Parar de fumar, na maioria das vezes, requer, além de iniciativa e vontade, tratamentos paralelos que ajudem a combater a dependência química da nicotina. A maneira de se livrar do cigarro, porém, não é a mesma para homens e mulheres. A relação de dependência do tabaco, nos homens, é muito mais racional que para as mulheres. Nelas, o vicio é uma compensação emocional e está diretamente ligado a ansiedade e insegurança. Segundo a cardiologista do Hospital do Coração e membro do comitê antitabaco da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Silvia Cury, o cigarro, para o homem, é uma ferramenta para combater o estresse. Nas mulheres, o vínculo emocional é mais intenso: alivia a angústia, insegurança e a ansiedade. A especialista alerta que por essas razões, o tratamento do público feminino, muitas vezes, requer a combinação de medicação especifica, uso do adesivo de nicotina e terapia. “Os homens se dão melhor com o tratamento a base de adesivo de nicotina. A relação deles com a dependência está relacionada, normalmente, com o estresse. Na mulher, essa ligação é mais profunda e emocional. Elas regem melhor a medicação, adesivo e acompanhamento médico.”
O remédio dado durante o processo requer abstinência de álcool. Silvia explica que embora a medicação funcione bem no público feminino, as mulheres reagem negativamente à proibição da bebida. Nos homens, esse impeditivo é mais bem aceito.
“Pra cada paciente temos uma avaliação específica. Usamos a medicação associada ao adesivo nas mulheres porque ela controla bem a ansiedade que a falta da nicotina provoca, mas muitas delas não querem ficar sem beber durante o tratamento.”
Os efeitos da falta do cigarro também apresentam diferenças pontuais entre os gêneros. A especialista revela que as mulheres costumam ficar mais desanimas, apáticas. No homem, esses sintomas dificilmente aparecem. Na matemática feminina, antigamente, parar de fumar resultava, invariavelmente, em quilos a mais na balança. Silvia comenta que o mito ainda existe, mas não é mais um dos impeditivos para iniciar o tratamento. “Esse medo ainda é real, mas menos comum. As pessoas estão vendo que não existe correlação. A ansiedade da falta de nicotina pode provocar uma compensação na comida, mas isso não é um efeito colateral.”
O paralelo entre gordura e o tabaco foi gerado, segundo a médica, por conta da dieta do cigarro. Silvia procura orientar as pacientes a não substituir a nicotina pela refeição.“Engordar entre três a cinco quilos durante o tratamento, que pode durar de três meses a um ano, é normal do ponto de vista médico. Para quem utilizou o cigarro como moderador de apetite é ainda mais comum que isso ocorra, mas não é regra.”
Se a gordura fosse uma conseqüência imediata, os fumantes que pararam com o vicio por um tempo e retomaram meses depois, deveriam emagrecer, contesta a especialista. “Não existe relação direta. Se o cigarro não emagrece, não é possível que engorde.”
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