Uma pesquisa feita nos
Estados Unidos mostrou que as complicações de saúde causadas pelo tabagismo
após um procedimento cirúrgico contribuem de forma significativa para o aumento
dos gastos dos hospitais no país. Segundo o levantamento, publicado na edição
de junho do periódicoJournal of the American College
of Surgeons, problemas respiratórios apresentados por um
fumante após uma operação são os principais responsáveis por esse aumento.
De acordo com Aparna
Kamath, professora da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, e coordenadora
do estudo, estima-se que 30% de todos os pacientes que precisam passar por um
procedimento cirúrgico sejam fumantes.
A equipe de Kamath
analisou 14.853 pacientes que haviam se submetido a um procedimento cirúrgico
em um período de um ano. Dessas pessoas, 34% eram fumantes atuais, 39% eram
ex-fumantes e não fumavam há pelo menos um ano quando a operação aconteceu, e
27% não eram fumantes. Os pesquisadores também observaram os custos
hospitalares dos centros médicos em três áreas: nos procedimentos cirúrgicos,
nas operações que precisaram ser feitas após 30 dias da alta de um paciente e
nos gastos com as internações.
O estudo concluiu que os gastos com pacientes
fumantes eram maiores do que com não-fumantes, e o aumento dos custos se deveu
principalmente a complicações respiratórias causadas pelo tabagismo após um
procedimento cirúrgico.
Além disso, os resultados indicaram que os
gastos totais de internação foram 4% maiores quando o paciente era fumante em
comparação com pacientes que nunca haviam fumado — porcentagem que se traduziu
em cerca de 900 reais a mais para cada pessoa que passou por um procedimento
cirúrgico. Quando a complexidade da operação era maior, essa diferença aumentou
para 6%. No entanto, essa diferença nao foi significativa quando os
pesquisadores compararam ex-fumantes e não-fumantes.
Para Kamath, embora esses resultados não
tenham sido uma surpresa para a equipe, ajudam a reforçar a necessidade de
intervenções antitabagistas antes de um procedimento cirúrgico. "Os
médicos devem encorajar os pacientes a parar de fumar antes de serem operados
para que não tenham complicações respiratórias após a cirurgia", diz a
pesquisadora, que ressalta que mesmo períodos curtos de abstinência de cigarro
já são benéficos para a saúde.
"Embora nossa pesquisa não aborde
diretamente essa questão, as evidências sugerem que parar de fumar antes de uma
operação, mesmo de quatro a seis semanas antes do procedimento, melhora os
resultados pós-operatórios e diminui as complicações nos pacientes",
afirma.
Brasil — Uma pesquisa feita em
2010 na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostrou que, em 2005, 27,6% dos gastos
do Sistema Único de Saúde (SUS) com procedimentos relacionados ao câncer e a
doenças do aparelho circulatório e respiratório estavam relacionados ao tabagismo.
Esse número se traduziu, naquele ano, em quase 340 milhões de reais.
Essa pesquisa, publicada nos Cadernos de Saúde Pública,
também indicou que o tabagismo correspondeu a 7,7% dos custos totais do SUS em
procedimentos de quimioterapia em todas as patologias. Além disso, entre todas
as internações oferecidas pelo SUS naquele ano, 35,9% entre os homens e 27%
entre as mulheres puderam ser atribuídas ao tabagismo.
De acordo com dados da Vigilância de
Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por
Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2011, o número de fumantes está em queda no
Brasil. O porcentual de fumantes passou de 16,2%, em 2006, para 14,8%, em 2011.
Os homens ainda fumam mais (18,1%) do que as mulheres (12%), mas são eles que
lideram a redução do hábito: 25% dos homens declararam serem ex-fumantes.
Fonte: VEJA Saúde