"Quereis ser médico, meu filho? Esta é a aspiração de uma alma generosa, de um espírito ávido de ciência.
Tens pensado bem no que há de ser a tua vida?"

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quinta-feira, 29 de março de 2012

Mais da metade dos cânceres é evitável, diz estudo

Mais da metade de todos os cânceres poderia ser evitada, afirmaram cientistas americanos em um estudo publicado na revista Science Translational Medicine, nesta quarta-feira. Para que a redução aconteça, argumenta o artigo, é preciso adotar estilos de vida mais saudáveis, baseados nos conhecimentos já públicos sobre como prevenir a doença.
Estudos científicos já demonstraram que muitos outros tipos de câncer também podem ser evitados com medidas relativamente simples. O HPV (papilomavírus humano) e a hepatite, que podem provocar câncer de colo do útero e de fígado, respectivamente, podem ser prevenidos com vacinas. O câncer de pele, um dos cânceres mais comuns (é o mais comum no Brasil), pode ser evitado com o uso de protetores solares ou simplesmente observando os horários corretos para se expor ao sol.
"A sociedade deve reconhecer a necessidade destas mudanças e levá-las a sério na tentativa de desenvolver hábitos mais saudáveis", afirmaram os pesquisadores. "É hora de começarmos a aplicar o que sabemos", disse a coordenadora do artigo, Graham Colditz, epidemiologista do Centro Oncológico Siteman da Universidade de Washington em St. Louis, Missouri.
Praticar exercícios, comer bem e não fumar são hábitos chave para evitar quase a metade das 577.000 mortes por câncer nos Estados Unidos previstas para este ano, um número superado apenas pelas doenças cardíacas, acrescentou o estudo. No Brasil, segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), serão 520.000 casos em 2012.
Mas os especialistas destacaram uma série de obstáculos para as mudanças de hábito em uma sociedade na qual, segundo estimativas, foram diagnosticados mais de 1,6 milhão de casos de câncer este ano. Entre os percalços, destacaram o ceticismo de que o câncer pode ser evitado e o hábito de intervir tarde demais para deter ou prevenir um tumor maligno já instalado.
Além disso, grande parte das pesquisas sobre o câncer se concentra no tratamento em vez da prevenção, e tende a ter uma visão de curto prazo em vez de um enfoque de longo prazo. "Os seres humanos são impacientes e esta característica humana, em si, é um obstáculo para a prevenção do câncer", ressaltou o estudo.
As grandes diferenças de renda entre as classes sociais altas e as baixas, que fazem com que os pobres tendam a ficar mais expostos a fatores de risco do que os ricos, complicam ainda mais o panorama. "Assim como nos outros países, a estratificação social nos Estados Unidos exacerba as diferenças de estilo de vida, como o acesso a cuidados de saúde, a prevenção especial e os serviços de detecção precoce", destacou o estudo. "As mamografias, os exames de cólon, o apoio para a dieta e a nutrição, os recursos para parar de fumar e os mecanismos de proteção solar simplesmente estão menos disponíveis para os pobres", acrescentaram os pesquisadores.
Ainda assim Colditz apontou o sucesso de alguns programas, como o que ajudou a eliminar de forma relativamente rápida a gordura trans dos alimentos nos EUA e o declínio no número de fumantes após a adoção de leis que restringiram o consumo de tabaco. No Brasil foi observado fenômeno semelhante. O número de pessoas que fumam dois ou mais maços de cigarro por dia na cidade de São Paulo caiu 31% entre 2009 e 2010, depois que a lei antifumo foi promulgada.
Fonte: VEJA Saúde

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