Um novo estudo acaba de colocar em xeque teorias prévias sobre a esclerose múltipla. Segundo pesquisadores americanos, não há evidências concretas que suportem a teoria de que a doença seja causada pelo estreitamento dos vasos sanguíneos no cérebro. Por isso, as cirurgias para abrir esses vasos seriam desnecessárias e não recomendadas.
No estudo, publicado no periódico médico Archives of Neurology, a equipe de Ellen Marder, do centro médico de veteranos de Dallas, revisou a literatura atual sobre os estreitamentos dos vasos, condição chamada insuficiência venosa cérebro-espinhal crônica (CCSVI, sigla em inglês). Eles não conseguiram encontrar nenhum dado convincente que sugeria que o estreitamento dos vasos estivesse por trás do desenvolvimento da esclerose múltipla. Com base apenas nessa descoberta, Ellen afirma que os pacientes com a doença não devem se submeter a cirurgias para abertura dos vasos.
Em outro estudo, a equipe descobriu que pessoas com esclerose múltipla não são mais suscetíveis a sinais de CCSVI em exames de ultrassom, quando comparadas a pacientes que não têm a doença. Segundo os pesquisadores, esses achados colocam em dúvida se o estreitamento dos vasos teria realmente algum papel preponderante na esclerose múltipla.
Na pesquisa publicada no Archives of Neurology, a equipe resume brevemente a história da relação sugerida entre a esclerose múltipla e a insuficiência venosa cérebro-espinhal crônica. Em 2009, pesquisadores italianos indicaram que pessoas com esclerose múltipla eram mais suscetíveis a um estreitamento das veias que correm do cérebro e da espinha para o coração. Os médicos, então, começaram a propor uma correção da situação por meio de cirurgias para aliviar os sintomas da doença – problemas de equilíbrio e de movimento.
Os estudos mais recentes, no entanto, não conseguiram demonstrar claramente se as pessoas com esclerose múltipla são realmente mais suscetíveis ao CCSVI que as demais. Eles não provaram também que cirurgias para abertura dos vasos poderiam, de fato, trazer algum benefício.
Na pesquisa atual, a equipe de Ellen Marder realizou exames de ultrassom no cérebro de 18 pessoas com esclerose múltipla (todos veteranos americanos) e em 11 pessoas da mesma idade e sexo que não tinham a doença (grupo controle). Nos testes, eles procuraram sinais de CCSVI, incluindo a carência de fluxo sanguíneo nas veias da cabeça e do pescoço, assim como um estreitamento dessas veias.
Quatro pacientes com esclerose múltipla tiveram um desses sinais. Mas quatro pessoas no grupo controle também apresentaram os sinais. “Não acreditamos que o CCSVI seja a causa da esclerose múltipla”, diz Ellen. “Não recomendaríamos a nossos pacientes que fossem testados para procurar esses sintomas ou que seguissem quaisquer recomendações baseadas nesse tipo de teste.”
Fonte: Agência Reuters
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