes. A difusão de informações mais detalhadas para os pais sobre como se processam aqueles aspectos do desenvolvimento e sinalizando possíveis desvios, permitirá sensibilizá-los na observação de seus filhos, podendo assim buscar os recursos adequados para corrigi-los.
Características
O termo “autismo” corresponde à tendência do individuo isolar-se, distanciar-se da relação com o outro, sendo esta a característica mais destacada nos sintomas.A idade de início do quadro autista é variada; em geral ocorre nos primeiros dois anos da criança; mas pode ser observada precocemente, já no 2º semestre de vida, expressando-se por irritabilidade, choro, dificuldades alimentares e uma peculiar fugacidade na relação pelo olhar, sendo o contato visual ocasional e pouco persistente, sem conteúdo afetivo.Nos meses que se seguem esta dificuldade na interação com o outro vai se tornando mais evidente; a criança anda pela casa, mostra interesse limitado por alguns objetos, fixa-se por pouco tempo numa atividade, logo busca outra, sem estabelecer uma relação funcional com os brinquedos. Com estes realiza muitas vezes movimentos repetitivos, de vai e vem por exemplo com carrinhos, ou de produção sonora. Não brinca com as outras crianças ou mesmo com familiares, prefere ficar só, em silêncio, às vezes deitado e com o olhar vagando sem finalidade. Uma brincadeira comumente observada e repetida é a de enfileirar ou empilhar pequenos objetos (tampinhas, cubinhos).
A intolerância à frustração é notória. Desencadeiam-se birras enormes se contrariadas, jogando-se ao chão, esperneando e chorando compulsivamente. A linguagem desenvolve-se precariamente, observando-se desde mutismo acentuado, sem emissão de qualquer som, emissão de sons sem constituir palavras ou até uma forma de expressão particular e mais extensa, sem conteúdo aparente com característica de jargão. O desempenho da fala costuma ser restrito em idades nas quais seria esperado que tivesse uma produção maior e melhor elaborada, ao mesmo tempo, o volume, fluência, o ritmo e a entonação da fala estão alterados. O uso social, pragmático da linguagem estabelece-se de modo restrito, não sendo capaz de iniciar ou sustentar uma conversação.
A compreensão também se mostra prejudicada, não atendendo ao que é solicitado, parecendo não estar ouvindo, levando os familiares à consulta com a finalidade de realizar testes para a audição cujos resultados são normais. Com freqüência, os pais recorrem a tratamentos na área da linguagem, buscando contornar essa dificuldade, porém com progressos limitados. Poderão ser observados movimentos estereotipados como bater a cabeça, rodar em torno de si ou rolar no chão ou mesmo ficar balançando algum objeto ou as próprias mãos (chamado “flapping”). Os interesses são escassos; mostra preferência por atividades rotineiras, repetitivas, seguindo precisamente os detalhes já conhecidos e aborrecendo-se com as mudanças.
Incidência
A incidência tem sido reportada com índices variados, possivelmente decorrente dos critérios diagnósticos utilizados. A progressiva disseminação conceitual do espectro autista certamente tem influência nestes índices. Embora as cifras dos Transtornos Globais do Desenvolvimento (DSM-IV) indiquem que há de 4 a 5:10.000 indivíduos da população, os números mais recentes dão conta de uma incidência maior em torno de 9 a 14:10.000 considerando-se o espectro autista.
Causa
Os fatores psicogênicos (de origem psíquica) , genéticos e os orgânicos têm sido indicados como determinantes dos distúrbios autísticos. Os fatores psicogênicos destacam a importância da dinâmica familiar desde os momentos iniciais do desenvolvimento infantil, enfatizando a importância das vivências emocionais precoces na estruturação do psiquismo, inclusive no período pré-natal. A maior ocorrência em gêmeos monozigóticos traz um argumento ponderável em favor da participação genética. Entretanto podem ser observadas, com alguma freqüência, dificuldades emocionais severas entre os familiares de gêmeos, ocorrendo uma superposição do fator ambiental e genético. Ou seja, é possível que geneticamente algumas crianças nasçam com maior predisposição para desenvolver o comportamento autístico e que as condições do ambiente, determinadas pela dinâmica familiar em que estarão inseridas, favorecerá ou não o aparecimento daquele comportamento.
