Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que a falta de médicos é o principal problema do Sistema único de Saúde (SUS). A pesquisa, divulgada nesta quarta-feira, revela a percepção da população sobre os serviços prestados pelo SUS. Foram ouvidas 2.773 pessoas de todas as regiões do país entre os dias 3 e 19 de novembro do ano passado.
O estudo aponta que 57,9% dos entrevistados que usaram ou acompanharam familiares para atendimento no sistema público de saúde nos 12 meses anteriores à pesquisa indicaram a falta de médicos como o problema mais grave do SUS. Já entre as pessoas que não utilizam o sistema público, 58,8% apontaram a falta de médicos como principal deficiência. A demora no atendimento ficou em segundo lugar, indicada como principal problema por 35,9% dos usuários do SUS, contra 32,8% para quem não utiliza o serviço. A terceira maior deficiência mostrada pelo Ipea foi a demora para conseguir uma consulta com especialista; apontada por 34,9% dos que utilizaram ou acompanharam familiares e por 28,9% dos que não são usuários do SUS.
O estudo aponta que 57,9% dos entrevistados que usaram ou acompanharam familiares para atendimento no sistema público de saúde nos 12 meses anteriores à pesquisa indicaram a falta de médicos como o problema mais grave do SUS. Já entre as pessoas que não utilizam o sistema público, 58,8% apontaram a falta de médicos como principal deficiência. A demora no atendimento ficou em segundo lugar, indicada como principal problema por 35,9% dos usuários do SUS, contra 32,8% para quem não utiliza o serviço. A terceira maior deficiência mostrada pelo Ipea foi a demora para conseguir uma consulta com especialista; apontada por 34,9% dos que utilizaram ou acompanharam familiares e por 28,9% dos que não são usuários do SUS.
A falta de médicos e a demora no atendimento também são reclamações constantes de usuários do SUS em Santa Catarina.Na Grande Florianópolis, as filas para atendimento são frequentes no setor de emergência do Hospital Regional de São José, um dos maiores hospitais públicos de Santa Catarina. Com o pé engessado por conta de um acidente de moto, a vendedora Ariane Lavarda, de 20 anos, esperava havia 3 horas pela consulta de retorno com um ortopedista.
— Na primeira consulta foi difícil, cheguei no hospital às 15 horas e só fui atendida pelo ortopedista às 23 horas. É muita gente para pouco médico, toda hora eu vou ali no balcão perguntar se falta muito para ser atendida, eles me disseram que só tinha um ortopedista, agora há pouco é que chegou mais um — reclamou.
O casal Gleizer Priscila dos Prazeres, 24 anos, e Flávio Moura Filho, 29 anos, estava havia três horas na emergência do Hospital Regional esperando por atendimento, na tarde de ontem. Flávio queixava-se de dores no corpo e dificuldades para respirar. Impacientes, eles contam que já estão acostumados com a demora no atendimento.
— Quando vamos ao posto de saúde de Forquilhinhas, onde moramos, eles dizem que não tem médico, por isso viemos para cá. E aqui é a mesma história de sempre, ficamos horas esperando — disse Gleizer.
A auxiliar de produção conta que há alguns dias procurou a emergência do hospital pois estava com dores no útero por conta de um aborto sofrido havia um mês.
— Cheguei aqui às 8 horas e só fui atendida às 18 horas. A gente que depende do SUS é muito maltratado, é um descaso com a população— desabafou Gleizer.
De acordo com o presidente da Associação Catarinense de Médicos (ACM), Genoir Simoni, o maior entrave para a saúde pública no Brasil é a má distribuição dos médicos. Um levantamento feito no ano passado por entidades médicas nacionais e estaduais aponta que a natalidade médica no país (quantidade de médicos que se formam) foi de 27% na última década, enquanto o crescimento populacional foi de apenas 12% no mesmo período.
— Não há falta de médicos em si, o problema é a má distribuição dos profissionais. — afirmou Simoni.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a existência de um médico para cada mil habitantes. A média nacional é de um médico para 578 pessoas, de acordo com o levantamento feito pelo CFM em maio de 2010. Já em Santa Catarina, essa proporção chega a 300 habitantes por médico, na região da capital, e uma média de 700 habitantes por médico em alguns municípios do interior do estado. Entretanto, embora as médias nacional e estadual sejam superiores ao que indica a OMS, o serviço público apresenta carência de profissionais em diversas especialidades.
— A falta de médicos no SUS ocorre devido aos salários baixos, falta de atrativos, falta de concursos públicos e más condições de trabalho — afirma o presidente da ACM.
Para ele, o governo deveria adotar políticas de saúde para a interiorização do trabalho médico, além de criar um plano de carreira para os profissionais do Estado.
Ingrid dos Santos - Diário Catarinense
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