A Neurociência, com seus recursos de alta tecnologia, tem possibilitado atualmente investigar as crianças autistas com maior profundidade, buscando evidênciar alterações estruturais por meio da neuroimagem, bem como os progressos no conhecimento neurobiológico e a melhor compreensão da circuitação cerebral e da neuroquímica têm participado dos estudos para o esclarecimento dos aspectos causais das manifestações autistas. Em alguns casos verificamos a ocorrência de manifestações autistas associadas a anormalidades orgânicas decorrentes de complicações perinatais, como distúrbios metabólicos, traumáticos e infeciosos. A relação de causa e efeito necessita ser estabelecida cuidadosamente, evitando-se conclusões precipitadas.
O Autismo poderá manifestar-se acompanhando o desenvolvimento de alguns quadros sindrômicos sem que haja uma especificidade para tal, como a Síndrome do X-Frágil, Síndrome de Down, Esclerose Tuberosa, Síndrome Alcoólico-Fetal, Erros Inatos Metabólicos, ou manifestar-se em associação com comprometimento sensorial importante como nas deficiências visuais ou auditivas, isoladas ou conjuntas. Na Síndrome de Asperger, incluída nos Transtornos Globais do Desenvolvimento (DSM-IV), observa-se o comportamento autista associado a um melhor desempenho cognitivo e da linguagem. Entretanto, ficam evidentes as dificuldades no uso pragmático da linguagem e a competência interacional.
Prevenção
A orientação profilática para evitar a ocorrência de doenças genéticas é a realização de aconselhamento genético consistente quando houver familiares portadores deste tipo de problema, tanto para as síndromes malformativas como para as doenças metabólicas e degenerativas. As agressões orgânicas ao sistema nervoso vêm sendo prevenidas pela melhora do atendimento e pelos avanços tecnológicos postos em prática nas maternidades no período perinatal. Finalmente, seria de grande valor aos casais que planejam ter um bebê, que conhecessem como se dá o seu desenvolvimento, principalmente a aquisição cognitivo-emocional e saber a importância dos relacionamentos precoces com a criança. Mais especialmente, deverão ser alertados para o significado das relações do bebê com os seus primeiros cuidadores que são mãe e pai, para que se viabilize uma base estrutural neurobiológica consistente, que garanta suas aquisições futuras, mais especificamente do seu desenvolvimento emocional.
Tratamento
O tratamento implica em indicações de psicoterapias individuais psicanalíticas ou cognitivo-comportamentais com profissionais experientes. Deverá também ser encaminhada para atendimento fonoaudiológico, objetivando o desenvolvimento da linguagem, buscando neste espaço sempre o desenvolvimento interacional. Com o mesmo objetivo deverá freqüentar escola adequada, com classes de poucos alunos para que possa ter atenção individualizada, sendo os professores devidamente orientados pela equipe profissional especializada que auxiliará no planejamento das estratégias cotidianas da criança autista.
Algumas destas crianças beneficiam-se de medicamentos com a finalidade de auxiliar no controle das alterações comportamentais, melhorar sua disponibilidade de interesse e atenção e reduzir as estereotipias. Esta orientação deverá ser realizada por médico neurologista ou psiquiatra experiente, habituado a lidar com crianças que se apresentam dentro do espectro autista.
De fundamental importância é o trabalho de orientação e esclarecimento constante dos pais - cuja participação no processo de integração e remodelamento comportamental é essencial. Nestas circunstâncias, a Terapia de Casal ou de Família estará indicada, contribuindo para ancorar as ansiedades familiares e favorecendo a participação mais efetiva dos pais.
Prognóstico
O prognóstico é sempre reservado e depende de algumas variáveis. Quanto mais precoce o diagnóstico e melhor as condições de interação da criança, melhores serão as perspectivas. Ou seja, o diagnóstico realizado em torno dos 2 anos, acompanhado da presença de atitudes interacionais da criança são sinalizadores da possibilidade de melhor recuperação, podendo chegar a integrar-se numa comunidade de crianças normais futuramente.
Referências bibliográficas
- American Psychiatric Association. Diagnostic and Stastistical Manual of Mental Disorders (DSM-IV). 4rd ed. Washington, DC. The Association, 1991.
- Gadia A & Tuchman – Autismo. In: Diament A & Cypel S (ed) . Neurologia Infantil. São Paulo, Editora Atheneu, 2005.
- Rapin I – Autistic children: diagnosis and clinical features. Pediatrics 87:751,1991.
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